domingo, dezembro 30, 2018

Bangse: o homem que conversou com Deus (Sua Vida irá mudar após ler os três livros da trilogia)

Prezados!!!

Atendendo a pedidos vamos publicar aqui o primeiro livro "Bangse: o homem que conversou com Deus" da trilogia

As pessoas que tiverem interesse em abrir os horizontes leiam este livro...

BANGSE: O HOMEM QUE CONVERSOU COM DEUS
  
SINOPSE

De certo, uma existência singular, determinaria uma eterna monotonia de acontecimentos eternamente pré-existentes. E, isso de certa forma é instigante, maçante, pouco interessante, cansativo, exaustivo e potencialmente mórbido e angustiante.


Isso seria o caos podre, existir eternamente da mesma forma e do mesmo jeito, viver e morrer, viver e morrer, de cara a cara com o objeto até cara a cara com o objeto. Serie este o destino de quem existe e pensa? Seria este o destino consagrado, registrado e carimbado autorizando nossa existência? Meu “Deus” cadê vós? Não suportaríamos em existirmos eternamente sem modificação, sem mudanças, sem livre arbítrio para sermos o que queremos.


Diante de tal situação esta é a história de alguém que procurou Deus até encontrá-lo.


Tudo inicia com a seguinte frase: “Tudo acontece a todos os instantes no espaço de acordo com a distancia do observador”. Isto porque quanto maior a proximidade com o objeto mais no presente estará, quanto mais longe, se encontrará no passado.


Imagine você na terra olhando você do espaço... Como espectador: quanto mais se aproximar, mais no presente estará vendo; e quanto mais longe, mais no passado. Se distanciar mais verá você pequeno, mais verá você bebê, mais os seus antepassados e mais a pré-história. Se isso fosse possível seria algo fantástico. Ver o passado, no exato momento do presente, ver tudo num simples distanciar e aproximar. Tudo num vai e vem quantas vezes forem necessárias.


Porém, aqui, surgem duas perguntas: é possível modificar o passado? Se for como ficaria o presente após esta modificação? Eis perguntas impossíveis de serem respondidas, mas admissíveis.


Por enquanto esquecemos tais questões e pensemos em ver até as formações dos planetas, antes do próprio planeta “Terra” existir, antes da vida em nosso planeta. Voltemos mais e veremos o Big-Bang (onde tudo começou). Até aqui tudo bem... Vamos além: antes do Big-Bang. O nada, o nirvana... Diante do nada como apareceu uma explosão que gerou o presente até o momento em que estou escrevendo tais “babaquices”. Daí a necessidade de voltarmos a nossa frase inicial e pensarmos que diante do nada existia o tudo num eterno Big-Bem... Uma existência em círculos tridimensionais em que tudo acontece eternamente em diferentes locais do espaço de acordo com a distancia do observador.


A principal questão estaria então no presente cara a cara com o objeto, como ultrapassá-lo? Como ver além do objeto? Talvez não possamos ver além do objeto... Apenas voltar até o presente... Então onde estaria o futuro?


Usando este raciocínio o futuro esta no passado depois do cara a cara com o objeto. Isto explicaria estarmos o tempo todo materialmente no presente, já que tanto o passado quanto o futuro estão distantes do presente em algum lugar do passado.


Se colocarmos uma ordem cronológica na existência, então estaríamos diante de um paradoxo em que futuro e passado se encontram e se distanciam segundo o observador. Separados unicamente pelo observador no presente. No exato momento “cara a cara” com o objeto. Estaria diante de um fenômeno que denominarei “presente farsante”. No presente farsante encontra-se “o eu” no passado olhando “o eu” no futuro. Porém, não olhando além do objeto e sim além do passado, passando pelo futuro, até o momento presente em questão, do “cara a cara” com o objeto.


NOS FINAIS DOS TEMPOS, EXISTE APENAS O NADA... UMA IMENSIDÃO DE VAZIO... CONTRAPONDO COM UMA ÚNICA SEMENTE... UMA SEMENTE QUE CONTÉM A MASSA DE TODA UMA EXISTÊNCIA DO UNIVERSO.


BANGSE: O HOMEM QUE CONVERSOU COM DEUS

Rafael, sete anos, filho único, garoto vivo, esperto, curioso, mas como toda criança do séc. XXI gostava de vídeo games e televisão. Gostava de usar shorts e camiseta, usava calças nos finais de semana quando ia a Igreja Católica com os pais. Usava o uniforme da escola nos dias de semana e tirava-os por recomendação da mãe. Filho de Isaura, uma jovem do lar e Madeira (como era conhecido pelo sobrenome), que tinha como profissão eletricista de manutenção em uma empresa poucos quilômetros da sua casa.


A mãe, Isaura descendia de imigrantes italianos. Os avós de Isaura vieram para o Brasil no inicio do séc. XX. Didaticamente falando, “imigrar“, significa entrar em um país que não é o seu de origem, mudando-se para ali vivendo ou passando um período de sua vida. Historicamente, podemos considerar o início da imigração no Brasil no ano de 1530, pois a partir deste momento os portugueses descobriram o Brasil e passaram a dar início ao plantio de cana-de-açúcar. Mas seria a partir de 1818 que a imigração intensificou, com a chegada dos primeiros imigrantes não-portugueses, que vieram para cá durante a regência de D. João VI. Um país de território abençoado e de grandes proporções atraia imigrantes que chegavam para o plantio de café; com isto, o séc. XIX marcara uma época de desenvolvimento do país.


Em busca de oportunidades, para o Brasil não vieram apenas imigrantes italianos e portugueses. Assim, vieram também os suíços, que chegaram em 1819 e se instalaram no Rio de Janeiro (Nova Friburgo). Os alemães, vieram logo depois, em 1824, e foram para o Rio Grande do Sul (Novo Hamburgo, São Leopoldo, Santa Catarina, Blumenau, Joinville e Brusque). Os eslavos, originários da Ucrânia e Polônia, habitando o Paraná. Os turcos e os árabes se concentraram na Amazônia, os italianos de Veneza, Gênova, Calábria, e Lombardia, em sua maior parte vieram para São Paulo. Em seguida os japoneses, entre outros. A grande maioria de imigrantes vindos para o Brasil é de Portugal.


Entre os motivos pelos quais os imigrantes chegavam não era apenas porque tínhamos um grande território e uma terra abençoada para o plantio. Fora devido à abolição da escravatura em 1888. O governo brasileiro incentivou a entrada de imigrantes europeus em nosso território devido à falta de mão-de-obra qualificada, muitos desses, substituíram os escravos nas plantações. Com isso dezenas de várias nacionalidades desembarcavam nos portos brasileiros para trabalhar nas fazendas de café do interior de São Paulo, nas indústrias e na zona rural do sul do país. Desse modo, ocuparam os espaços no ramo cafeeiro, nas atividades artesanais, na policultura, na atividade madeireira, na produção de borracha, na vinicultura e até mesmo no comércio.


Já a imigração italiana especificamente ocorrida em São Paulo, fora intensificada quando o governo da província de São Paulo em 1886 encontrou um meio efetivo de fornecer um auxílio integral aos imigrantes. Porém, não foi o suficiente; foi somente em 1887, quando os fazendeiros se viram finalmente confrontados com fugas em massas de escravos e a ameaça de desordens maiores, que houve a substituição repentina da população de escravos, por imigrantes italianos. A política imigratória permaneceu essencialmente a mesma até a I Guerra Mundial. O programa de imigração permitiu aos fazendeiros paulistas não somente abolir a escravidão sem muitos incômodos, como também criar as condições para sustentar a expansão da produção cafeeira. O que praticamente fora favorecido, inicialmente, pelos altos preços do café. Com isso, o número de cafeeiros plantados em São Paulo praticamente triplicou entre 1888 e 1902, aumentou de 221 milhões para 685 milhões.


Entre os vários motivos da imigração italiana para São Paulo, também se encontra na coincidência do período crítico da economia italiana. A competição desigual de cereais norte-americanos, mais baratos nos mercados italianos, somada a contínuos apuros da agricultura italiana, criou uma pronta oferta de imigrantes desesperados. Durante os últimos anos da década de 1880, agentes do Brasil pululavam em Veneza e outras partes do Vale do Pó, estimulando e incentivando a vinda de inúmeros trabalhadores agrícolas para São Paulo; o que levaria inúmeros trabalhadores agrícolas a partirem para o Brasil. O que eles não sabiam é que no Brasil existia uma política para se obter mão de obra barata por parte dos cafeicultores; uma política de baixos salários. Os imigrantes chegavam de varias partes da Itália embarcando em Gênova até o Porto de Santos.


Assim, quando chegavam em São Paulo eram distribuídos nas diversas fazendas espalhadas pelo estado. Há relatórios da época de inúmeros casos de multas arbitrárias lançadas contra os colonos como método rápido para reduzir os seus salários. Os fazendeiros aplicavam confiscos diretos, pesos e medidas ilegais, além do mero não-pagamento de salários. Estes foram alguns mecanismos utilizados pelos fazendeiros com considerável freqüência para burlar os agricultores imigrantes. Para os imigrantes restava-lhes o cumprimento daquilo que os fazendeiros exigira. Isto porque quase todas as fazendas tinham o seu próprio bando de capangas, encarregados de executar as vontades do fazendeiro e fiscalizar, entre outras coisas, a entrada e saída dos colonos nas fazendas. O poder pela violência física era um componente fundamental do sistema; os relatórios consulares e os jornais da colônia italiana da época relatam centenas de casos de violência de fazendeiros contra imigrantes italianos.


A história apresenta relatos de mobilização da época por parte dos imigrantes, porém, os fazendeiros faziam o que podiam para sufocar qualquer mobilização. Como intuito de impedir as mobilizações, os fazendeiros impediam que seus trabalhadores tivessem contato com o mundo fora da fazenda.


A situação dos colonos imigrantes somente viria a melhorar após as várias greves ocorridas por não pagamento de salários ou pelos baixos salários. Assim, surgem greves cuidadosamente planejadas e algumas esporadicamente em uma ou outra fazenda.


Portanto, apesar do sofrimento e das lutas dos imigrantes, eles conseguiram se instalarem no país influenciando diretamente na cultura e no modo de vida da população brasileira. Com a imigração, o Brasil tem um leque enorme de resultado, não apenas o idioma português, como também a culinária italiana, as técnicas agrícolas alemãs, as batidas musicais africanas e muito mais. Neste sentido, temos um país de múltiplos sons, cores e sabores. Um povo com característica do mundo todo, vivendo em harmonia religiosa independente da crença.


Daí, a importância de iniciarmos a trajetória da família de Bangse.

O pai, Madeira, era descendente de uma miscigenação entre portugueses, índios e mulatos.
Madeira era um pai carinhoso, afetuoso com o filho. Sempre ao chegar do trabalho beijava Isaura e abraçava Rafael.
- E aí, filho, como foi à escola? – perguntou Madeira.
Rafael sempre vinha com coisas novas aprendidas na escola pública do bairro em que moravam. Apesar de escola pública, a disciplina era rígida; bem administrada pelo Diretor Antonio, um professor aposentado que continuava na ativa. Era sério, não gostava de brincadeiras, e sempre que tinha problemas com crianças, imediatamente, convocava os pais da mesma para uma apreciação.

A escola de Rafael era pequena, com apenas 10 salas, com aproximadamente 35 a 40 alunos por sala. O Diretor, como era comumente chamado, reunia-se com os professores uma vez ao mês para discutir problemas pedagógicos e disciplinares da unidade escolar.

A professora de Rafael, também aposentada, mas continuava a lecionar, era amável, firme nas cobranças escolares e disciplinares, seu nome era Alice.

Seus melhores amigos eram Fernando, também de sete anos e Gustavo de oito. Mas sua paixão era Paula, de sete anos, que sentava duas carteiras a sua frente.

Como todo bom menino brasileiro, Rafael, São Paulino, adorava futebol, e até discutia com o pai, palmeirense, sobre jogadores e partidas de futebol. Mas o que gostava mesmo era de jogar na rua com os amigos Fernando e Gustavo. Ali, com os demais amiguinhos, jogavam bola depois da lição e soltavam pipas nas férias. Ele tinha alguns parentes distantes, o tio Alfredo que morava em Cachoeira Paulista (Estado de Minas Gerais) com a esposa Rosa e os filhos Tiago, Marcelo e Amanda, todos adolescentes. Interessante é que quando Rafael passava as férias lá seu tio o levava para vários lugares. Isto porque seus primos eram maiores e gostavam de outras coisas. Rafael então, quando estava lá, era o momento que mais se dedicava à leitura. Em Cachoeira Paulista, ficava introspectivo com as leituras, pois o tio e a tia eram professores. Seu primeiro romance aos sete anos foi de aventura. Um romance de James Hilton, Horizonte Perdido, publicado em 1933, sobre um mosteiro no Tibet. Alfredo achava o garoto muito inteligente para ler um livro desses.

Alfredo era irmão mais novo de Madeira. Madeira tinha outros irmãos, Armando, Vera e Cidinha que tentaram a vida em outros estados como Tocantins e Acre. Já a mãe, Isaura, era a mais nova de dez irmãos, alguns já falecidos, outros vivos, entre os homens Emmanuel, Victorio, Sebastian, José, e mulheres Marisa e Ana Beatriz. José e Ana Beatriz moravam em um bairro da periferia da Grande São Paulo. Pouco se viam, às vezes iam a aniversários dos sobrinhos e sobrinhas. O aniversário de Rafael, a mãe Isaura, fazia um bolo e uns docinhos apenas chamando Fernando e Gustavo. Isto porque o pai, Madeira, tinha um salário equivalente a três salários mínimos e mal dava para pagar as contas.


Em um final de tarde no inverno, com algumas estrelas no céu, num domingo, ao voltarem da igreja, Rafael perguntou ao pai:

- Pai, onde está Deus?
- No céu – respondeu o pai.
E a conversa continuou:
- Em que lugar do céu?
- Próximo às estrelas – disse ao filho apontando o dedo para cima.
- Onde? Que não estou vendo – indagou Rafael ao pai. - Pai, eu acho que Deus se esconde atrás das estrelas – sem piscar os olhos continua olhando para cima: - Só não sei de qual.


O pai apenas ouve pacientemente, pensando – “como é curioso esse meu garoto” – rindo enquanto ouvia o filho. - Acredito que deve ser daquela maior!
- Não acha pai? – o qual indagou mais uma vez.
- Pode ser filho – respondeu Madeira – depois de alguns minutos: - Por que pergunta Rafinha? – um nome carinhoso que costumava chamá-lo.
- E se Deus for uma mulher? – perguntou mais uma vez Rafael, ao mesmo tempo em que respondia sua própria pergunta. - Se ele for mulher seria uma Deusa – muito esperto continuou. - Se formos filhos de Deus só pode ser Deusa que nos deu a luz. Pois tia Rosa falou que tanto entre os animais como em nós seres humanos quem dá a luz é a fêmea, e se mulher é a fêmea e somos filhos de Deus, conseqüentemente Deus é mulher.
- Vamos apostar uma corrida até a esquina, atenção já! - Madeira fugindo do assunto sugeriu a Rafael.

E os dois seguiram em direção a esquina próxima a sua casa.

A semana passou normalmente como de costume, escola-casa, trabalho-casa, casa-casa.

E, na outra semana, novamente ao saírem da igreja, só que desta vez Isaura estava presente junto ao Marido e Rafael.

- Mãe, eu queria ver Deus – iniciou a conversa com uma voz tímida. - Por que ninguém tem uma foto de Deus? Nunca vi uma foto de Deus.
Isaura prestava toda atenção a tudo que Rafael dizia respondendo:
- Deus esta em nossa alma, não se pode ver nem tirar fotos da alma – mãe afetuosa e dedicada ao filho continua: - Deus é onipresente e onipotente, esta em tudo e em todos os lugares. Não questionamos Deus, apenas temos fé, amor e devoção a ele. – afirmando que:
- Deus é vida.
Madeira, ao lembrar do dia em que Rafael puxara o mesmo assunto, olha para Isaura – sorrindo – Este menino não tem jeito. A semana passada foi a mesma coisa.


Rafael já refletia desde muito jovem tudo sobre a vida tanto na escola, quanto nos assuntos caseiros e religiosos - Eu quero apenas entender e não consigo. – olhando para mãe. - Como posso conversar com alguém que não enxergo – em seguida olha para o pai. - Como posso amar alguém que nunca conversou comigo? Às vezes me sinto um idiota rezando, conversando comigo mesmo. – Isaura e Madeira ouviam surpreendidos com os dizeres do filho, que continuava - Queria ouvir Deus assim como ouço vocês, vê-lo assim como vejo vocês, tocá-lo assim como toco vocês.

Isaura interrompeu seu questionamento - mas filho, você é muito jovem para pensar nisso, Deus nós aceitamos, assim temos ele em nós, e nós nele. – Afirmando com convicção a existência de Deus.

Madeira não vendo à hora de chegar, pois não tinha respostas para o garoto - Até que enfim chegamos. Assistirei um pouco TV e descansarei, pois amanhã é dia de pegar no pesado.

Deitado em sua cama, Rafael, continuava introspectivo em seus pensamentos até pegar no sono.

Rafael não contente com as respostas passava a semana inteira com aquilo na cabeça, mas não deixava de rezar e fazer suas orações todos os dias.
Isaura pensou como deveria conversar com o filho, mas deixou pra lá, apenas conversou com a vizinha, muita amiga e confidente, Marlene.
Marlene tinha uns dez anos mais que Isaura. Não era católica, porém religiosa. Freqüentava um centro espírita, Kardecista, ouvia as palestras e dava passes, acreditava na reencarnação. Viúva, mãe de um casal de adolescente, os quais ela sustentava com grande dificuldade financeira. Era enfermeira em um hospital público. Mesmo cansada freqüentava o centro espírita quase todos os dias.


Em uma conversa num final de semana, Isaura expôs toda a conversa do domingo a Marlene.
- Que menino danado! Como pode, apenas com sete anos e já questionando tantas coisas. – ela sabia que essa conversa não era normal em meninos com aquela idade. - Gostaria de conversar com ele, posso?
- É lógico que sim, fique a vontade, ele chega da escola daqui a uns dez minutos. – Isaura pensou um pouco e continuou: - Eu não quero estar junto de vocês na hora da conversa, quero deixá-lo muito à-vontade para não influenciar em nada. Apesar de que, minha presença não iria modificar nada. Isto porque, Rafael é muito seguro em seus depoimentos e questionamentos, tanto na minha presença quanto na presença do pai.
- Este menino é interessante, vou aguardar. – disse Marlene com um leve sorriso entre os lábios e olhando para a porta da frente - Já deixei o jantar pronto, cada um come na hora que chegar. Em casa é assim, cada um janta em um horário, às vezes eu janto primeiro que meus “aborrecentes”, outras vezes eles.

Até o ano passado Rafael estudava no período da manhã, das sete horas ao meio dia, este ano estudara no período da tarde das treze horas às dezoito.

O relógio deu aproximadamente dezoito e quinze e Rafael abriu a porta.

- Boa noite Marlene – beijou Marlene e se dirigiu para a mãe com um grande abraço e um beijo apertado – Oi mãe, hoje aprendi algumas contas, muita gente na minha sala ainda não sabe os números. – olhando uma hora para Marlene outra para mãe - Eu já sei não é mãe? Quando entrei no primeiro ano já sabia todo alfabeto e os números. Agora no final do ano sei ler muito bem e sei também contas - indo de encontro à mãe e beijando-a mais uma vez.
- Parabéns Rafael, você é muito inteligente – disse Marlene pengando em sua mão. - Venha cá, chegue mais pertinho da tia Marlene e vamos conversar enquanto sua mãe faz a janta. Sua mãe me disse que você tinha algumas dúvidas quanto a Deus.
- Sim, quem é Deus? – indaga Rafael.
- Nosso criador, o criador do céu e da terra, capaz de nos criar e a natureza que nos cerca; fora Deus que nos deu nossa forma nos deu a vida. – percebendo em Rafael um intenso brilho nos olhos - Imagina você, todas as coisas que vê na TV, que aprende na escola, ou mesmo este vaso de flor aqui ao lado; seria impossível sem uma direção superior. É quase impossível viver na terra sem imaginar um ser criador de tudo isso – lembrando das palestras do Centro Espírita que freqüentava: - Segundo o Livro dos Espíritos de Allan Kardec, Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Deus é o infinito, é a perfeição, mas não é só isso, pois não temos atributos para defini-lo e nem compreensão para entendê-lo.
Rafael interrompe Marlene e pergunta:
- Por que ele não aparece para mim? Por que não consigo compreender?
- Segundo minha doutrina espírita quando nosso espírito não estiver mais obscurecido pela matéria e, pela sua imperfeição, estivermos mais próximos de Deus, então nós o veremos e o compreenderemos – olhando dentro dos olhos de Rafael - Deus existe, você não pode duvidar disso. Crê nele, pense em você, nos seus estudos em tratar bem seus amiguinhos, em amar e respeitar seus pais, é isso que você precisa fazer o bem para o próximo. Assim, estará fazendo o bem para si próprio.

A conversa durara mais de duas horas, quando Marlene encerra. Rafael disse obrigado e foi fazer seus deveres, deu um beijo em Marlene indo até a cozinha dizendo boa noite a mãe; em seguida foi para seu quarto.

Isaura se dirige à sala:
- Está vendo Marlene! – exclamou Izaura após ter ouvido toda a conversa - Esse menino não pode ficar “encucado” com isso, ele é muito novo para pensar sobre a existência ou não de Deus. Estou preocupada.
- Realmente você esta certa, mas o que precisar pode contar comigo que estarei ao seu lado, não é só na casa ao lado e sim como mãe – sorrindo para Isaura abraçou-a e beijou-a se despedindo.
- Até mais, gostei daquilo que disse muito legal, adorei suas explicações, você foi muito gentil, obrigada Marlene. – Isaura falava enquanto acompanhava Marlene até o portão.

Como era de costume Isaura ia até o quarto e colocava o filho para dormir. De repente, enquanto sua mãe lhe abraçara e lhe fizera carinho junto a brincadeiras, Rafael olha ao lado e se assusta - Mãe olhe ali próximo da parede do armário! - Isaura olha e nada vê, dizendo:
- O que é meu filho?
- Mãe! Pensei ter visto uma luz! – diz Rafael olhando na direção do armário.
- Como era essa luz? – perguntou Izaura, arrepiada.
- Era muito, muito forte. Parecia espelhada na figura de um homem, com um azulado na extremidade – agora mais calmo.
Isaura cala-se e põe-se a pensar.

No outro dia, numa conversa com Marlene:
- Aconteceu uma coisa tão estranha ontem - disse Isaura meio tensa. - Aconteceu com Rafael a mesma coisa que acontecera comigo algumas vezes quando estava grávida. Era sempre quando estava fazendo carinho em minha barriga.
- Fale logo mulher, esta me deixando curiosa! – diz Marlene olhando diretamente para Isaura.
- É que eu via uma figura de um homem com um brilho intenso, espelhado – explica Isaura com emoção – com uma leve luz azulada em seu redor. – E o mais engraçado é que meu filho vê, e depois que ele nasceu, eu nunca mais consegui ver.
- Não se preocupe, fique tranqüila, deve ser um espírito muito elevado e muito bom – disse Marlene tentando acalmá-la – ele só estava protegendo vocês.


Esta seria a primeira vez que Rafael teria visto a luz que no futuro apareceria outras vezes.

Dois anos se passaram e Fernando amigo de Rafael, mudou para casa da avó, pois os pais estariam se separando judicialmente. Mas antes da partida de Fernando, Rafael, foram até sua casa chamá-lo para brincar, em seguida foram brincar na casa de Gustavo.

Na casa de Gustavo tinha uma garagem coberta, ali os três começaram a brincar, jogando “banco imobiliário”, quando chegou o pai de Gustavo. Áspero e após ter digerido bebida alcoólica, chegou logo agredindo a mãe de Gustavo com palavrões.

A mãe de Gustavo nada respondeu para evitar confusão, então ele se aproximou dela e começou a agredi-la fisicamente, os meninos gritaram, ele parou, foi até a garagem, que era bem próximo da cozinha, local onde os dois brigavam:
- Vem aqui filho, você vai morar com seu pai – disse ele, muito exaltado. – Sua mãe não presta, ela não gosta de você.
Irritada com os dizeres do marido, partiu para o ataque:
- Pare de falar assim com o menino, deixe-o em paz.
O pai mandou o filho entrar e pediu para que Fernando e Rafael fossem embora. Esta seria a ultima vez que Rafael viria seu amigo Gustavo e a primeira vez que presenciara uma briga tão feia entre casais.

Neste mesmo ano, Rafael com a ajuda de Fernando quebrou os aparelhos de microondas de ambas as casas. Esta seria a única vez que Rafael apanhou de Isaura.


Quando completou doze anos recebeu como presente mais uma vez retornando à casa de seu tio Alfredo que tanto adorava, apesar de seus primos serem bem mais velhos que ele. Antes de sair para viagem à mãe lhe abraçou durante um tempo.

Rafael, já acostumado com a presença da luz, não se assusta ao vê-la durante muito tempo próximo a ele e sua mãe.

Ao chegar na casa dos tios, eles o recebem muito bem, mas não gostavam que mexessem em suas coisas sem permissão. Alfredo via no menino um companheiro, levando-o ao mercado da cidade de Cachoeira Paulista. Mas o que Rafael gostava era dos pães de queijo encontrados em qualquer comércio da cidade.

Certo dia mexendo em alguns livros dos tios, perguntou se poderia pegar para ler. Como quem estava presente era sua tia Rosa, ela deixou:

- Muito cuidado para não estragar – disse com um ar de preocupação – alguns livros pertencem ao seu tio.

Rafael começou a mexer nas prateleiras e pegou alguns livros.

Este seria seu primeiro contato com Isaac Newton, Einstein, Stevem Hokin, Galileu Galilei, Nicolau Copérnico entre outros.

Chegando a casa, Alfredo ao entrar em sua sala de leitura com uma imensa prateleira de livros bem dividida e uma escrivaninha com uma cadeira, viu o sobrinho:

- Não gosto que mexa em meus livros! – franziu a testa neste momento.
- Cuidado para não rasgar, muitos deles nem tive tempo de olhar, quanto mais ler – bronqueou Alfredo.
- Pedi a tia Rosa e ela deixou – veio a resposta curta. – Gostei muito de ver a história das Grandes Personalidades.
- Você é muito jovem para ler esses livros – retrucou Alfredo. – Pegue aqueles na prateleira de baixo que são livros juvenis usados por seus primos, ou então, pegue os autores brasileiros como Machado de Assis, Gregório de Mattos e Raquel de Queiroz.
- Gostei desses vou ler todos enquanto estiver de férias aqui – disse Rafael.
- Você é quem sabe, mas tome cuidado para não amassar – respondeu Alfredo.
Em seguida foi jantar e chamou o sobrinho.

Durante os outros dias de suas férias, não saía mais com o tio para ler os livros.

Chegando a sua casa, muito entusiasmado com a nova aprendizagem, contou a mãe. Isaura elogiou muito e ficou muito satisfeita. Porém, como tinha apenas completado o ensino fundamental, mal sabia quem eram as personalidades comentadas por Rafael.

Em seu primeiro dia de escola na volta as aulas, ele foi à biblioteca começou a se interessar por psicologia, lendo Freud, Jung, Reich, Alexander Lowen, Jacques Lacan entre outros.

Rafael tinha uma grande adoração pela mãe, era sua confidente, amiga com quem descarregava tudo aquilo que lia. A mãe achava que o menino era muito inteligente e dedicado aos estudos. O pai trabalhava muito, chegava tarde e já ia para cama.


Esta foi uma época difícil, pois já se passaram dez anos e Madeira não teve nenhum aumento de salário, sendo que os preços subiram, tanto do aluguel, quanto daquilo que precisavam para o sustento. E isto fez com que Madeira fizesse horas extras para garantir o sustento da família.

Foi aos quinze anos e cinco meses que Rafael perderia sua mãe durante um “seqüestro relâmpago” – seqüestros comuns na capital de São Paulo, em que marginais pegavam cidadãos obrigando-os a sacarem o dinheiro.

Era uma tarde de domingo, Isaura resolveu sacar o dinheiro em um caixa eletrônico para pagar umas dívidas que tinha com amigas que lhe vendiam perfume por catálogo e algumas bijuterias.

Ao entrar no caixa um menino de apenas treze anos entra com ela e colocou uma arma em suas costas:
- Assalto tira tudo, quero ver o saldo e saque tudo que der – ordenou ele.
Isaura, não acreditou que aquele menino seria capaz de atirar, achava até que a arma era de brinquedo.
- Vai para casa menino, não irei atrás de você e ficamos como está – reagiu meio tensa.
O aprendiz de ladrão tinha acabado de usar craque – uma droga muito comum entre esses jovens que causa grande transtorno mental.

Em seguida o garoto disparou dois tiros com um revolver trinta e dois, cano curto. Um atingiu as costas de Isaura, o outro a cabeça quando ela caia. Isaura morreu na hora.

Madeira recebe a notícia, entra em desespero e corre para o hospital e lá, chorou até o dia do funeral.

O difícil foi quando Madeira anunciou ao Rafael a morte da mãe.

Ao chegar da escola Rafael encontra a família na sala com o pai e Marlene aos prantos.
- O que aconteceu? – perguntou desesperado ao ver que a mãe não estava – Cadê minha mãe?
O pai e Marlene, o tio Alfredo e Rosa tentaram acalmá-lo.
- Não quero saber, eu quero minha mãe – disse ele aos gritos. – Eu quero minha mãe.
Marlene providenciou um copo com açúcar, sugeriram um calmante. Mas Rafael entrou em um quarto e trancou a porta por dentro.
- Deixe-o, só o tempo poderá diminuir a dor – Disse Marlene com um semblante triste.

Naquele dia chorou a noite toda. Não quis ir ao velório da mãe, se negando a sair do quarto. Marlene pediu ao vizinho Oscar para abrir a porta, pois Madeira estava cuidando dos preparativos para o velório.

Ao abrir a porta o menino esta tremendo em estado de choque, com as mãos fechadas e os dentes travados. Marlene e os tios o levam ao médico.

Ao voltar do médico, Rafael, meio atordoado, cai no sono até o outro dia.

A mãe é enterrada em um cemitério da cidade.

Rafael cai em depressão. Não queria mais comer e nem ir à escola. O pai começa a beber.

Passados três meses, Madeira totalmente bêbado, chega a sua casa e inicia uma conversa com Rafael:
- Por que não tem ido à escola? – perguntou meio zonzo devido à bebedeira. – Você não conversa mais com o seu pai, só fica enterrado em seus livros e vendo esses programas bobos da TV. Essas pessoas que sonham com o futuro, é bobagem, é mentira. Você é um tolo? Levarei você à escola amanhã nem se for amarrado.


Neste mesmo dia Rafael vê a luz novamente na sua frente, mas não tinha medo.

Assim, Rafael volta à escola e segue seu curso na escola pública. Na biblioteca da escola entra em contato com livros de Foucault, Deleuze, Aristóteles, Platão (Sócrates), Nietzsche, Sartre, Kant, Rousseau entre outros. O importante é destacar que: o livro que ele não encontrava na biblioteca da escola ia buscar na biblioteca municipal. Embora Rafael tenha se apaixonado muito pela filosofia de Nietzsche, inspirava-se mais como modelo de vida a ser seguido, os valores éticos religiosos e nos emotivistas seguidores de Rousseau: quanto à bondade natural de nossos sentimentos e as paixões como conteúdo da formação da existência moral. Rafael dizia que os sentimentos de caridade eram de extrema importância para nossa sobrevivência, cabendo a caridade como meio de impedir a violência e garantir relações justas e de amor ao próximo entre os seres humanos e entre as nações. Esta seria uma filosofia de vida que Rafael seguira até o último dos seus dias.

Dois anos mais tarde, Madeira é despedido da empresa. O patrão aturou sua bebedeira durante muito tempo. Já havia esgotado a paciência e o despediu.

Madeira recebe uma boa indenização e passa a jogar nos bingos. Em pouco tempo o dinheiro acaba.

Alberto conversa com Rosa a possibilidade de trazer Rafael para morar com eles, já que seu filho mais velho já havia casado. Rose aceita e Alberto leva o jovem para Cachoeira Paulista.


Rafael, aos dezoito anos, entra no cursinho na cidade vizinha, Varginha. Em seguida prestou concurso para psicologia em Belo Horizonte na universidade pública, passando em um dos primeiros lugares.

Nesta época conheceria Ana Paula, a qual viria ter um relacionamento durante os próximos anos; sendo ela o grande amor da vida de Rafael. Nesta mesma época, vira por muitas vezes a luz que comumente aparecera nos momentos de carinho de sua mãe, Isaura. A mesma luz aparecera no momento da despedida em que, Ana Paula dissera que apesar de amá-lo, não iria esperar muitos anos até sua volta, na esperança da desistência de Rafael. Assim, implorando para que ele ficasse. Nada adiantou, apesar de seu amor por Ana Paula, Rafael sabia que sua ida ao Tibet era mais que uma necessidade.

Assim, aproveitando o dinheiro que ganhou durante o curso de psicologia; dinheiro este adquirido por prêmios conquistados como universitário (em sua grande maioria em dinheiro).

Ao terminar a Faculdade de Psicologia, diz a tia que passará algum tempo no Tibet. A tia e o tio acham loucura, mas o rapaz convenceu-os, dizendo que gostaria de explicações. Confessou aos tios que sempre pensava na mãe. Chorando, disse que ali acreditava obter respostas para suas questões sobre a existência. Agradeceu aos tios e partiu levando consigo roupas e apenas um livro, Gandhi.

No Tibet Rafael permaneceu nos mosteiros. Ali, desenvolveu uma forma única de budismo, incorporando seu conhecimento as filosofias ocidentais, a psicologia e o monasticismo do Mahayana, os métodos tântricos do Vajrayana e as crenças nativas da religião Bön. Sua presença não se restringe ao Tibet, Rafael esteve presente em toda a região do Himalaia, no norte da Índia (Ladakh, Zanskar, Sikkhim), no Butão, no Nepal, na Mongólia, na Ásia Central, na China (Xinghai, Gansu, Yunan e Sichuan) e em repúblicas autônomas do sul da Rússia – especificamente no Cáucaso (Kalmykia) e na Sibéria (Buryatia e Tuva). Após seus primeiros contatos com o mundo exterior, o forte simbolismo tântrico do budismo tibetano fez com que ele fosse considerado um especialista dos ensinamentos do budismo tibetano.

No Tibet, Rafael não esqueceu a prática espiritual cardesista ensinada por Marlene. Ele uniu o conhecimento à realização.

Rafael aprendeu que budismo tibetano é notável por ter preservado até o século XX a tradição contínua das universidades monásticas do norte da Índia. É uma tradição que desde 1959, tem sido transplantada para a Índia e para muitos países ocidentais. Para entender a natureza desta tradição, deve-se olhar sua origem no ambiente monástico da dinastia Pala da Índia, que forneceu o modelo definitivo para o sistema monástico tibetano. As universidades indianas e suas contrapartes tibetanas enfatizavam uma abordagem sintetizadada do budismo, na qual era feita uma tentativa de categorizar e incorporar todas as doutrinas e práticas, reconciliando todas as diferenças em um sistema universal que cobrisse todos os aspectos do Dharma.

Para entender os diferentes dialetos Rafael, inteligente e com uma memória acima dos normais, além da facilidade para línguas, utilizou o dicionário do húngaro Csoma de Körös.

Csoma de Körös viajou extensivamente ao Ladakh no início do século XIX antes de produzir seu pioneiro dicionário e resumo de literatura tibetana em 1834. Rafael estudou também sobre o monge zen-budista japonês Ekai Kawaguchi submeteu-se a uma privação extraordinária até, disfarçado de chinês, chegar a Lhasa em 1901, onde a profundidade de seus estudos lingüísticos permitiu que entrasse em uma das grandes universidades monásticas. Rafael, em seus estudos descobriu que o monge Ekai retornou ao Japão com uma extraordinária coleção de textos. Durante suas estadias nos mosteiros descobrirá, também, que Alexandra David-Neel, era uma exploradora budista francesa, disfarçada como a mãe de um lama e teve sucesso em chegar a Lhasa no início do século XX, uma época em que outros exploradores frustraram-se em suas tentativas de chegar à capital. Alexandra registrou em primeira mão sobre as yogas psicofísicas dos monges meditadores. Poucos tiveram esses contados próximos com os yogis. Rafael foi privilegiado em aprender sobre a yoga psicofísica.

Rafael teve acesso aos diários de viagem do erudito alemão Lama Anagarika Govinda, [o italiano] Giuseppi Tucci – o principal intérprete da religião tibetana – e David Snellgrovve – da London School of Oriental and African Studies – esses escreveram diários de viagem e forneceram registros detalhados e traduções de cerimônias monásticas, textos espirituais e antigas hagiografias.

Nos oito anos e exatamente onze meses que passara viajando no oriente, aprendera o que poucos renomados pesquisadores haviam aprendido. Desde a história, em que ocorreu a invasão chinesa de 1950.

Onde passava fazia questão de ensinar a língua portuguesa aos jovens tibetanos. Fora um desses jovens que aprendera a ler que Rafael o presenteou com o livro de Gandhi.

Rafael conta que aprendeu sobre a história do Tibet com o monge Kun-mKhyen durante dois anos em um mosteiro. Um local encravado nas profundezas dos Himalaias, na ponta mais ocidental do planalto tibetano, tem a cordilheira como muralha, fortaleza, esculpindo uma das mais desafiadoras geografias do planeta. Esse deserto de alta altitude no estado de Jammu e Kashmir tinha um cenário de lua; montanhas; crateras; oásis de variados verdes, desafiando uma palheta de cores inebriantes; mosteiros de lamas encravados nos sopés das alturas; estátuas de Buda com pedras incrustadas; tankhas (rolos de pergaminho pintados), e murais tântricos, marcos de uma gloriosa civilização passada. Eis alguns diálogos com o monge.

Perguntei ao monge como ocorreu tal invasão e ele me respondeu:
- Ocorreu, porque se pensava que no Tibet basicamente como um Shangri-Lá, era uma terra mágica devido à sabedoria milenar. Como você pode observar é uma terra de beleza inacessível e antigamente os estrangeiros como você raramente tinha permissão para entrar. O lar do Dalai Lama era na capital do Tibet, Lhassa, a três mil metros de altitude, era protegida pelos picos nevados do Himalaia e foi muitas vezes chamada de "Cidade Proibida". Era isolada e fechada. O Tibet não mudava havia séculos, e o progresso tecnológico e a modernização enfrentaram sempre aí forte resistência. O país nunca passou por uma idade da razão ou de desenvolvimento científico – continuou ele. - Existe uma tendência compreensível em romantizar aquele Tibet que existiu antes da violenta invasão chinesa. Entretanto, é um erro pensar que o Tibet era um Shangri-Lá, onde todos eram iluminados, felizes, vegetarianos e não-violentos. Apesar do Tibet provavelmente dispor da "mais sofisticada tecnologia espiritual e da melhor compreensão das ciências interiores", não se pode fingir que era uma sociedade perfeita. Ainda tinha um longo caminho a percorrer. Antes de trazer para o cotidiano aquilo que parecia dominar no mundo espiritual. Na verdade, quando examinamos o Tibet com atenção, através de uma visão racional e humanista, temos que admitir que as pessoas viviam em uma teocracia medieval, onde a democracia, a alfabetização e os modernos avanços da medicina ainda não haviam chegado. Muitos queriam encontrar a essência dos ensinamentos da sabedoria imutável nas encostas pedregosas da cultura asiática, da teologia e da anacrônica cosmologia.
Rafael pergunta como era antes da invasão chinesa.
- Antes da invasão chinesa – começou o monge –, era como agora, tínhamos uma vida espiritual de devoção e uma vocação monástica considerada uma profissão viável. Um terço da população masculina do Tibet habitava os milhares de mosteiros espalhados pelo país; os mosteiros femininos, repletos de mulheres, também eram numerosos. Até recentemente, as únicas rodas em uso no Tibet eram as rodas de oração, as quais, juntamente com os rosários de contas chamados “malas”, estavam sempre nas mãos de todos, transformando qualquer atividade, assim como a vida das pessoas, em uma prece contínua. Somente por volta de 1920, o predecessor do atual Dalai Lama (o presciente Décimo Terceiro Dalai Lama) fez previsões sinistras sobre os planos chineses para conquistar o Tibet e reprimir a prática do budismo.

Mas os tibetanos se preocuparam mais em manter as coisas como estavam do que em evoluir para os tempos modernos, ignoraram as advertências.
- Quando as Nações Unidas foram formadas depois da Segunda Guerra Mundial, o Tibet escolheu não fazer parte, e pagou muito caro por esta escolha – disse então Rafael.
- Em 1950 – explicou o monge –, quando a China entrou no Tibet, alguns lamas, monges e leigos tiveram a boa idéia de fugir do país. Afortunadamente, alguns deles carregaram consigo antigos objetos sagrados e escrituras. A maior parte dos tibetanos, entretanto, ficou lá. Apesar de o jovem Dalai Lama temer o pior, por nove longos anos ele ficou em Lhassa, tentando em vão chegar a algum tipo de acordo com o governo chinês. Foi então, que em 1959, a tensão e a insegurança que pairavam sobre a vida dos tibetanos se acumularam, originando uma revolta na província oriental de Kham, que chegou até Lhassa. O Dalai Lama foi alertado quando o governo comunista chinês o convidou para assistir a um espetáculo teatral, mas não permitiu que levasse seu guarda-costas nem os assistentes. Preocupados com a segurança de seu líder, milhares de tibetanos cercaram o palácio. Quando a luta começou, o Dalai Lama, vestido como um camponês saiu do palácio na escuridão e começou a difícil e perigosa jornada, em lombo de burro e a pé, através das montanhas, para fora do Tibet e para o asilo político na Índia. Sem saber que o Dalai Lama havia partido, o exército chinês disparou seus canhões contra o palácio no dia seguinte à sua partida, e milhares de tibetanos civis e desarmados morreram.
- Como pode a China atacar civis desarmados, é uma tremenda crueldade – disse Rafael.
- Para você imaginar a tamanha crueldade – continua o velho monge – foi quando os chineses tomaram os mosteiros e reprimiram a prática do budismo. Muitos outros lamas e monges também empreenderam a difícil fuga de sua terra natal. Cerca de cem mil tibetanos conseguiram fugir antes de os chineses fecharem as fronteiras, mas muitos daqueles que iniciaram a jornada desapareceram no Himalaia sem deixar vestígios. Para os que ficaram a vida tornou-se dura e cruel. Monjas, monges e lamas, além de leigos, foram torturados e assassinados. A Anistia Internacional calcula que cerca de um mi1hão e duzentos mil tibetanos tenham sido mortos pelo exército chinês, e muitos ainda permanecem em campos de prisioneiros no nordeste do Tibet. Dos inúmeros mosteiros antigos que no passado adornavam o árido platô himalaio, apenas duas dúzias ainda permanecem no país, deixados em pé pelos chineses apenas para exibição.

Rafael pergunta como os lamas e monges fizeram.
- Os lamas e monges que escaparam precisavam encontrar novos lares. Muitos como o Dalai Lama, que agora tem sua casa em Dharamsala, na Índia, se estabeleceram em regiões vizinhas ou nos países próximos, como Índia, Nepal, Sikkim, Ladakh e Butão. Outros viajaram para bem longe, terminando na França, na Suíça, na Inglaterra e nos Estados Unidos. Esses mestres também se lembraram das instruções do Buda aos primeiros sessenta discípulos iluminados, para continuar a espalhar os ensinamentos: “Vão para o mundo, oh monges, para o bem de muitos, para a felicidade de muitos, por compaixão do mundo” – respondeu o monge.
- Com a invasão chinesa do Tibet, foi como se uma represa houvesse arrebentado: de repente a sabedoria tibetana começou a fluir livremente do teto do mundo em direção ao Ocidente. Monges e monjas, lamas e mestres que nunca haviam deixado seus mosteiros de clausura e suas ermidas isoladas tiveram que enfrentar um novo mundo cheio de homens e mulheres ansiosos para aprender sobre o Dharma. Os mestres tibetanos dizem que se houve um bem emanado da invasão chinesa, este bem foi a disseminação dos ensinamentos para tantos alunos novos – disse Rafael com toda sua sabedoria.
O Monge elogia os dizeres de Rafael e diz:
- Até hoje, os tibetanos continuam a buscar a liberdade e encontra no Dharma um caminho para superar o sofrimento. Em 1995, 11º Panchen Lama foi seqüestrado pelo governo chinês, e no final de 1999 o 17º Karmapa conseguiu fugir para o exílio na Índia. Apesar de todas as restrições impostas pelo governo chinês, cerca de 65% da população tibetana ainda continua a praticar o budismo. Felizmente, as quatro principais escolas do budismo tibetano (Nyingma, Kagyü, Sakya e Gelug) continuam a existir até os dias de hoje.
- Sei que foi duro para a população Tibetana, não há o que dizer para conformá-los – disse Rafael.
Porém, ao mesmo tempo, Rafael sabia que se não houvesse invasão por parte da China, ele nunca estaria ali naquele momento. Rafael sabia que jamais os ocidentais iriam ter acesso hoje à literatura tibetana, o que não seria possível se o Tibet permanecesse isolado. Ainda mais do que isso, a invasão chinesa conduziu a maioria dos grandes sábios e religiosos do Tibet ao exílio, fazendo com que as pessoas interessadas em estudar o budismo tibetano possa se encontrar com eles e receber suas explicações orais. Por causa disso, a cultura tibetana tem se difundido pelo mundo e lamas eminentes – mais notavelmente o Dalai Lama – têm conseguido viajar e ensinar o Dharma. Assim, a catástrofe do Tibet teve pelo menos alguns resultados positivos, apesar deste fato não diminuir a tragédia da invasão chinesa nem o sofrimento do povo tibetano.
Rafael encerra o dialogo com o monge Kun-mKhyen dizendo:
- Apesar de ser rejeitado por muitos chefes de governos ocidentais, preocupados em não perder futuras possibilidades comerciais na China, na década de 80, o Dalai Lama surgiu como figura mundial de grande talha espiritual e como símbolo para muitos dos que lutam em diferentes frentes para mudar o estabelecido: direitos humanos, ecologia etc. Com o Prêmio Nobel da Paz concedido em 1989, a compaixão de Sua Santidade, assim como a sua paciência e sua amorosa bondade para com os opressores de seu país e para aqueles que, com o silêncio, admitem essa opressão, representam um extraordinário tributo ao caminho budista e um grande exemplo dos ensinamentos de Buda. O Dalai Lama é um exemplo de bondade para o mundo assim como tínhamos no Brasil o Cardesista Chico Xavier.

Rafael acabou ensinando ao Monge sobre a vida e a obra de Chico Xavier, enfocando sua doença que começara desde cedo. Em seguida, mostrou as fotos que carregava junto aos documentos. Dessa forma, a conversa foi de grande aprendizagem para os dois.

A conversa se passou da seguinte maneira.


Kun-mKhyen e Rafael acordavam cedo, faziam suas meditações (segundo Rafael a meditação é uma tradição enraizada na milenar xamânica Bön, e as mais comuns eram o Lu Jong, Tsa Lung, Lo Jong e Long Tzin. Baseadas em exercícios respiratórios e movimentos corporais para abrir os canais energéticos do corpo e da mente e equilibrar os elementos e humores, estas técnicas possibilitam o desenvolvimento da consciência e promovem o equilíbrio e bem-estar físico e emocional, e a tranqüilidade mental) e iniciavam a conversa.
- Você não ia me falar sobre o Mestre Chico Xavier? – indaga o monge.
Rafael disse sim e iniciou sua exposição, pois já tinha lido entre os livros espíritas dados por Marlene, a biografia de Chico.
- Se Chico Xavier fosse da Igreja Católica tenho certeza que ele seria um Santo canonizado. – Ambos deram um leve sorriso e Rafael continuou: – Ele foi sem duvida o maior e mais prolífico médium psicógrafo do mundo, seu nome: Francisco Cândido Xavier, nasceu em Pedro Leopoldo, modesta cidade de Minas Gerais, em meu país, Brasil, em 2 de abril de 1910. Viveu, desde 1959, em Uberaba, no mesmo Estado, desencarnando no dia 30 de junho de 2002, dia em que o Brasil sagrou-se pentacampeão mundial de futebol, o esporte que adorava quando criança no Brasil, assim como eu! Segundo amigos que se encontravam no momento de seu desenlace, disseram que ocorreu pacificamente, no próprio lar, onde foi encontrado sereno, ainda em atitude de prece a Deus. Chico tinha o desejo de partir num dia em que o "povo brasileiro estivesse muito feliz". Completou o curso primário, apenas. Pais: João Cândido Xavier e Maria João de Deus, desencarnados em 1960 e 1915, respectivamente. Infância difícil; foi caixeiro de armazém e modesto funcionário público, aposentado desde 1958. Em 8 de julho de 1927 participa de sua primeira reunião espírita. Até 1931 recebe muitas poesias e mensagens, várias das quais saíram a público, estampadas, à revelia do médium, em jornais e revistas, como de autoria de F. Xavier. Nesse mesmo ano, vê, pela primeira vez, o Espírito Emmanuel, seu inseparável mentor espiritual até hoje – concluiu Rafael.
- Como até hoje? Ele já não morreu? – perguntou o Monge.
- Exatamente, por isso disse até hoje.
O Monge responde que havia entendido.
- Segundo sua biografia – continuou Rafael –, desde os quatro anos de idade o menino Chico teve a sua vida assinalada por singulares manifestações. Seu pai chegou, inclusive, a crer que o seu verdadeiro filho havia sido trocado por outro. De formação católica, o garoto orava com extrema devoção, conforme lhe ensinara D. Maria João de Deus, a querida mãezinha, que o deixaria órfão aos cinco anos. Dentro de grandes conflitos e extremas dificuldades, o menino ia crescendo, sempre puro e sempre bom, incapaz de uma palavra obscena, de um gesto de desobediência. As "sombras" amigas, porém, não o deixavam. Conversava com a mãezinha desencarnada, ouvia vozes confortadoras. Na escola, sentia a presença delas, auxiliando-o nas tarefas habituais. O certo é que os seus primeiros anos o marcaram profundamente; ele nunca os esqueceu. A necessidade de trabalhar desde cedo para auxiliar nas despesas domésticas foi, em sua vida, conforme ele mesmo o diz, uma bênção indefinível.
- E sobre a doença desde cedo – retrucou o Monge.
- Sim, a doença também viera precocemente fazer-lhe companhia. Primeiro os pulmões, quando trabalhava na tecelagem; depois os olhos e por ultimo é a angina – assim respondeu Rafael.
- Quando ele começou a ser conhecido? – perguntou o monge.
- Ele iniciou publicamente – Rafael continua a exposição – seu mandato mediúnico em 8 de julho de 1927, em Pedro Leopoldo. Contando 17 anos de idade, recebeu as primeiras páginas mediúnicas. Em noite memorável, os Espíritos deram a Chico o início a um dos trabalhos mais belos de toda a história da humanidade. Dezessete folhas de papel foram preenchidas, celeremente, versando sobre os deveres do espírita-cristão. Em seu depoimento de Chico Xavier disse: “Era uma noite quase gelada e os companheiros que se acomodavam junto à mesa me seguiram os movimentos do braço, curiosos e comovidos. A sala não era grande, mas, no começo da primeira transmissão de um comunicado do mais além, por meu intermédio, senti-me fora de meu próprio corpo físico, embora junto dele. No entanto, ao passo que o mensageiro escrevia as dezessete páginas que nos dedicou, minha visão habitual experimentou significativa alteração. As paredes que nos limitavam o espaço desapareceram. O telhado como que se desfez e, fixando o olhar no alto, podia ver estrelas que tremeluziam no escuro da noite. Entretanto, relanceando o olhar no ambiente, notei que toda uma assembléia de entidades amiga me fitava com simpatia e bondade, em cuja expressão adivinhava, por telepatia espontânea, que me encorajavam em silêncio para o trabalho a ser realizado, sobretudo, animando-me para que nada receasse quanto ao caminho a percorrer”.
- Como consegue guardar tanta coisa na memória? – perguntou o monge – Desculpe interrompê-lo pode continuar.
- Tenho facilidade em memorizar o que vejo e de entender aquilo que escuto e leio – respondeu Rafael continuando –, o Espírito Emmanuel deu-lhe duas orientações básicas para o trabalho que deveria desempenhar. Fora de qualquer uma delas, tudo seria malogrado.
- Quais seriam? – perguntou o monge.
- O Espírito Emmanuel disse: Eis a primeira: “Está você realmente disposto a trabalhar na mediunidade com Jesus?” Chico responde que sim, mas somente se os bons espíritos não o abandonarem – respondeu Emmanuel: – “Não será você desamparado, mas para isso é preciso que você trabalhe, estude e se esforce no bem”. Em seguida Emmanuel diz que Chico procurasse respeitar os três pontos básicos para o Serviço e Chico lhe perguntou qual seria o primeiro e ele respondeu: Disciplina, o segundo disciplina e o terceiro disciplina.

Rafael faz uma pausa porque alguns monges o chamam pra comerem e pergunta o que teria no cardápio daquele dia.
- O Zanba, farinha da cevada qingke (a comida principal tibetana) – respondeu o monge.

Rafael explica que eles gostam de beber o chá com nata, o chá com leite, cerveja de cevada (chang) e o vinhi qingke, gostam de comer carne de vaca, porco e carneiro. Rafael explica que o chá permanece algum tempo descansado e em seguida, vertido em uma batedeira, e são acrescentados sal e manteiga antes na mistura que é agitada. O chá amarule da China e folhas naturais do Tibet são servidos com soda, o resultante é de um branco avermelhado claro e tem uma superfície manteigosa grossa. Chang que é levemente intoxicante é grosso e branco tem gosto de doce e pungente. Rafael diz ter adorado tais combinações exóticas.

Após a refeição, antes de reiniciar a conversa sobre Chico Xavier, combinam fazer uma caminhada para o topo do passo Drolma (5636m) para o próximo dia. A subida é íngreme e passa por diversos locais espirituais, que com pequenos rituais, servem para limpar os pecados da vida atual e melhorar as perspectivas da vida. A travessia do passo representa a transição das vidas. Acredita-se que lá todo peregrino renasce e todos os seus pecados são perdoados pela Deusa da Piedade. É um local para reconstituir-se, por isso mais manteiga de iaque é queimada, mais bandeiras são penduradas, mais prostrações, oferendas e pedidos são feitos. É no topo do passo que as pessoas fazem sua melhor refeição, para garantir fartura nos tempos que virão. Rafael diz que a impressão que se tem era de estar no topo do mundo, respirando o ar mais puro enquanto se festeja com queijo de yak seco, tsampa misturado com manteiga e açúcar e algumas balas trazidas por um monge. Lá Rafael e o Monge Kun-mKhyen aproveitaram para descansar e se juntar aos demais. Segundo Rafael, não há como não refletir sobre sua vida e ter algumas palavras seja qual for sua religião, ou qual seja o seu deus.

Kun-mKhyen inicia a conversa perguntado a Rafael se houve outra recomendação.
- Sim, Emmanuel orientou Chico dizendo que trabalharia ao seu lado por um longo tempo, mas que Chico deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec e as palavras de Emmanuel para Chico, segundo o próprio Chico: “se um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e de Kardec, que eu devia permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo”. Eu já li quase todos os livros de Chico. Isto, por que, tive uma vizinha espírita, Marlene, grande mulher – permanece um pouco pensativo e continua: - tenho saudades, lembro de minha mãe.
Rafael começou a chorar.
- Quer parar? – perguntou o monge.
Rafael disse não e iniciou com as palavras:
- Mãe! Irei encontrá-la, não sei se é no futuro ou no passado.
- Voltemos ao Chico! Sua primeira obra foi em 1932, o Parnaso de Além-Túmulo. Mas sua obra psicografada vai a mais de 400. Várias delas estão traduzidas e publicadas em castelhano, esperanto, francês, inglês, japonês, grego, etc. Não ficou com um só tögrög (moeda local da região tibetana). Doou tudo para instituições de caridade – explicando o que era uma instituição de caridade ao Monge. A vida privada e pública de Chico tem sido objeto de toda especulação possível, na informação falada, escrita e televisionada em todas as partes do Brasil. Viajou com o médium Waldo Vieira aos Estados Unidos e à Europa, onde visitaram a Inglaterra, a França, a Itália, a Espanha e Portugal, sempre a serviço da Doutrina Espírita. Chico Xavier é hoje uma figura de projeção nacional e internacional, suas entrevistas despertam as atenções de milhares de pessoas, mesmo alheias ao Espiritismo; tem aparecido em programas de TV, respondendo a perguntas as mais diversas, orientando as respostas pelos postulados espíritas. Chico já recebeu o título de Cidadão Honorário de várias cidades: São José do Rio Preto, São Bernardo do Campo, Franca, Campinas, Santos, Catanduva, em São Paulo; Uberlândia, Araguari e Belo Horizonte, em Minas Gerais; Campos, no Estado do Rio de Janeiro, etc. Dos livros que psicografou já se venderam mais de 15 milhões de exemplares, só dos editados pela FEB, em número de 88. “Parnaso de Além-Túmulo”, a primeira obra publicada em 1932, provocou (e comprovou) a questão da identificação das produções mediúnicas, pelo pronunciamento espontâneo dos críticos, tais como Humberto de Campos, ainda vivo na época, Agripino Grieco, severo crítico literário, de renome nacional, Zeferino Brasil, poeta gaúcho, Edmundo Lys, cronista, Garcia Júnior, etc. Enfim Chico, para mim, é e sempre será o amor, a caridade, a compaixão, o perdão, sendo umas personalidades contemporâneas mais importantes que já existiu.
- Sei que Tenzin Gyatso, Sua Santidade o 14º Dalai Lama, é ao mesmo tempo líder temporal e espiritual do povo tibetano, mas para mim e o povo brasileiro Chico foi e é um líder espiritual de grande importância, incorporando os dizeres de Cristo e de Allan Cardec.


Kun-mKhyen pergunta a Rafael se Chico tinha outros dons mediúnicos alem da psicografia e ele responde:

- O dom mediúnico mais conhecido de Francisco Xavier é o psicográfico. Não é, todavia, o único. Teve ele, e as exercitavam constantemente, outras mediunidades, tais como: psicofonia, vidência, audiência, receitista, e outras. – Rafael continua dizendo – Sua vida, verdadeiramente apostolar, dedicou-a aos sofredores e necessitados, provindos de longínquos lugares e também aos afazeres medianeiros, pelos quais não aceita, em absoluto, qualquer espécie de paga.

Esta foi à vida de Chico, acredito que viva em outro lugar fazendo o bem que sempre fez, dedicando-se ao bem, ao amor.

Estes eram os diálogos que Rafael tinha com o Monge Kun-mKhyen.

Certo dia ao amanhecer Rafael e o Monge Kun-mkhyen, iriam subir até o topo do passo Drolma. Porém, surgiu um problema. Um turista inglês que não entendia a língua tibetana local e Rafael iria ficar para ajudá-lo. Rafael não queria ficar. Por sorte o inglês queria visitar uma região mais abaixo do mosteiro em que estava Rafael. Rafael pegou suas tralhas e foi ao encontro de Kun-mkhyen.

Em menos de duas horas chegou até o Monge, viu-o caído numa trilha rotineira que ambos costumavam passar. O Monge estava desmaiado, tinha batido a cabeça durante a queda. Rafael, cuidadoso e precavido sempre levava consigo cordas, faca e materiais de socorro. O que Rafael não esperava é uma queda que deixaria o Monge desacordado por algumas horas. Aquele local onde o Monge havia caído era frio com ventos que pareciam atingir a alma, cortante e barulhento.

Rafael prestou os primeiros socorros necessários para o momento e em seguida colocara o Monge nas costas, caminhando mais de uma hora e trinta minutos topo abaixo até um lugar seguro.

Se Rafael não tivesse socorrido, com certeza o Monge teria morrido. Em seguida descansou por alguns instantes e levou o Monge até o mosteiro. Lá o Monge foi tratado das lesões e da fratura na perna esquerda.

Kun-mkhyen, agradecido passou a chamar Rafael de “Bangse”. Bangse é uma palavra que significa “livrando-se da má sorte”. É uma palavra antiga usada no período da religião Bon. Assim que uma criança nascia os visitantes presenteavam um khata de seda para mãe, e palavras de benção para o bebê. Esta visita era chamada de “bangse”.

As últimas palavras que Bangse disse ao Monge Kun-mkhyen foram:

- Não se esqueça de me enviar pelo correio as plantas para meu chá periodicamente.

Em sua mala trás consigo roupas, alguns pertences, alguns presentes locais para o tio Alfredo, a tia Rosa, e muitas fotos em sua maquina digital, fora as que já havia enviado no e-mail do tio e seus chás tibetanos.

No aeroporto de Nepal vem em seu pensamento, o primeiro amor que conheceu na faculdade, a qual teve um grande relacionamento, que o nome até lembrava a primeira garota quando criança, Ana Paula.

Ainda no saguão do aeroporto enquanto esperava o avião, foi até a livraria e na prateleira de filosofia comprou o livro de Martin Heidegger, “O que é metafísica?”.

Enquanto lê o livro, introspectivo em seu pensamento fala consigo mesmo:
- Edgar Morin diz que nossa sociedade complexa tem uma extraordinária necessidade de responsabilidade e solidariedade, ao mesmo tempo em que, a sociedade complexa pode desintegrar-se se não há alguma coisa para preenchê-la. E o que há preenche na realidade é a solidariedade. Eminentemente que isso é construído na alma a partir do Estado/Nação da palavra pátria. Morin está extremamente certo ao efetivar a idéia de que a diversidade é mais antiga que a nossa pátria. Por isso devemos solidariedade ao planeta terra. Esta é a responsabilidade de cada ser humano. Assim como expressou o sociólogo Foucault, “o cuidado de si e do outro”, o amor nas palavras de Chico com a frase: “o bem que praticares, em algum lugar é teu advogado em toda parte”. Cristo quando diz “amai o próximo como a ti mesmo”. Mesmo Nietzsche, em sua filosofia trágica diz que o amor ao próximo é sempre algo secundário em parte convencional, arbitrário e ilusório, tudo em relação ao temor ao próximo. Segundo Nietzsche é esse temor ao próximo que torna a criar novas perspectivas de valoração e não seria necessário se os homens não tivessem espírito empreendedor, para a temeridade, a sede de vingança, a astúcia, a rapacidade, a ânsia de domínio. Porém, é cruel imaginar um mundo totalmente Nietzscheano, seria o caos absoluto, talvez vários super homens em busca do poder, a constante superação. É fato que Nietzsche considerava fundamental aquilo que não passa de uma simples força em relação à vida entendida como vontade de potência. Para Nietzsche, como ele mesmo afirma, “todo corpo específico aspira a tornar-se totalmente senhor do espaço e estender sua força (sua vontade de potência) a repelir tudo o que resiste à sua expansão”. Não ignoramos que sua afirmação é tanto para o biológico orgânico quanto para a vida em si, para a estrutura social. Deixe para lá, devo pensar o que vim buscar?

Chega o momento do embarque, sua mala passa por uma revista, os chás são verificados e Bangse entra no avião com o livro na mão e introspectivo em seus pensamentos.
- Sei que vim buscar o conhecimento do Dharma. Assim como no Kardecismo o Dharma busca o progresso espiritual com a sucessão de reencarnações, cuja natureza é governada pela lei do Karma (bons ou maus feitos e suas conseqüências), pela moralidade como ação correta. Contribuindo para a extinção do karma esta a proibição de se tirar uma vida humana ou animal, do furto e da mentira, da apreciação a castidade e culto ao amor universal. – continua com seus pensamentos sem ser interrompido por ninguém. – Aprendi muito é certo, mas o querer saber mais é uma forma de poder nietzscheano que eu sempre abominei. É uma vontade de poder! Tudo que aprendi esta mais para o Mozart nietzscheano, uma boa sociedade, entusiasmo, prazer infantil em floreios, cortesia de coração, apaixonado, dançante e feliz, do que para Beethoven, algo que constantemente quebra, uma alma futura e mais jovem, que sobrevém; sobre sua musica está esse crepúsculo da eterna perda e da eterna extravagância. – volta seus pensamentos ao Dharma – Meus ensinamentos do Dharma da escola Theravada esta ligada à salvação, que é mais importante que qualquer outro problema metafísico. O que pretendo é alcançar o estado Arhat (O Precioso), o não retornante. Por outro lado, aprendi na escola Mahayana pensamento metafísico com uma proliferação de entidades celestiais (anjos, seres místicos, santos e seus discípulos), um ideal Bodhisattya. Um Arhat alcança a salvação e é aceita sua beatitude individual, um Bodhisattya, pelo contrário, alcança a iluminação, porém, adia o recebimento da benção celestial, permanecendo no vai e vem de morte e renascimento até que todo ser sensciente tenha completamente se libertado do sofrimento. – em seguida retorna – Deixa eu me concentrar na leitura!


Depois de algumas horas concentrado na leitura, retorna ao pensamento, elogiando Heidegger. Em seu pensamento:
- Incrível Heidegger referente às três dimensões, ao mundo, ao comportamento e a irrupção. Isto trás uma radical unidade, uma severidade do ser-aí, na existência cientifica: aquilo para onde se dirige a referência ao mundo é o próprio ente – e nada mais. Aquilo de onde todo o comportamento recebe sua orientação é o próprio ente – e além dele nada. Aquilo com que a discussão investigadora acontece na irrupção é o próprio ente – e além dele nada. O que é nada. O que é o nirvana. Realmente a ciência rejeita o nada, mas regra fundamental do pensamento a que comumente se recorre, o princípio da não-contradição, a lógica universal, arrasa esta pergunta. Pois o pensamento, que essencialmente sempre é pensado de alguma coisa, deveria, enquanto pensamento do nada, agir contra sua própria essência. – com um leve sorriso introspectivo em seus pensamentos – Heidegger! Acho que ele já esteve no Tibet.

O avião chega ao Brasil. E Bangse desce no Aeroporto Internacional de Guarulhos pegando um Táxi até a casa de seu pai.

De volta ao Brasil, Rafael, passa a ser chamado por ele mesmo quando se apresenta a uma pessoa com o nome de Bangse.

Trás consigo toda vivencia e os três principais comprometimentos da vida tibetana.

Em primeiro lugar, como ser humano, o comprometimento da promoção de valores humanos como a compaixão, o perdão, a tolerância, o contentamento e a autodisciplina. Isto porque todos os seres humanos são iguais. Todos nós queremos a felicidade, e todos nós queremos evitar o sofrimento. Mesmo pessoas que não têm religião reconhecem a importância destes valores humanos para tornar suas vidas mais felizes. Sua Santidade, Dalai Lama Tenzin Gyatso refere-se a estes valores como sendo da ética secular, leiga. E mantém-se comprometido a falar da importância destes valores humanos, e citá-los a todas as pessoas que encontre. Bangse procura passar esses ensinamentos.

Em segundo lugar, como praticante religioso, Bangse passa a ficar comprometido com a promoção da harmonia religiosa e do entendimento mútuo entre as religiosas. Não obstante as diferenças filosóficas, todas as grandes religiões mundiais têm o mesmo potencial de criar bons seres humanos. Assim, Bangse dizia ser importante que todas estas tradições respeitem-se umas às outras, e que cada uma reconheça o valor das demais. Uma única verdade e uma única religião são relevantes no nível individual. Entretanto, no nível mais amplo da comunidade, muitas verdades e religiões são necessárias.

Em terceiro lugar, Bangse, acredita ter a responsabilidade como Dalai Lama, em que os tibetanos depositam sua confiança nele. Bangse, da mesma forma acha que tem esse comprometimento com seu país, o Brasil, que tem a responsabilidade de agir como porta voz dos brasileiros em sua luta por justiça. Ao mesmo tempo coloca o terceiro lugar em duvida quando quer para si aquilo que almejava desde os sete anos, “ter um contato com Deus”.

Seu Madeira estava acabado, não tinha se casado de novo, estava doente. Porém, se aposentou como porteiro de uma metalúrgica próximo da casa em que morava.

Bangse ao ver o pai, chorou de emoção, os dois se abraçaram.

Em seguida ligou para os tios dizendo que a viagem foi ótima e estava tudo bem. Ligou também para Ana Paula, sua mãe atendeu e disse que ela já havia casado com outro e tinha um filho de quatro anos. Bangse ficou muito triste por ele, mas ficou contente por ela, que, segundo a mãe, estava feliz com a criança e o marido.

Para Bangse não foi fácil, ele tinha dito a ela para esperar que ele voltava, mas ela não quis ler as cartas que eram lhe enviadas, e não atendia os telefonemas dele enquanto esteve fora.
Isto porque ela havia lhe pedido para não ir, chorou e sofreu muito. Mas Bangse precisava aprender, ele sempre buscou o entendimento.

Seu pai achava estranho o nome que havia adotado, mas o continuou chamando de Rafael.
- Rafael, seu amigo Fernando esteve te procurando algumas vezes aqui.
- Isso é muito bom, maravilhoso, adoro Fernando, sempre foi meu melhor amigo desde a infância. – contente por saber que o amigo não o esquecera apesar do tempo – onde posso encontrá-lo?
- Eu não sei onde ele mora, mas me disse que estava lecionando matemática na escola ali perto Mercado Municipal. – responde o pai.
- Sei onde fica, irei para lá agora mesmo, tchau pai! – da um tapinha carinhosamente nas costas do pai e parte.

Ao chegar à escola conversando com os demais lhe informaram que Fernando só lecionara nos períodos noturnos naquela escola.

Após o jantar Bangse procurou o amigo, esperou sua saída da escola, pois Fernando só tinha duas aulas neste dia.

Fernando disse que tinha uma lanchonete muito boa dentro do Mercado e disse que o mesmo agora ficava aberto vinte quatro horas. E foram conversando sobre a infância até a escola.

Ao chegar à lanchonete, Fernando pediu uma cerveja e Bangse um chá e iniciaram um longo dialogo sobre o Tibet de mais de duas horas.

Fernando o convidou para lecionar filosofia na sua escola, pois faltara professor. Bangse aceitou e se despediram após a conversa.

Ele precisava do emprego para ajudar seu pai com as despesas.

Tia Rosa tinha uma amiga coordenadora em uma faculdade em Belo Horizonte que convidou Bandse a lecionar lá, mas ele preferiu ficar com o pai e ter tempo para suas meditações. Ele sabia que uma carreira universitária iria atrapalhar aquilo que buscava.

Bangse começou a lecionar no período noturno para o ensino médio e ficou com as manhãs e tardes livres para meditação. Madeira não gostava, achava que o filho deveria trabalhar durante outros períodos já que não fazia nada o resto do dia. Para ele aquilo que Bangse fazia nas meditações eram bobeiras. Houve algumas discussões por parte dele já que Bangse não respondia as suas insinuações e nem aos insultos agressivos do pai. O pai se irritava ao vê-lo tomando aqueles chás. O pai não entendia aquele monte de livros que lia e relia.

Mas foi em uma caminhada numa manhã de domingo, após tomar seu chá, em um bosque próximo ao Horto Florestal de São Paulo.

Bangse alinhou a coluna, firme com os pés no chão, respirando esvaziando bem os pulmões, soltando todo o ar pela boca bem lentamente, caminhando lentamente com passos miúdos, um passo do tamanho da metade de seu pé. Expirando e avançando da mesma forma, sentido o chão sob os pés, a brisa no rosto, as áreas de luz e de sombra ao seu redor, percebendo que às vezes pensa ou não pensa, sentindo sua mente na mais livre harmonia, em paz. Numa passividade até então só sentida no topo do Passo Drolma, repentinamente, se sentia em frente a uma parede. Bangse via feixe de luz entrando pelas narinas e sentindo até os pulmões. Sentia entrar a luz na circulação, passando pelo coração e pelos órgãos internos e quando chegava ao cérebro emanava irradiação para fora, de tal intensidade que entrou em transe profundo por mais de dez horas.

Durante essas dez horas passou a girar em torno de um jardim sempre da mesma forma, teve até um casal que ao passar por ele comentou:
- Aquele homem vai furar o chão andando desse jeito! – e riram.

Ao voltar a si já era noite. Achou estranho ter perdido tanto o controle sobre si.

Como Bangse era um estudioso no assunto, estava sempre bem informado e começou a achar que era o chá. O tal DMT, que alguns estudiosos acreditam que seja uma substância alucinógena mais poderosa que existe.

Ele havia lido em uma revista americana denominada “Tricycle” que trata somente de assuntos ligado ao budismo.

Ao chegar a sua casa, o pai preocupado brigou mais uma vez com ele, dizendo que pelo menos avise se irá voltar ou não.

Mais uma vez explica o que ocorrera para o pai. Madeira não entendia e estava achando que o filho estava ficando louco.

Depois deste acontecimento resolveu entrar em contato com um professor universitário, psiquiatra, especialista em alucinógenos, o Dr. Allan R. Johnson.

Dr. Allan era ateu convicto, tinha doutorado pela Universidade de Marshall.
Bangse se apresentou a Allan este o convidou para fazer parte de uma pesquisa que vinha sendo feita na universidade em que lecionava. Bangse aceitou, assim marcaram o dia e a hora para os trabalhos de pesquisa.

Dias depois, chega o momento e Bangse vai a universidade se encontrando com o Dr. Allan.
- Tudo bem Dr. Allan. Como vai? – estendendo sua mão para cumprimentá-lo.

Enquanto o Dr. Allan mostra seu local de trabalho, falando sobre a pesquisa, apresenta a Bangse sua secretaria Joyce e seus assistentes, Dr. Guilherme e Dra. Fabiola.

Bangse atentamente observa os detalhes, a sala anteriou onde ficava a Dra. Joyce, na sala ao lado ficava os computadores acoplados a aparelhagem EEG digital moderno. Nesta sala havia um vidro enorme que lhe permitiam ver que o que se passava na outra sala. A outra sala era totalmente aprova de som, silêncio absoluto, pequena medindo aproximadamente quatro por três metros.
- Bem, vamos começar? – disse Dr. Allan.
- Calma Dr., primeiro eu gostaria de saber nas suas palavras o que é DMT? – Bangse sabia mas queira detalhes do Dr. Allan.
- O DMT – inicia Allan – é uma molécula relativamente comum no cérebro e no corpo humano (além de diversos animais e plantas). Seu efeito é ativado somente em circunstâncias especiais. Não há efeito porque algumas enzimas quebram a molécula antes de ela interagir com o cérebro. O DMT é parte fundamental da ayahuasca, bebida sacramental de efeito enteógeno. Além disso, há no chá componentes inibidores da enzima que anula o DMT. Assim, eles ativam e prolongam o efeito do DMT, além de conterem seus próprios efeitos.
- O que a comunidade budista acha deste trabalho de vocês? – Bangse pergunta preocupado com a comunidade Budista instalada em vários países.
- A comunidade Budista ordenou que este trabalho fosse interrompido nos EUA. – continua Dr. Allan – Os Budistas ficaram irritados e conseguiram fazer com que a pesquisa fosse suspensa.
- E o que o Sr. acha disso? – querendo a opinião do Dr.
- Tenho certeza que uma troca aberta entre as comunidades budistas mais avançadas ajudaria na investigação cientifica de tais alucinógenos. Também, acredito que muitas comunidades budistas do ocidente misturam componentes alucinógenos aos chás consumidos pelos seus integrantes. – esfregando uma mão na outra continua – pessoalmente, acho impossível e inviável que qualquer comunidade budista "oficial" integre componentes químicos psicodélicos em suas práticas. Já o contrário (budismo beneficiando grupos que usam enteógenos) é tão possível que isto é usado a algum tempo no Brasil (principalmente, entre grupos huasqueiros independentes). Nos EUA, isso vem desde a era hippie, do bom e velho “rock em roll”. – Allan preocupado com os afazeres – o papo esta muito bom, mas não tenho tempo de ficar aqui conversando. Vamos ao que interessa: você tomara estes chás e entrará naquela sala para meditar, em seguida colocaremos essa “parafernalha” de fios em sua cabeça e alguns em seu corpo.
Bangse interrompe dizendo:
- Tem apenas um, porém Dr., eu trouxe comigo o meu chá que vem direto do Tibet.
- Certo, só tem um adentro – diz Allan – eu gostaria de uma amostra para exames laboratoriais.

Bangse entrou em uma sala para se trocar, fez questão de colocar uma roupa mais leve. Em seguida prepararam-lhe o chá e ele entrou na sala de meditação. Allan colocou pessoalmente os eletrodos magnéticos na cabeça de Bangse que estavam ligados aos aparelhos e a um computador.

Depois de aproximadamente quarenta e cinco minutos, aquilo que ocorrera no bosque próximo ao Horto Florestal, repetiu-se novamente. Feixes de luzes intensos, parede e Bangse.

Enquanto isso os aparelhos acusaram ondas cerebrais diminuindo, a uma freqüência cardíaca era reduzida a dez nos primeiros quarenta e cinco minutos e uma respiração mórbida. Allan tinha outros afazeres. Às vezes passava na sala e dizia ao seu assistente de pesquisa que ficasse de olho.

Ao passar três horas seu coração estava a cinco batimentos por minuto, ondas cerebrais intensas e praticamente sem respiração.

Depois de quatro horas no estado de meditação, Allan, tenta despertar Bangse. Este aos poucos retorna ao seu estado normal.

O Dr. Allan nunca tinha visto nada igual, uma coisa absolutamente fantástica, dizendo:
- Você meu rapaz estava com o corpo praticamente morto. Não sei como, mas estava. Seu corpo não correspondia ao que o cérebro estava fazendo. Uma experiência fantástica. Você estava com o cérebro em ondas de Beta, Alfha, Theta até Delta, em seguida retorna a Beta (que pode chegar a 20 e você chegou a 35 ciclos por segundo).
- Você estava mais que vivo e com o corpo morto. Nunca vi nada igual.

Em seguida virou para o assistente e disse:
- Quero ver estes registros, imprima e leve para minha sala!

Eles se despediram e Bangse não estava impressionado, pois sabia que aquilo era comum entre os monges sábios tibetanos. O que Bangse não sabia era que ninguém tinha conseguido jamais uma intensa vibração cerebral com aquela freqüência cardíaca.

No mesmo dia Allan, pega os registros e começa a interpretá-los: verifica a atividade Poliponta, complexo de atividade eletroencefalográfica onde duas ou mais pontas acontecem em seqüência, esta alterada. Assim, ele nota que podem estar associados a mioclonias de origem epiléptica e em Síndrome de Lennox-Gastaut. Allan acha estranho porque alterações da atividade elétrica cortical podem sugerir tipos específicos de epilepsia, tumores, encéfalopatia metabólica etc. ao mesmo tempo em que Bangse não tinha nenhum problema conforme exames feitos anteriormete. Estranho, Também, a pulsação e respiração mórbida de Bangse e uma alteração repentina de Delta para mais que Beta.

Resolve dedicar-se mais aos estudos com Bangse e os chás tibetanos.

Dois dias depois, Allan mais calmo, com os outros afazeres deixados ao seu assistente Dr. Guilherme, recebe Bangse em seu ambiente de pesquisa.

- Tudo bem Bangse, como passou nos últimos dois dias?
- Tudo bem, como diz a garotada da escola: sem problemas! – brincando Bangse para tornar o ambiente menos formal.
E o Dr. Continua:
- Gostaria de conversar um pouco sobre você. – enquanto falava oferecia uma cadeira para que Bangse sentasse – hoje deixei a tarde toda só para esta conversa.
- O que gostaria de saber? – diz Bangse após sentar em uma cadeira – Não sou seu paciente! Ou sou?

O Dr. explica que não, e apenas quer conhecê-lo melhor, iniciando perguntando qual era sua profissão, se ele tinha curso universitário, e se tinha como cursou. No sentido de sua participação como aluno.

Bangse responde sem a pretensão de se aparecer, e sim de expor a verdade.
- Atualmente leciono filosofia numa escola pública, mas minha formação é psicologia. Durante o curso de psicologia ganhei alguns prêmios como: “Cientistas de Amanhã”, o “Prêmio Saúde Brasil”, etc., os quais me permitiram juntar umas economias para que eu pudesse passar alguns anos no Tibet.

E a conversa se estendera durante as quatro horas que seriam utilizados para a pesquisa de Allan. Na qual Bangse expôs muitas curiosidades e costumes tibetanos, além de suas experiências vividas com o Theravada e Mahayana dos ensinamentos do Dharma. Entre outros assuntos o Dr. Allan não sabia que os esportes como o jogo de Pólo a cavalo, e o Tai Chi Chuan, o Aikido, o Jiu-Jitsu e o Shorinji kempo tiveram sua origens no Tibet. Bangse conta também que o ator Steven Seagal é a reencarnação de um monge lama tibetano.

Allan disse a Bangse que era ateu e não acreditava e em reencarnação. Bangse respeita as opiniões e ambos se despedem.

Como os trabalhos de pesquisa eram realizados duas vezes por semana, Bangse apenas retornou na semana seguinte.
- Boa tarde Dr., tudo bem?
- Tudo! Conhece esta aparelhagem? – disse Dr. Allan estendendo a mão para cumprimentá-lo.

Mais uma vez, Bangse diz sem a intenção de mostrar superioridade de conhecimento e sim expor aquilo que já tinha lido em algum lugar:

- A detecção da atividade elétrica cerebral iniciou em 1875, mas foi somente a partir de 1929 que o EEG humano foi demonstrado e aplicado. Só que na época o EEG compreendia oscilações de potencial elétrico, tal como agora, só que ocorriam continuamente entre regiões monitoradas do couro cabeludo, através de eletrodos acoplados a sistemas amplificadores e registradas com oscilógrafos a tinta. Hoje os sinais analógicos são apresentados em monitores digitais, em gráficos totalmente mais fáceis de serem identificados.

Allan ficou surpreendido com o conhecimento de Bangse e inicia seu trabalho acompanhado por um jovem aluno, André. Bangse toma seu chá e vai para a sala de meditação em que Guilherme coloca os eletrodos em sua cabeça, só que desta vez colocando alguns nos lobos das orelhas.

Em menos de meia hora ele passa de Beta (13 ciclos/seg) para Alfa (8 - 13 ciclos/seg), em seguida Teta (4 - 7 ciclos/seg), descendo para Delta (3 ciclos/seg).

Allan observa os fenômenos peculiares que ocorrem nas membranas dos neurônios situados em áreas epileptogênicas. Uma elevada despolarização da membrana neuronal seguida por trens de alta freqüência de potenciais de ação gerada por mecanismos sinápticos e não-sinápticos. Segue-se um período de hiperpolarização prolongada de membrana. E, Allan observa tambèm uma sincronização anormal de disparo neuronal nas áreas focais epilépticas, contando com a participação de diversos neurônios na geração da alteração paroxística de despolarização.

Allan chama seu assistente Guilherme e seu estagiário André dizendo para que eles o acompanhassem nos trabalhos.

Guilherme observando disse:
- Os paroxismos registrados no EEG provavelmente refletem a seqüência de eventos de despolarização, hiperpolarização e sincronização que podem ocorrer em indivíduos não epilépticos.
- Vamos ver se acontecera igual ao primeiro dia que Bangse esteve aqui! – exclama Allan olhando para Guilherme.

Depois de alguns instantes suas ondas cerebrais vão para os mesmos 110 ciclos por segundo.
Allan chama André dizendo:
- Beta: Caracteriza-se por freqüências rápidas (13 a 20 ciclos por segundo). É produzida no estado de vigília, é quando nosso cérebro está atento ao mundo exterior. São as ondas do cérebro quando estamos trabalhando. Alpha: São as ondas mais lentas (7 a 12 ciclos por segundo). É o reflexo de um estado de relaxamento, de repouso físico e mental. Theta: São as ondas da meditação, da criatividade, da receptividade ao estudo. São produzidas freqüentemente por crianças e artistas (5 a 7 ciclos por segundo). Delta: São as ondas do sono. São amplas e lentas (1 a 3 ciclos por segundo).
André sabia disso, pois era o básico. E, Allan continúa:
- Cada um de nós passa naturalmente por estes estados durante as 24 h do dia. Mas não exatamente quando e como desejamos. A experiência nos mostrou que através da yoga, da meditação, poderíamos atingir este ou aquele tipo de onda à nossa vontade. O problema seria á dedicação e o treinamento necessário para ter o sucesso obtido por Bangse.

André sabia de tudo isso, mas gostaria de saber sobre o aparelho EEG, a amplitude das ondas, etc. e perguntou ao Dr. Allan. Allan muito agitado respondeu:
- EEG denota variação da voltagem no tempo. A voltagem registrada determina a amplitude da onda, e uma escala é necessária no traçado. A medida de voltagem de cada onda é ineficaz, sem finalidade prática e sujeita á erros. Geralmente a amplitude é considerada baixa, média ou alta, após uma avaliação geral do traçado. Amplitudes altas são freqüentes em crianças, durante a hiperpnéia, e em ritmos de frequência inferior a 13Hz. Amplitudes baixas são registradas em situações de ansiedade, dor, e por vezes lesões cerebrais importantes. A interpretação dos achados na variação de amplitude é muito importante devido ao grande número de situações que podem acarretar tal variação. O que me causa espanto é o ritmo Beta de Bangse. Não é comum uma freqüência maior que 13/seg. Devido às limitações do registro, 50 a 70 c/seg costuma ser o máximo registrado, mas é raro observar-se beta a esta freqüência. A freqüência máxima costuma ser 35c/seg. A amplitude é geralmente menor que 30mV. Adultos em vigília apresentam atividade beta principalmente nas regiões anteriores do cérebro. Alguns medicamentos e o sono podem aumentar a freqüência das ondas beta de um indivíduo. Distúrbios psiquiátricos, por vezes, cursam ondas generalizadas de Beta, de alta freqüência. Estranho, também, Bangse passar de ondas Delta para ondas Beta. Isto, porque, Delta, são ondas lentas, geralmente de grande amplitude, mais comum na forma intermitente. É um ritmo comum em crianças pequenas, recém-nascidas, e encontrado durante o sono. Durante a hiperpnéia voluntária, podem ser observados surtos de ondas Delta, generalizados, uma resposta fisiológica do sistema nervoso central à variação de pCO2. – didaticamente Allan explicaria tudo a André. – Atividade Delta em surtos, desorganizando o traçado de base, pode ser observada em diversas patologias inflamatórias, infecciosas, e intoxicações por drogas, tentarão não usar o chá em Bangse no próximo encontro. Atividade lenta intermitente e generalizada que Bangse apresenta nos primeiros trinta a quarenta minutos da experiência, seria uma disfunção cerebral por patologia que atinge o cérebro como um todo.
- Que tipo de patologia? – indaga André
- Uma hemorragia subaracnóide ou algumas doenças degenerativas, que não é nosso caso aqui. – responde Allan continuando – Vale ressaltar que descargas paroxisitcas no EEG são indicadores de um desvio do comportamento neural que pode ou não estar relacionado a crises epiléticas. Bangse consegue atingir ondas deltas chamadas de Ponta/onda, 2 a 2,5 ciclos por segundo na região frontal, isto significaria um caso de Lennox-Gastaut.
- O que é Lennox-Gastaut?– pergunta André.
- É uma síndrome epiléptica, hidrocefálica e encefalítica da neurocisticercose, o paciente tem episódios de descompensação da hipertensão intracraniana por obstrução do sistema de derivação ventriculoperitoneal, retardo no desenvolvimento neuropsicomotor e causa cegueira. – explica Allan como educador que era.

Enquanto a conversa se passa entre Allan e André, Bangse entra num vai e vem de feixes de luzes em forma de roda moinho, intensamente forte, sugando-o para dentro em direção ao infinito. É como se ele visse a sua frente luz, atrás luz e nas laterais luzes. Só voltando apenas ao interromper o trabalho de pesquisa da equipe de Allan.

Ao terminarem Allan, Bangse, Guilherme e André vão até uma das lanchonetes da universidade e começam a conversar.

Bangse começa a contar sua vida espiritualista, a Fisiologia da Alma, desde Marlene. Isto chamou a curiosidade de Guilherme que contou que já havia tido um caso com uma tia que se curara com uma cirurgia espiritual. Em seguida, perguntou a Bangse como ocorre a reencarnação segundo o espiritismo.

Bangase explica da seguinte maneira:

- Segundo o Kardecsismo o ser humano é composto pela alma ou Espírito encarnado com seu Perispírito que, ao encarnar necessita se relacionar ao Fluido Vital e ao Corpo Físico. Para que exista a alma, isto é, para que o Espírito reencarne, é necessária a presença destes elementos destacados e, é na interação deles, que se tem a Fisiologia da Alma. Para os cardesista, o espírito é “uma chama, um clarão ou uma centelha etérea”. São eles (os Espíritos) incorpóreos e não imateriais; é a matéria quintessenciada, porém sem analogia para os homens e tão etérea que escapa inteiramente ao alcance de nossos sentidos. Apenas os médiuns têm esse alcance. A inteligência, o pensamento, à vontade, a consciência, as leis morais, a memória e a sensibilidade são atributos do Espírito que, ao encarnar, ao ingressar no seu cárcere fluídico, mudam temporariamente. Sua essência não muda, mas, algumas de suas ações, sua fisiologia, podem ser adquiridas umas e perdidas outras. É importante saber que é o Espírito que comanda a evolução, refletindo no perispírito a sua nova imagem, “porque o Espírito evolui tudo o mais se transforma” e diríamos mais: tudo se transforma sob a égide do Espírito, porque o perispírito é moldado pelo Espírito e molda, mantendo a forma do corpo físico; o perispírito é o plastificante do corpo, mas é configurado, ele também, pelo Espírito.

André pergunta o que seria o Perispírito para Bangse.
- É o envoltório do Espírito, veículo de todas as suas manifestações, retirado do fluido universal de cada globo, tomando assim o seu passaporte planetário e a forma que lhe queira dar o Espírito, podendo também se tornar visível e tangível por combinação de fluidos. No Perispírito preside às manifestações anímico-mediúnicas, desdobra-se durante o transe magnético, sonambúlico e mediúnico, quando então se projeta na dimensão extra física, visita colônias espirituais e torna-se, por vezes, visível em lugares distantes. Como a alma está vinculada ao corpo físico, durante estas projeções mantêm-se a ele ligado por seu laço fluídico ao qual se dá o nome de cordão fluídico ou de prata. Este somente se rompe após a morte, quando se extingue a atividade vital e, por conseguinte, a vida. – Bangse também gostava de dar explicações quando percebia o interesse da pessoa e continua – Segundo Kardec, o Espírito é o dínamo, o perispírito é o motor e o fluido vital é a carga, a eletricidade animalizada de nossas baterias, responsável pela manutenção e reparação da matéria viva, cessada a carga, deixa de haver vida e obviamente sobrevém a morte, por esgotamento do fluido vital, mas também pode se dar, embora com sua presença, por falência orgânica súbita, ficando ele impotente para transmitir o movimento da vida. Kardec diz que: “O Espírito tem no perispírito o seu almoxarifado, seu armazém de memórias e aquisições”.

Quando Bangse termina a frase de Kardec, Allan, séptico, não se deixa levar. Porém, educadamente diz:
- Está na hora de irmos, amanhã temos que trabalhar cedo. Vamos André! Dou uma carona para você.

Durante aproximadamente um mês, Allan, Bangse, Guilherme e André, após o expediente de trabalho, se reúnem para conversarem na lanchonete da universidade. Conversa esta que acaba virando rotina depois do trabalho de pesquisa com Bangse.

Os assuntos eram o espiritismo, Bangse no Tibet, e Allan, expondo suas convicções sobre o que achava de tudo isso.

Em uma das conversas Allan disse a famosa frase de Steve Knight: “Deus é um ser mágico que veio do nada, criou o universo e tortura eternamente aqueles que não acreditam nele, porque os ama”. Explicando que tudo que a humanidade sofreu com as guerras, com a pobreza, com a pestilência, com a fome, com o fogo e com o dilúvio. Assim, dizendo que Deus historicamente era a razão de todo o pavor e toda a dor de todas as doenças e de todas as mortes; e este é o consolo das religiões; e esta é a justiça de Deus; e esta é a misericórdia de Cristo. Alertando, também, que muitos morreram em nome de Deus, do Deus cristão.

Allan coloca as interrogações de Epicuro: “Deus deseja prevenir o mal, mas não é capaz? Então não é onipotente. É capaz, mas não deseja? Então é malevolente. É capaz e deseja? Então por que o mal existe? Não é capaz e nem deseja? Então por que lhe chamamos Deus?”. Também, dizendo:
- Você, Bangse, não adora Nietzsche, lembra de sua frase: “Uma visita ao hospício mostra que a fé não prova nada”.

Depois de quase quinze minutos falando do ateísmo termina Allan termina com a seguinte frase:
- Além de tudo isso, nós cientistas, para termos êxito em nossas pesquisas, temos que pensar como dizia Benjamin Franklin: “O jeito de ver pela fé é fechar os olhos da razão”.

Neste dia, quem mais se expôs foi o Dr. Allan. Bangse, Guilherme e André apenas ouviram. Bangse como sempre, respeitava as opiniões dos outros, nunca entrando em atrito, ou mesmo, uma contra opinião momentânea durante o exaltar do dialogo.

Na semana seguinte, após o primeiro dia de trabalho com Bangse, na lanchonete (como era de costume), Allan diz:
- Minha ética não permite que eu fale na frente dos pesquisados (referindo-se a Bangse) sobre o trabalho que vem sendo feito. Eu quero saber de Bangse se foi o Dr. Guilherme ou o futuro Dr. André, isto porque a Dr. Fabiola não foi, porque ela esta nos estudos de Marcos e Edna (dois outros pesquisados com o chá tibetano). – olhando bravo para Guilherme e André. – Qual dos dois disseram sobre a onda de Ponta, 2 a 2,5 ciclos por segundo na região frontal atingidas por você
- Não foram eles, eu vi em telesinesia. – diz Bangse sorrindo. – Quando estou entre as ondas Theta e as ondas Delta, até as denominadas Ponta, consigo fazer a telesinesia, depois acredito entrar no estado Arhat denominado pelos tibetanos “O Precioso”, daí não consigo lembrar de nada, apenas momentos antes, as luzes me sugando como já citei antes.
- Eu já li muito sobre a telesinesia, mas não é comprovado, acredito que você esta querendo defendê-los. – diz Allan meio sem graça depois de ter falado daquele jeito com Guilherme e André. – Vi estudos que a pessoa acertava alguns dos objetos, acredito que seja porque, o número de pessoas foi tantas que algumas acertaram por um acaso um ou outro objeto.

Bangse educadamente, como era de costume diz:
- Dr. Allan, isto acontece porque a visão de quem esta em telesinesia é deturpada é mais difícil que tatear um caminho, exige um grande treinamento, um grande conhecimento e uma grande habilidade em meditar. É como se o bebê estivesse dentro do útero e reconhecesse a presença do pai! Você usa o seu sexto sentido, não é como assistir a uma TV em cores!

Para ter certeza do que Bangse falara, Allan mais calmo, pergunta sobre a telesinesia. Não como um leigo e sim para testar os conhecimentos de Bangse. E, Bangse responde:
- Ao sairmos do corpo físico, manifesta-se o corpo energético; saindo do corpo energético manifesta-se um corpo mais denso, chamado de psicossoma, perispírito ou corpo astral (emoções); saindo do estado psicossoma manifesta-se o mental soma (corpo mental).
- O que acontece com você depois disso? – pergunta Allan.
E, Bangse, mais uma vez responde:
- Ao deixar o psicossoma inanimado em determinado local. Saio do corpo mental e entro em uma etapa de lucidez, de densidade, da ensetropia e muito próximo da consciência integral. Esta lucidez que atinge o meu corpo mental faz com que parte das saídas não fuja das minhas emoções (psicossoma); fazendo a projeção do meu corpo mental. Muitas pessoas precisam de um Amparador. Não conseguem espontaneamente. O Amparador pode levá-las para fora, através de uma experiência de corpo mental, ele pode planejar, junto com a pessoa em meditação experiências que sejam impar na vida do amparado (individualidade, personalidade) e fazer com que a pessoa se lembre deste estado de consciência cósmica, estado de corpo mental.

Allan, em seguida diz que Bangse imaginara por causa dos efeitos do DMT (existentes no chá tibetano). Dizendo, também, que gostaria de ver a telesinesia na prática, durante o próximo trabalho de pesquisa.

Em seguida se despediram, e cada um foi para sua casa. Desta vez, André, estava com o automóvel de sua irmã.

Bangse chega a sua casa e encontra seu pai ébrio. Chateado com a situação põe-se a pensar:
- Ele voltou a beber! É a solidão! – introspectivo pensava também na sua própria solidão – precisa-se preparo para conviver com ela.

Em seguida, leva Madeira até o quarto e o coloca na cama.

No outro dia logo ao amanhecer:
- E aí seu Madeira, voltou a beber?
- Não venha me perturbar logo de manhã. – Madeira responde irritado. –Todos na rua só lhe chamam de Bangse. – olhando para o rosto do filho – por um acaso tem vergonha do nome que sua mãe escolheu para você?
- Não é isso pai, você sabe disso! – diz Bangse colocando as duas mãos na cabeça – você esta apenas querendo fugir da nossa conversa inicial.

Madeira corta dizendo:
- Lá vem você de novo com esta coisa de solidão.
- Eu aprendi a conviver com a minha, pai.

Madeira continua irritado:
- Você vive solitário porque quer, por estupidez, você é jovem, bonito, inteligente, poderia muito bem arrumar uma mulher e casar-se. Quem sabe me daria uns netinhos que preencheria meu vazio! Você não sabe o que sinto depois que perdi sua mãe. Você não sabe o que é amar alguém que jamais poderá vê-la, pelo menos enquanto viver. Acredito, eu! Eu acredito que você nunca amou de verdade. Apenas vi você com namorada uma vez, quando estava cursando a faculdade e a trouxe para que eu a conhecesse.

Bangse querendo entender o pai, pôs-se a falar, pois acreditava saber lidar com si próprio e poderia ajudar Madeira.

- Pai! Beber não é a solução para qualquer tipo de sentimento. O que é que você está fazendo com a sua solidão? Quando você a lamenta, você está dizendo que gostaria de se livrar dela, que ela é um sofrimento, uma doença, uma inimiga. Aprenda isso: as coisas são os nomes que lhe damos. Se denominar minha solidão de inimiga, ela será minha inimiga. Mas será possível chamá-la de amiga? Drummond acha que sim: “Por muito tempo achei que a ausência é falta. E lastimava ignorante, a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim!”. Nietzsche também tinha a solidão como sua companheira. Sozinho, doente, tinha enxaquecas terríveis que duravam três dias que o deixava cego. Ele tirava suas alegrias de longas caminhadas pelas montanhas, da música e de uns poucos livros que ele amava. Eis aí três companheiras maravilhosas: o livro, a meditação e a caminhada. – afirmando Bangse – sozinhas essas três atitudes nos torna mais feliz! Isto porque, observo freqüentemente pessoas que caminham por razões da saúde. Incapazes de caminhar sozinhas, vão aos pares, aos bandos. E vão falando, falando, sem ver o mundo maravilhoso que as cercam. Falam porque não suportariam caminharem sozinhas. E, por isso mesmo, estas pessoas perdem a maior alegria das caminhadas, que é a alegria de estar em comunhão com a natureza. Elas não vêem as árvores, nem as flores, nem as nuvens e nem sentem o vento. Que troca infeliz! Trocam as vozes do silêncio pelo falatório vulgar. Se estivessem a sós com a natureza, em silêncio, sua solidão tornaria possível que elas ouvissem o que a natureza tem a dizer. O estar juntos, não quer dizer comunhão. Não no sentido religioso da palavra, e sim, no sentido de purificação, no sentido de potencializar o estado de quem esta só. O estar juntos, apenas por estar, freqüentemente, é uma forma terrível de solidão, um artifício para evitar o contato conosco mesmos. Sei que é terrível para você a falta da mãe, também é para mim. – fala sobre a mãe – eu era criança quando ela se foi. Sofri muito, você sabe disso! E para seu conhecimento, ainda amo Ana Paula, mas não vou arrumar outra apenas para preencher este espaço, não é assim que funciona. Acredito ser por isso que muitos casais se separam. Sei que para você foi à mesma coisa. Por isso não se casou novamente.

Madeira então se pôs a chorar e disse a Bangse.

- O que quer dizer é que devo caminhar, é isso?
Vendo que o pai não o compreendera, tomou seu chá como de costume, abraçou o pai e se despediu.

O dia que Bangse mais gostava eram aqueles em que servia como cobaia nas pesquisas com o Dr. Allan. Ele sabia dessa serventia e queria participar com Allan; ter acesso às anotações, aos relatórios, aos gráficos e conhecer na integra todo trabalho que Allan vinha desenvolvendo, não somente com ele (Bangse), mas com as outras “cobaias”. Bangse já havia mencionado com Allan varias vezes sobre este assunto.

Enfim, mais um dia de trabalho para Allan. O dia em que iria comprovar o que Bangse lhe falara sobre a telesinesia.

Ansioso Allan faz os preparativos antecipadamente. Bangse chega bem humorado, enquanto Allan, Guilherme e André, colocam em uma sala ao lado, em cima de uma mesa, vários objetos e um bilhete escrito por Allan. Este bilhete teria sido colocado sutilmente de tal maneira por Allan que, nem Guilherme e nem André tenham visto.
- Hoje eu vou apenas a limitar-me entre as ondas Theta e Delta – diz Bangse seriamente - Isto porque se eu fizer uma meditação profunda perco o autocontrole e entro num estado de Arhat, pelo menos é o que acredito.
Em seguida faz sua meditação com toda “parafernália” de fios como eram comumente colocados. Porém às vezes num tremendo esforço mental, se segurava para não ir mais profundo na meditação, mas mesmo assim, teria ele ido para uma situação que nem mesmo Bangse entenderia.
Ao término da meditação André tira os fios e os cincos (Bangse, Allan, Guilherme, André e a Dra. Fabiola) vão para sala de reunião. Tudo sendo filmado e registrado.
Fabiola estava presente por exigência de Allan. Isto porque achava importante sua colaboração e serviria, também, para sua aprendizagem.
Ali, Bangse responde o que viu:
- Bem, como disse, não é como estar em um cinema, ou assistindo a uma TV! É como se eu percebesse aquilo, é como se estivesse olhando uma radiografia de uma pessoa em terceira dimensão. – em seguida – Bem, vamos ao que interessa! Primeiramente, lembro-me dos objetos, depois pequenos fleches aparecem em minha memória de Guilherme trazendo consigo seis objetos. Sendo que, quatro trouxera de sua casa e dois comprou em uma farmácia ao dirigir-se para cá. – explicando detalhes – André os colocou em forma de sextavado, era um relógio despertador digital pequeno, uma escova de cabelo; não sei porque a escova de cabelos, Guilherme é careca – provocando risos entre todos e continua – uma pequena foto dele e de sua filha; mas na foto ele ainda tinha cabelos. Um cinto enrolado. O outro parecia um envelope de aspirina e um colírio para os olhos. – O que causara surpresa – tem mais uma coisa, ao saírem da sala o Dr. Allan, sem que vocês percebessem, colocou um bilhete no meio dos objetos com os dizeres: “Se você acertar o deixarei ter acesso a todas as pesquisas e você vai ser um pesquisador pesquisado”.

Todos ficaram com as “bocas entre abertas”, acharam aquilo tremendamente impressionante, e Bangse continuou:
- Tem um detalhe, eu nunca tinha ido para o passado dessa forma, já havia feito, sim, regressão, mas nunca, nunca mesmo, voltar no “tempo”, e ver fleches dessa forma. Mais outra coisa! – que seria para Allan – E, essa é para o Dr. Allan! Hoje, especialmente hoje, eu não tomei o chá.

Dessa forma, foi por água abaixo todo trabalho de Allan, sobre o chá.

Em seguida, já tinham passado do horário de costume, Bangse, Guilherme e André vão a lanchonete; enquanto que Fabiola foi para sua casa e Allan se despediu, saindo feliz por um lado, e triste por outro. Feliz por ter presenciado um fato que já ouvira falar, mas nunca viu provas concretas; e triste por seu trabalho de pesquisa. Em seguida saiu pensante:

- Ele não tomou o chá, mas a substancia química do DMT continua em seu organismo – enquanto andava continuava introspectivo em seus pensamentos. – No próximo encontro conversarei com ele. Não consigo entender o que ocorreu, como pode? O objeto com tanta precisão, e como cada um se procedera em relação aos objetos. É fantástico, tenho que rever meus conceitos! – dizendo para si mesmo em todo momento – No próximo encontro conversarei com ele, hoje vejo esse rapaz com outros olhos.

Eis que surge o próximo encontro.
- Como vai Dr. Bangse? – Allan diz ao cumprimentá-lo. – Está semana entrei em contato com membros da universidade e conseguiram que eu lhe desse uma assistência financeira pela ajuda na pesquisa.
- Eu queria acompanhar a pesquisa por meu próprio interesse, não é pelo dinheiro – disse Bangse balançando a cabeça.
- Sei disso, mas uma ajuda não fará mal algum! - Allan retornou brincando. – Fará? – perguntou ele – se quiser eu desfaço tudo.

Bangse vivia muito bem com o pouco que ganhava das aulas, mas aceitou, e o dinheiro que ganhava passava para seu pai uma parte, e a outra para uma instituição dirigida por Kardecistas.

Em seguida, durante os oito meses que se seguira, Allan mostrou o trabalho de pesquisa a Bangse, ao mesmo tempo em que, continuava seu trabalho com Bangse. Porém, poucos foram os êxitos da vivência com o passado, apenas fleches divagavam em anotações periódicas.

Certo dia, Allan chama Bangse e diz:
- Além do dia dos objetos, temos em mãos, outras vezes que fizemos as mesmas coisas e você acertou com precisão os objetos. Mas não tenho como saber o que acontece com seus pensamentos quando estão em onda Beta tão alta. Bangse eu gostaria de ouvir suas sugestões.
- Eu acredito estar em estado de Arhat, num vazio, mas não consigo explicar fleches do passado e o que me intriga: ver-me entre eu e a parede. – diz Bangse com ar de interrogação.
- A famosa parede que te acompanha desde o dia em que passeava pelo Horto, como comentou no inicia de nossa pesquisa – Allan brincando pergunta se era aquela famosa parede.
- Acredito que a melhor forma é você ser o meu Amparador – Bangse diz colocando a mão no ombro de Allan. – Assim como na hipnose, você me conduziria pelo tempo.

Allan e sua equipe com a ajuda de Bangse não conseguiram resultados satisfatórios, apenas hipnoses comumente conhecidas.

Em uma das conversas na lanchonete, Allan propôs seguir um caminho diferente. Não esquecer os conhecimentos científicos, filosóficos e espirituais kardecsista ou tibetano de Bangse, nem tão pouco sua filosofia céptica, mas deixar de lado e entrar numa estaca zero. Começar sem interferência de qualquer pré-conhecimento religioso ou ateísta, psicológico ou parapsicológico, humano ou espiritual, mas aproveitando o poder de meditação reconhecido até então. Assim, dizendo para todos:
- Raciocinem comigo: Bangse, você disse que quando atinge o estado de Arhat não consegue se comunicar nem tão pouco se lembrar de nada, a não ser raramente os fleche do passado recente. Certo? – Bangse responde certo e Allan continua – Neste estado você não consegue movimentar um dedo se quiser. Mas seus olhos pestanejam enquanto seu corpo fica mórbido. Se quisermos que você se comunique, temos que fazer um treinamento específico, para que isso ocorra. Assim como você fez seus treinamentos com o seu jeito próprio de meditar, que ultrapassam os outros que fazem parte de nossa pesquisa. O que precisamos então? – indaga colocando a mão no rosto segurando o queixo. Em seguida respondendo olhando para Bangse – É do seu controle sobre si. Primeiramente temos que levantarmos quais são estes controles. Segundo o que podemos fazer para ajudá-lo. Terceiro como fazer para que você se comunique conosco durante seu estado de Arhat. Quarto – fica em silencio alguns instantes e em seguida perguntou a Bangse – quero saber o que me diz?
- Vamos começar no próximo encontro. Quero mais horas para meditar –diz Brangse – gostaria de sair do estado de meditação sem interferência de ninguém.

Ao chegar o dia do próximo encontro, Bangse já tinha tudo em mente e pediu para que André providenciasse um ar condicionado com uma cabine pequena em que ele (Bangse), estaria sobre um intenso calor seguido de intensos frios e assim sucessivamente para dominar o corpo enquanto meditava.

Em outra etapa, disse a André que o espetasse com algo pontiagudo. Depois com leves choques elétrico. Depois de muito treino, começou a sentir formigamentos e pequenas ondas vibratórias pulsantes com o mundo externo.

Em seguida, passou a controlar o corpo para o intenso frio e o intenso calor, aprendendo a controlar o corpo externo em estado de Arhat, sem, contudo continuar a mexer um só dedo, apenas pestanejar. Porém não se recordava de nada ao retornar.

A equipe só percebeu tal controle e percepção pelos registros nos equipamentos, sem, contudo, ouvir de Bangse a lembrança desse domínio.

André sugeriu sons intracranianos e pressões intracranianas, os quais foram aceitos pela equipe e por Bangse.

Aos poucos, depois de aproximadamente dois anos de intensos treinamentos com a meditação de Bangse, ele consegue diminuir suas vibrações diante das situações recomendadas pela equipe.

Em uma das reuniões Allan pergunta a Guilherme como ele havia controlado tais situações e ele responde:
- Aprendi muito com Bangse, quando ele controla as emissões de energia, sejam elas quais forem, ele consegue trabalhar a energia vetorial de seu corpo, o que resulta no aquecimento ou resfriamento de seu corpo conforme a necessidade, com isso ele inicia um processo de transmutação do estagio físico em que se encontra, isso automaticamente, tudo registrado no computador. – pega os papeis na mão e continua – veja só isso: segundo os dados ele efetua alterações dentro do núcleo de suas células provocando fenômenos de alternância e resposta a um estímulo. Lembrando que muitos dessas respostas são interações que obedecem a certas leis que não compreendemos completamente, a ciência ainda não reconhece tais fenômenos. Esses sincronismos têm explicações dentro do misticismo, da espiritualidade, mas não estão inseridos dentro de interpretações cientificas. – Observa que – um dado importante é quando seus olhos parecem querer se comunicar conosco.
André diz por que não tentamos comunicar com os olhos dele.
Bangse acrescenta dizendo que a mente humana é incrível, e pode guardar e eliminar muitas coisas necessárias e desnecessárias. 

- A interação do meu corpo é porque o corpo tem sua inteligência. Veja como nos comportamos diante das doenças, como desenvolvemos nossa imunidade, por outro lado, o quando nossa mente interfere, quando estamos em situação de estresse e cai nossa imunidade e nos tornamos mais frágeis. No Tibet observei e aprendi sobre meu corpo em particular, iniciei o processo de auto-conhecimento, aprendendo a escutar as mensagens gravadas nos músculos, nos órgãos internos, nas articulações e em cada uma das nossas células. Atingimos, assim, a nossa memória corporal, e descobrimos que o nosso corpo possui uma inteligência e consciência própria, e que logicamente é influenciado pelo que sentimos e pensamos e pela nossa atitude diante da vida. – em seguida comenta algo que todos conhecem – Como todos vocês sabem, nossa composição física, emocional e mental esta constantemente em interação, uma influenciando a outra, em um jogo que pode tornar-se consciente, tudo que vimos e vivenciamos ao longo da vida é a somatória das experiências vivenciadas até o momento. Por isso somos o que somos – segue com uma sugestão – Sugiro que vocês estudem o código Morse, quem aqui conhece?

Todos riem, e perguntam a Bangse o que tem uma coisa a ver com a outra.
- Enquanto falava lembrei-me de uma coisa! Vocês disseram que sempre pestanejava. Eu conheço o Código Morse. Acredito ter achado a solução.

Todos entenderam o que Bangse havia falado e Allan diz a André, o qual já estava formado e era um dos membros de sua equipe.
- André gostaria que cuidasse disso para nós, já para o próximo trabalho.

André estava, também, na ocasião, fazendo seu trabalho de doutorado. Com seu ótimo empenho passara direto para o doutorado, sem passar pelo mestrado, tendo como seu orientador o Dr. Guilherme.

André providenciou uma câmara dirigida aos olhos de Bangse acoplada ao computador. Enquanto Bangse ficava de frente a uma parede com a parafernália de fios em seu corpo. Bangse quis estar de frente à parede.

Depois de aproximadamente quatro anos trabalhando com Bangse, este seria o grande momento da pesquisa depois da telesinesia.

Depois de passado pelas fases, de Beta para Alpha, de Alpha para Theta e de Theta para Delta, daí para diante a comunicação seria entre o pestanejar de Bangse e o programa de computador. O computador traduzindo o Código Morse que Bangse transmitia com os movimentos de seus olhos; olhos estes fechados. O computador registrava que Bangse, em ondas bem acima de Beta, se comunicava da seguinte maneira: começo a ver na parede, ai vou me distanciando, indo ao encontro do passado como um mero observador, como alguém que observara a um filme de vídeo com o controle na mão indo e vindo em qualquer parte que lhe interessara. Passeio entre pessoas encarnadas e desencarnadas, ninguém me vê, assim como no filme em que os atores representam, mas não vê quem esta do outro lado da tela. Isto porque aquilo já havia se passado, o filme já estava gravado. Aqui vejo tudo colorido, e uma imagem tridimensional como se estivesse a caminhar pela história podendo conhecer, ou conviver pessoalmente com aqueles que lá estiveram. O meu parâmetro é a parede, quanto mais distancio mais no passado eu estou, quanto mais me aproximo estou próximo do presente. O distanciar é imediato, é como se você mudasse de pensamento, estivesse pensando em alguém e mudar o pensamento para outra pessoa.
- Neste exato momento estou me vendo quando criança, aqui eu compreendi quem era a luz que me aparecia, o único que me pode ver em forma de luz sou eu – enviando as mensagens enquanto que o computador decifrava e registrava tudo. – Minha mãe me viu algumas vezes, meio que de forma deturpada, não com o mesmo brilho e a mesma intensidade que eu. Ela só me via no período em que estava grávida, quando ainda estava dentro de sua barriga. A sensação que eu sentia naquele momento permitia que ela me visse. Isto porque cada elétron, cada átomo, representa uma grande energia de transmutação, em que a liberação de energia de mim para mim é como uma fusão nuclear isso é o que posso traduzir em nossas palavras. Tentei algumas vezes me comunicar comigo, mas não é possível. Isto porque, acredito que, não sou um espírito, nem humano, traduzo por luz, mas também não é luz, tento expor palavras que conhecemos, mas não consigo. Tentei me comunicar com espíritos, mas eles não me vêem, não consigo contato estou só, nessa imensidão. Não há pessoas, nem a terra... Não há mar, apenas imagens tridimensionais. Nada é real! Templos, cidades, nada é real – ao mesmo tempo em que dizia que a história era real – Vejo que posso ir até o sol, passo por seres extraterrestres... Olha que há muitos... Há muitas outras espécies de vida nessa imensidão do universo durante toda essa existência. – comenta sobre o tempo – assim, o tempo para mim aqui difere para vocês aí. É como se o tempo se dilatasse. O espaço-tempo que é fundamental para a teoria da relatividade geral. As três coordenadas de espaço (comprimento, largura e altura) e o tempo são necessários para a energia materializada, para mim não tem valor algum, é como um sonhar acordado. É importante compreender este aspecto para que possamos nos comunicar melhor. Assim sendo, a dilatação do tempo acontece pelo simples fato de que no espaço-tempo aqui não ocorre a partir de partículas não aceleradas que seguem curvas geodésicas, espaço euclidiano, etc. que se tem na terra. Quero dizer que aqui, o campo gravitacional não entra em jogo; a matéria, as ondas, as luzes fazem parte da matéria. Acredito ser por isso que quando me vejo no passado, as luzes que me cercam é uma tradução daquilo que eu poderia compreender. Para nós, seres vivos comuns, necessitamos de algo que conhecemos para nossa compreensão – André ao mesmo tempo lia surpreso com tantas informações novas, Bangse continuava – é a mesma coisa que, uma pessoa ao ficar sega quando criança e fizer uma cirurgia quando adulto, conseguindo enxergar, só ira reconhecer determinados objetos com o tato. Isto porque perdeu sua habilidade na leitura do mundo ao seu redor com os olhos. Como eu não sou matéria, não possuo campos gravitacionais, apenas estou de uma maneira completamente revolucionaria, sem precisar de um espírito, um perispírito, uma onda qualquer que me conduza até aqui, necessito aprender como lidar com este mundo real imaginário.

Durante alguns minutos deu uma pausa no pestanejar de Bangse e em seguida ele segue:
- Mas tem um, porém, preciso de uma onda que me dirija para dar tais informações a vocês. Ao contrario de Chico quando diz que o telefone só toca de lá para cá, isto é, os espíritos que vem quando melhor lhe convier. Nesta posição de não existência, somente consigo comunicar-me assim como estamos agora, não como um espírito. Aqui, acredito que não me lembro quando estou aí, simplesmente porque, aqui eu não sou. Eu não existo. Isto entraria em contradição com a frase de Sócrates: “Penso logo existo”. Portanto, quando Se não existe, não há lembrança. E como vocês sabem o corpo físico tem o cérebro onde registramos nossa memória, aqui não pertenço ao mundo dos desencarnados, aqueles que morrem, nem qualquer tipo de energias conhecidas por qualquer ser vivo inteligente, apenas um Deus poderia me explicar o que ocorre. Portanto, percebi, nas outras vezes que estive aqui, que o magismo universal de todas as dimensões e linhas de tempo existentes no universo neste momento, ainda não conseguiremos explicar tão cedo pela matéria ou pela espiritualidade. – Em seguida entra com uma serie de afirmações – Aqui não há uma harmonia na linha de tempo. Aqui há espíritos elevados que viajam pelo tempo, porém, não sei por que, eles também não me percebem. Por vezes penso que tudo isso é fruto da minha imaginação, mas como posso ver detalhes. Quando estiver aí, vamos combinar para que eu faça um levantamento histórico ou particular de um de vocês para que possamos ver se isso tudo realmente acontece ou é apenas fruto da minha imaginação. Aqui, eu posso saber e lembrar tudo que fizemos aí, mas o contrario não é verdadeiro. Espero que possamos entender a linha de criação e de divisão que existe nesta assimetria em que estou. – em seguida ele daria explicações sobre o que ocorria naquele exato momento – quanto aos treinamentos realizados com André, foram de grande utilidade. Antes eu não conseguia me comunicar com vocês. Os espasmos do pestanejar eram reflexos do que se passava com meu corpo. Porém, foram os treinamentos durante a meditação que me proporcionaram a capacidade de transmitir um tipo de onda que se transformara em ondas eletromagnéticas que eu possa dominar artificialmente. Aqui, não tentarei conceituar nada nem construir novas palavras para vocês, apenas traduzir por palavras meramente conhecidas por nosso vocabulário o que se passa – em seguida se despede – Já estou voltando, até já!

Um primeiro contato fenomenal para Guilherme e André, apesar das desconfianças de Allan, achando que tudo seria uma criação de Bangse.

Ao voltar a si, Bangse, fica surpreso com as informações que teve acesso, não compreendendo o que realmente se passara naquelas horas de meditação. Em seguida dizendo:
- Gostaria que me permitissem ficar a vontade nestas primeiras vezes para que possa estar, ou não estar – risos – onde quiser nos próximos trabalhos e depois, somente depois, fazer os testes comprobatórios citados por mim. – em seguida provoca outro riso entre os colegas – É tão estranho é como se ele não fosse eu, mas existisse em mim.

Embora Allan, Guilherme e André quisessem fazer os testes que comprovem a realidade passada por Bangse, aceitaram sua proposta.

Na semana seguinte, todos ansiosos para começar, inclusive Bangse. Enfim, iniciam se o trabalho de pesquisa com Bangse. Ele e a parede:
- Posso ver minha mãe fazendo carinho em sua barriga, ela me notou, mas não esta com medo. Irei um pouco mais adiante. Vejo-me brincando com ela... Eu acho que acabei de me assustar... Mas isso já era previsto. Um pouco mais adiante me vejo olhando para mim, mas não me assusto mais... Incrível, agora posso entender tudo que se passara naquele momento. – vai um pouco mais além no tempo – Aos doze anos observo detalhes de quando quebramos os aparelhos de microondas. Foi quando eu e Fernando queríamos fazer um teletransporte com o seu hamister, cujo nome era Bernardo... Coitado do Bernardo... Se eu pudesse impedir. Olhem o que estou vendo: pegamos os aparelhos de microondas e espelhamos tudo por dentro... Mandamos cortar os espelhos exatamente na medida de dentro dos aparelhos. Em seguida fizemos um furo na porta de cada microonda, passamos um fio de fibra óptica ligando os dois aparelhos. Acreditássemos que ao ligar os aparelhos, iríamos fazer com que Bernardo saísse de um forno microondas e se transferisse para o outro – André cai na gargalhada enquanto lê – Quebramos os aparelhos e matamos Bernardo. Foi trágico, ao mesmo tempo cômico, merecíamos apanhar.

Deu-se uma pausa no pestanejar de Bangse, em seguida continuou:
- Como eu queria impedir esta cena que estou vendo agora, é minha mãe num seqüestro relâmpago, quando foi assassinada por este garoto. Sempre venho aqui para impedir sua morte e não obtenho sucesso. Sou capaz de ver seu espírito saindo de seu corpo, de repente ela olha seu corpo em sangues no chão. Não há motivo para que ele a mate, este passado esta sempre presente desde os primeiros dias de meditação no Tibet. Não há nada que posso fazer, tento muito falar com ela momentos antes, tentei me avisar para dizer a ela... Mas não teve jeito. Sempre me olho no passado em forma daquela luz já citada anteriormente. Ninguém me vê além de mim mesmo. Mesmo assim, não consigo entrar em contato comigo.

Depois de mais de sete horas de meditação, todos cansados, Allan já tinha ido embora, ficando apenas André e Guilherme. Eles se despedem e Bangse fica lendo aquilo que tinha passado durante a meditação para o computador.

Bangse mais uma vez introspectivo em seus pensamentos:
- Como posso não se lembrar de nada disso que informei através do computador para a equipe de pesquisa? Não consigo entender, estudei tanto e parece fantasia da minha cabeça, antes de pensar em uma prova prática quero ver mais uma coisa minha particular – levanta e começa a andar de um lado para outro pensando perguntando a si mesmo – será que eu estou com algum problema mental? São coisas tão absurdas! Por que eu esconderia de mim situações que são lembradas hoje? – seu pensamento voltava sempre no mesmo assunto – É incomum, conheço sobre as múltiplas personalidades e sei que não seria o meu caso.

No outro dia, não era o dia do trabalho de meditação com Bangse, Allan se reúne com Guilherme e diz:

- Meu caro amigo Guilherme! Bangse é muito inteligente, lê muito, é capaz de ler um livro de quatrocentas páginas em apenas três dias. Fica difícil, tudo parece fantasia de sua cabeça e problemas mal resolvidos da infância. Há uma confusão de sentimentos, ambivalências e dor, são algumas características que podem identificá-lo em uma nova situação vivenciada no passado e guardada no inconsciente e recordada diariamente por ele no presente. – Inicia dando explicações àquilo – Algo vivido por Bangse em seu meio social, família, amigos; inúmeros momentos de conflito ou acontecimentos poderiam ser as causas. – olhando firme para Guilherme – Este é um assunto extremamente polêmico e antagônico e é discutido por profissionais e pesquisadores de várias áreas. Às vezes tenho vontade de largar essa pesquisa.

Guilherme pergunta por quê? E Allan responde:
- Pelas situações que se tornam tão constrangedoras e desequilibradas que, para nós pesquisadores, responsáveis que somos por essa pesquisa, tenho medo de fracassar e levar vocês comigo. As mudanças psicológicas que se produzem na cabeça de Bangse, parece ser de uma dupla personalidade com ele mesmo. Não faz sentido. Às mudanças estabelecidas até uma construção de um novo olhar para o mundo e um longo e saudoso adeus à infância e a identidade infantil. A busca discreta de uma identidade diferenciada que o inseriu no mundo adulto, acredito que o faça fantasiar isso tudo.
- Mas ele é adulto, responsável e muito sério. – afirma Guilherme em defesa de Bangse.
- Meu amigo Guilherme! – colocando uma das mãos no ombro de Guilherme – Você sabe, não há ritos de passagem para a fase adulta. Portanto a adolescência na nossa civilização é uma fase que vem depois da infância e antes da juventude (Mais ou menos dos 11 aos 18 anos), sendo um período diferente para cada um dependendo do meio que está inserido. No senso-comum, em minhas experiências vividas nesses longos anos de estudos dá-me o conhecimento necessário para dizer que se trata de algo totalmente novo, uma dupla personalidade com ele mesmo. Pais e filhos vivem um luto pelo corpo do filho pequeno, pela dependência cômoda da infância, onde apenas o adulto decide, gerencia e resolve situações, e isto, muitas vezes pode se transformar em um grande problema, uma verdadeira revolução no meio familiar e social, criando problemas mal resolvidos na cabeça de Bangse. – apontando para os lados continua – Veja o mundo que se vive hoje: filhos julgam pais, a rebeldia, os enfrentamentos, são coisas dolorosas de nosso tempo. Faz parte da vida de qualquer adolescente. Todos nós vivemos isso. Bangse não! Sempre educado e controlado ao extremo. Nunca respondeu ou discutiu com qualquer um segundo ele. Ou mesmo com o pai! Lembra-se aquele dia que conversamos com o Sr. Madeira? – Guilherme responde que sim – Se nós, nesta fase adulta, não estivermos conscientes de nossos traumas e problemas frente a nossa infância e a nossa adolescência, provavelmente agora adultos que somos, teríamos vários problemas que você já sabe.
- As exigências de liberdade se tornam cada vez mais freqüentes, o desejo de ser visto com autonomia e autogerência, a expectativa de não ser igual aos pais, mais de buscar uma nova forma de viver e pensar, uma identidade própria, a necessidade de ter respeitado seus desejos, ideologia e pensamentos, são alguns dos pontos que podem ter sido a causa do momento de ambigüidade e turbulência que atinge Bangse neste momento de sua vida. – em seguida joga duas perguntas no ar dizendo que a grande quetão seria – o que Bangse é? E o que ele imagina ser? – respondendo em seguida – o nosso jovem Bangse se ingressou no mundo dos adultos fugindo de sua realidade indo morar no Tibet, alegando para si a sua falta de maturidade, afetiva e intelectual. Afetiva se tratando do rompimento com o amor de sua vida, Ana Paula. Intelectual, por ganhar tantos prêmios e tendo um grande futuro em sua profissão. Acredito que no campo dinâmico que ele se encontrava já mostrava uma tendência a dupla personalidade, projetando sua identidade dupla de si para o futuro. Você sabe que inúmeros cientistas eram acometidos por vozes interiores e outras patologias do gênero. Isto não impede que definitivamente Bangse usa esse artifício como prova de toda sua genialidade. Sua formação jamais aceitaria isso. Uma síndrome de super herói, como o Batman que renuncia a matar e a usar armas de fogo e se dedicando a beneficência com o nome de Bruce. Assim ao surgirem arquei inimigos da sociedade, ele aparece enquanto Batman. É uma mente doentia e até psicopata. O que me chama atenção em Bangse é que ele enfatiza que a escolha do momento de interpretar é do momento da meditação para cá, muito incomum. – expõe o que Guilherme deveria levar em consideração – Devemos levar em consideração o que está se passando dentro do campo intersubjetivo dele, analisando friamente, acredito que possa englobar ambos os personagens criados por ele. Notemos quando ele se diz chamado Bangse, mas na realidade seu nome é Rafael. O que chama a atenção para o fato de que, algumas vezes, durante o processo, a intersubjetividade do diálogo analítico pode se tornar invisível e inaudível, formando-se uma espécie de segunda estrutura.
- É comum em múltiplas personalidades a intersubjetividade emergir da dupla e por ela poderá ser transformado, a partir da capacidade própria de observação do par, obter a formação de um terceiro analítico. – Guilherme assume a fala expondo seu entendimento – Se fosse assim nós teríamos um terceiro Bangse, isto porque, cada componente dessa dupla possui personalidades iguais com papeis diferentes a ser exercido e vivenciado, inconscientemente. Nós sabemos que as personalidades múltiplas são resultantes de um trauma grave do qual a pessoa cria diferentes personalidades, funcionando como um mecanismo de defesa extremo para acabar com essa experiência traumática.

Allan retorna dizendo:
- A personalidade múltipla está relacionada com a desintegração da personalidade. Isto conduz a uma mudança de pensamento, a personalidade deixa de ser única, como diz Turkle, “uma personalidade para todas as estações”. – em seguida indaga haver apenas problema. – Todos os exames feitos no hospital psiquiátrico demonstraram uma mente saudável. Também não constatamos nenhum trauma na infância de Bangse, a não ser a perda da mãe. O que não justificaria tal comportamento. – comentando sobre os aparelhos enquanto andava com a mão em frente aos lábios – os aparelhos utilizados foram de ultima geração, permitiram visualizar o interior do cérebro de Bangse. Isto porque, cada vez estamos mais próximos de desvendar os mistérios da mente humana. Hoje, com os novos equipamentos que possuímos no hospital psiquiátrico, somos capazes encontrar evidências até do déficit estrutural cerebral, que ocasiona o distúrbio da personalidade anti-social. Somos capazes de detectar no cérebro de anti-sociais uma falha na conexão entre o córtex-pré-frontal. A área responsável pelo planejamento, pela consciência e pelo sistema límbico, onde ocorrem as emoções, como prazer, dor, medo. Verificamos uma redução no volume da matéria cinzenta pré-central no cérebro dos sociopatas, comparado com indivíduos normais. Assim, se Bangse tivesse algum problema nos tínhamos detectado – coloca um outro diagnóstico possível. – Acredito que Bangse tenha um distúrbio dissociativo ainda não identificado. Poderia ser um distúrbio em que suas personalidades não seriam distintas, a personalidade dominante seria a que temos aqui, ao nosso lado na lanchonete, etc. A outra é quando se põe a meditar, ambas são personalidades complexas, integradas a um padrão de comportamento em que as duas não se comunicam entre si. Assim, a identidade de Bangse que não estaria no controle não teria acesso à consciência da outra. Isto acontece quando Bangse esta fora da meditação. E, quando se põe a meditar, produz alucinações audiovisuais e é nesta hora que Bangse assume o único capaz de viajar no tempo e no espaço. Porém, quando ciente não pode se lembrar porque sabe no seu intimo que aquilo seria o absurdo dos absurdos.

Depois de uma longa conversa, Allan e Guilherme acabam aceitando uma situação de demência de Bangse, mas decidem continuar com as pesquisas.

Deixando de lecionar neste dia, Bangse, chega na universidade no período da manhã dizendo que gostaria de conversar com Allan. Allan o atendeu. Bangse iniciou a conversa perguntando a Allan se haveria uma possibilidade de ele (Bangse) estar assumindo uma dupla personalidade. Allan acabou contando toda a conversa que tivera com Guilherme.

Eis que chega o dia do trabalho de pesquisa com Bangse. Ele chega meio chateado.

André alegre como de costume, vê Bangse meio chateado e pergunta a ele se gostaria de voltar outro dia. Bangse disse que não indo direto para sua meditação. Inicia sua meditação. Quando começa a pestanejar o computador não consegue traduzir as mensagens de Código Morse de Bangse.

André não entendera o que se passara, chamando Guilherme e Allan, eles olham e percebem que Bangse pestanejava com um olho de uma forma e com o outro de outra forma. Enquanto um dos olhos movimenta um piscar mais rápido o outro mais lento e vice-versa. Não entenderam o que estava acontecendo naquele momento.
- O que será que Bangse está querendo? – pergunta André.
- Você que está acompanhando ele todos os dias não consegue ler. Imagine eu! – exclama Guilherme.

Astuto e esperto, André diz que havia entendido, um dos olhos estava passando uma mensagem e o outro estava passando outra. Dizendo que o computador não conseguia ler porque não dava para ler os dois ao mesmo tempo.

Allan e Guilherme ficam surpresos e angustiados, aguardando Bangse sair do transe para uma conversa.

Ao sair, Bangse, Allan, Guilherme e André vão para sala de reunião.

Na reunião expõem o ocorrido a Bangse. Bangse associa o acontecido da seguinte forma:
- Infelizmente eu só posso explicar isso através do espiritismo. Digo infelizmente porque o Dr. Allan não gosta que eu misture as coisas. Segundo os Kardecistas cada espírito é “um centro que se irradia para diferentes lados e é por isso que parece estar a muitos lugares ao mesmo tempo. Vedes o Sol, é apenas um e, entretanto, irradia-se em todos os sentidos e leva seus raios para muito longe, Apesar disso não se divide”.
- Eu entendi! – diz Allan. – Porém, difícil seria para o sol se comunicar com todos ao mesmo tempo, dando respostas para suas perguntas. Vamos a parte prática. – diz Allan meio irritado – André gostaria de saber de você se é possível instalar outra câmera com outro computador. Cada computador faria a leitura de um olho.

André diz que providenciaria para o próximo encontra de trabalho e Allan continua:
- Se isso acontecer realmente, você, Bangse! Colocaria-me em cheque mate.

Todos ansiosos para o próximo encontro.

Este seria o dia em que Allan colocaria em duvida seu ateísmo.

Bangse faz seus preparativos e em seguida André faz os ajustes necessários junto a um técnico em equipamento.

Aí, Bangse com o olho direito pestanejava seu encontro no passado e com o esquerdo cada minuto dos acontecimentos que ocorreria com André, Guilherme e Allan no dia seguinte. Teriam sido neste dia mais de nove horas de meditação.

Ao pestanejar com o direito Bangse relatava:

- Daqui! Admiro o quanto Ana Paula é bonita. Ninguém imagina a alegria que sinto agora. Seus olhos, seus cabelos. Castanhos! Sua pele levemente banhada de sol, macia como à pluma. É uma explosão de felicidade. Pensamentos e sentimentos atrelados emanam minha alegria. E não há como perceber tamanha beleza. Os sentimentos explodem em meu coração e me pergunto: Por que meu Deus! Eu fui deixar esta vida? Passei o maior tempo de minha vida em meditações. Aqui queria ficar, e viver uma imensa paixão, por aquela que tanto amei. Vejo-a pentear os cabelos, enquanto eu a espero na sala de sua casa. Sua casa é um pequeno sobrado a poucos quilômetros da faculdade que estudávamos juntos. Insisto um pouco mais no tempo e vejo quando eu a conheci. Mas foi em uma casa de campo que começamos a namorar. Uma festa de aniversário em uma casa de campo dos amigos da faculdade. Ela está sentada em uma cadeira, de biquíni, com uma saída de banho e óculos de sol. Quando a comprimento com um beijo, tive coragem e disse o quanto a acho linda. Naquele mesmo dia a vejo me beijando, um beijo ardente que provoca uma explosão nuclear em meu coração.

Ao mesmo tempo em que Bangse presenciava tais cenas, ele o via na forma de uma intensa luz, a qual não se assustara, pois o acompanhara em vários momentos felizes de sua vida. Continuando Bangse:
- Neste momento ao lado dela me observo, enquanto ela fala. Agora eu entendo o motivo de sua angustia. Era exatamente neste momento que me desligava e não prestava atenção naquilo que ela falava. A vejo agora me dando bronca, chateada diz: você não preta atenção naquilo que falo? O que falo não tem importância para você? Você se julga inteligente e o que falo não tem importância? Isto acontece varias vezes, sempre que me desligo olhando para mim. Mas eu nunca falava para ela, para não lhe assustar. Outro motivo: era ter medo de ela achar que sou louco. Simplesmente oculto, ocultei! Digo dizendo a ela que repita o que havia dito, ela se nega. Ana Paula fica chateada o dia inteiro quando isso ocorre. Mais à frente no tempo vejo o dia em que estávamos fazendo amor, e olho eu de novo me perturbando. Vejo-me olhando para mim neste momento e perco o tesão. Com uma mulher tão bela. O que eu estou fazendo olhando para esta luz? Mais uma vez ela se magoa, achara que eu não tivera interesse por ela, sentia-se feia, apesar de tão bela. Apesar de tudo fomos muitos felizes. – em seguida vaga no tempo até um de seus aniversários. – Vejo o dia em seu aniversario que fomos ao litoral norte. Uma praia divina ao lado de uma divindade. Ela esta bela com um corpo fenomenal, brinca comigo, nos amamos muito naquela pousada ao pé de um morro. A vista é linda, parece que aqui o colorido é mais intenso. Olha quem eu vejo, é o Chaim. Chaim é um amigo que conhecemos. É dono de uma lanchonete na beira da praia. Vive sempre doidão, mistura remédios com drogas. Ele é dependente de tais substancias. Chaim chora ao nosso lado pelo amor que perdera por causa das drogas. Ana Paula tem sempre uma palavra de conforto.

Em seguida Bangse volta a observar sua despedida com Ana Paula antes de sua ida para o Tibet:
- Ah se eu pudesse parar o tempo agora, acho que o teria modificado. Até quem sabe não teria eu partido para o Tibet. O ruim é observar a despedida. Quando ela pede praticamente implorando para que não fosse ao Tibet. Estou nesse momento olhando para mim novamente. Tento dizer para mim que não vá. Mas é impossível se comunicar comigo. Até então achara que ela iria me aguardar. Que louca iria esperar um homem por mais de oito anos! – lamentando segue – o que resta é citar a poesia de Carlos Drummond de Andrade: “Amar”:
- Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e desfrutar,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave
de rapina. Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

Ao mesmo tempo em que um dos computadores decifrara as mensagens do pestanejar direito com Ana Paula, o esquerdo:
- Estou começando por ordem de idade – colocando o que ocorrera com André o mais novo – André acorda com um pijama azul claro de calça comprida, com uns triângulos de um azul mais escuro. Em seguida, não toma café de manhã indo direto ao banho, escova os dentes dentro do chuveiro, e urina durante o banho.

Bangse desenvolve a mensagem em seu mínimo detalhe, as roupas, como se comportavam as pessoas que André, Guilherme e Allan se encontravam neste dia. Detalhe que só mesmo quem vivera aqueles momentos seria capaz de saber se determinado momento existiu. Isto porque, até a chapa dos carros que estariam à frente dos automóveis de André, Guilherme e Allan foram registradas nos detalhes em determinados faróis dos próximos três dias do futuro. Até pessoas que passara pela sua frente, detalhes em roupa, cabelo, andar, etc.

Em seguida cada um imprime as mensagens recebidas e levam consigo.

Ao saírem, os quatro como de costume, foram até a lanchonete conversando e brincando bastante. Foi neste dia que Bangse sugeriu que mudassem os trabalhos de duas vezes por semana para cinco dias. Allan ficou pensativo por alguns instantes e aceitou a proposta de Bangse.

Enquanto que Bangse voltara e encontra o pai mais uma vez alcoolizado caído em frente a sua casa.

No outro dia convencera o pai que precisava de ajuda e o levou ao médico. Ao chegarem, o médico explica a Bangse e a seu pai da seguinte forma:
- A despeito de todos os significados culturais e simbólicos que o consumo de bebidas alcoólicas adquiriu ao longo da história humana, o álcool não é um produto qualquer. É uma substância capaz de causar danos através de três mecanismos distintos: toxicidade, direta e indireta, sobre diversos órgãos e sistemas corporais; intoxicação aguda; e dependência. Tais danos podem ser agudos ou crônicos e dependem do padrão de consumo de cada pessoa, que se caracteriza não somente pela freqüência com que se bebe e pela quantidade por episódio, mas também pelo tempo entre um episódio e outro e ainda pelo contexto em que se bebe. – Madeira só diz é durante todo tempo. – Em seu caso seu Madeira, parece que vem consumindo álcool há muito tempo. Seguirei os procedimentos normais, o Senhor fará vários exames. Vocês sabem que o álcool inibe a neoglicogênese, que acaba resultando em casos de hipoglicemia, você pode ter também acúmulo de gordura no fígado que são denominadas esteatose. Além do que, ter hiperlipidemia de álcool, isto é, álcool no sangue. – Apontando o dedo na direção da barriga de Madeira continua – é a famosa cirrose, que provoca uma alteração arquitetônica do fígado e nódulos. Como vê, o álcool causa vários danos a uma pessoa. Vou ajudá-lo como puder. Porém, sugiro ao Sr. Madeira que procure freqüentar a Associação dos Alcoólatras Anônimos.

Em seguida Bangse e Madeira seguem para sua casa. Bangse sempre aconselhando o pai e dizendo a ele a vergonha que passara dormindo na calçada em frente da casa. A vergonha que o pai passara e não Bangse, que tinha em Madeira admiração, amor e respeito. Sabia o quanto o pai se dedicara a Isaura e a ele.

Enquanto que Bangse se preocupara com o pai, na universidade a surpresa.

A surpresa ainda esta por vir, quando raia o novo dia. Mais um dia de trabalho em que os três se reuniram com Allan dizendo:
- O que é isso, alguém poderia me explicar? Como isso pode ser possível, estamos diante de um fenômeno inexplicável! Não dá mais para duvidar que Bangse realmente estivera presente nestes locais. Ele descreveu detalhes tão minuciosos que somente reparei porque estavam nas folhas imprimidas do ultimo trabalho de pesquisa em minhas mãos.

André diz a mesma coisa, os três ficam admirados e questionam como ele pode estar em dois lugares ao mesmo tempo: nos momentos em que observara seu relacionamento com Ana Paula e o futuro dos três.

Neste dia de pesquisa em especial, que estava por vir, Bangse pede uma reunião. Nela estava presente além de André, Allan e Guilherme, a Dr. Fabiola, a qual estava surpresa e admirada com o que se passara com os últimos trabalhos realizados.

Nesta reunião Bangse pede para deixá-lo à vontade em sua meditação. Diz que gostaria de não ser interrompido dure o quanto durar. Allan se preocupa dizendo que da ultima vez Bangse teria ficado mais de nove horas. Porém todos concordam em deixar Bangse meditando por mais tempo.

No dia seguinte. Bangse se despede de seu pai com mais atenção que o normal dizendo que o amava e que não precisava se preocupar com ele, apenas cuidasse de sua saúde e parasse com a bebida. Quando Bangse abre a porta para sair Madeira diz:
- Rafael, eu agradeço muito que esta fazendo comigo. Um pai tem que cuidar do filho e não dar trabalho a ele. Desculpe-me meu filho.
- Você e minha mãe Isaura me deram à vida, eu agradeço todos os dias por isso – olhando com brilho nos olhos para o pai durante toda a conversa. – Eu que tenho que agradecer. Desculpe se por alguma razão o ofendi ou o magoei. Sei que esperava que eu ganhasse dinheiro e fosse alguém rico, casado com filhos. Mas o destino não quis assim. Acredito que minha missão ainda esta por vir. Acredito que minha missão é amar, queria me dedicar mais à humanidade como Dalai Lhama. Mas minha vida seguiu outro caminho. Assim como dizia Dalai Lhama: “Cada um de nós é responsável por tornar o mundo melhor”. Acreditava que meu caminho era uma luta de grandeza nacional. Mas depois descobri com os alunos, que o máximo que poderia fazer era ensiná-los a se tornarem melhores. Acredito ser muito pouco. – em seguida segura os dois braços do pai e dizendo – Te amo!

Esta seria a ultima vez que Bangse viria o pai, em seguida saiu e foi lecionar.

Na escola diz aos alunos as palavras ditas por Dalai Lhama:
- “Vivemos atualmente em um mundo interdependente. Os problemas de uma nação não podem ser solucionados muito tempo somente por ela mesma. Sem um senso de responsabilidade universal, nossa sobrevivência está em perigo. Basicamente, responsabilidade universal significa sentir pelo sofrimento de outras pessoas o mesmo que sentimos pelo nosso próprio sofrimento”.

Neste dia, Bangse, praticamente passou varias mensagens de Dalai Lhama, ensinando muito a filosofia tibetana, explicando sobre o Karma tibetano e o Carma conhecido em sua forma espiritual:
- O Karma tibetano nada mais é que uma estrutura sutil da realidade temporal, ele continua quando a aparência imediata dos elementos se dissolve ou se é transformada. O Karma é o núcleo da pessoa que permanece e por isso transcende a toda individualidade. O Karma na filosofia do Tibet é aquilo que todos os seres existentes têm em comum. – depois de muito explicar sobre o Karma tibetano. – Já o Carma é usado comumente nas religiões espíritas. Os espíritas acreditam que estamos aqui para pagar Carma de outras vidas. À medida que acumulamos um saldo positivo de boas ações podemos evoluir espiritualmente. 


Os alunos adoraram a aula e ficaram curiosos sobre o Tibet. Bangse se despede dizendo.
- Nunca deixe seus desejos materiais serem mais fortes que a suas almas. Não se deixem serem levados pelo consumismo, pela vontade de ter; se assim ocorrer: serão infelizes por toda vida enquanto seres humanos.

Despediu-se naquele dia dizendo que amava os alunos e esperavam deles o que dizia Jesus Cristo: “Amai-vos uns aos outros”. Dizendo que “o cuidado de si e o cuidado com o outro” como relatados e descritos por Foucault; Bangse traduz em seu próprio entendimento como uma responsabilidade de toda a humanidade, dizendo que só assim seriamos capazes de vivermos na paz mundial.

Ao sair da aula vai ao encontro de Allan e os dois almoçam juntos. Bangse dizendo:
- Ficou surpreso meu amigo Allan? Hoje especificamente não irei chamá-lo de doutor. Vou lhe confessar uma coisa: no principio achei que era coisa de minha cabeça. Mas depois tive certeza assim como vocês.
- É impressionante como relata os fatos. – diz Allan passando a mão na cabeça.

Segue o almoço com este assunto até os dois irem para universidade em que encontrariam Guilherme e André. Bangse diz aos três:
- Sem duvidas depois de Fernando, vocês são meus melhores amigos. Vocês se dedicaram suas vidas nesta pesquisa, por isso eu não pretendo decepcioná-los. Foram momentos difíceis para vocês e para mim, espero que vocês sejam beneficiados com a pesquisa. Compartilhamos durante esses últimos anos confidencias que me diverti por vezes, por outras chorei. Divertimos-nos muito, sem vocês não sei se seria capaz de sobreviver à tamanha solidão. Por isso eu amo e respeito cada um de vocês como cientistas e como amigos.
- O que é isso amigo parece até uma despedida. – interrompe André. – Isso é apenas mais um dia de trabalho. Fique tranqüilo que estaremos lhe observando o tempo todo.

Bangse disse que estaria tranqüilo e que gravassem tudo o que ele viria a mencionar em suas mensagens. Em seguida é preparado por André. Bangse põe-se a meditar, enquanto um de seus olhos informa o fato ocorrido no momento da morte da mãe o outro viajava pela história e pelo futuro.
- Sempre retorno a esse momento querendo impedir que esta criança mate minha mãe, tudo é em vão. Eu tinha quinze anos nesta época e o garoto que a matou treze anos. Sabem o que é mais perverso? São os quatro espíritos, que acompanham a vida dessa criança. Eles nunca me notam. – vagando pelo tempo – irei acompanhar a vida do menino. Ele não tem mãe. Mora em um barraco em uma favela com mais dois garotos mais velhos do que ele. Aqui os espíritos que acompanham estes garotos aumentam, são oito, às vezes aparecem 15, eles não me notam, não me percebem. É como se eu não estivesse aqui. – Vagando mais no futuro do menino – vou um pouco mais ao futuro do menino. Vejo que foi preso e confessou vários crimes aos dezesseis anos. Ele morre na cadeia numa briga com outro garoto, o qual lhe faz cobrança por drogas não pagas. O momento de sua morte é terrível, os espíritos a sua volta estão contentes, parecem comemorar mais uma vitória. É terrível e doloroso. – Volta novamente no tempo – estou voltando até a última reencarnação do garoto que matou minha mãe. Ele esta com um bando de pessoas comemorando uma vitória da época das cruzadas. Como sabem, as cruzadas, teve seu inicio quando os cristãos para ter liberdade de acesso a Palestina, enviou para Jerusalém. A guerra pela Terra Santa, que durou do século XI ao XIV, foi iniciada logo após o domínio dos turcos sobre os mulçumanos. Após domínio da região, os turcos passaram impedir ferozmente a peregrinação dos europeus, através da captura e do assassinato, de muitos peregrinos que visitavam o local unicamente pela fé. Ele foi agregado a tropa de Urbano II, aqui ele parece ser ainda muito jovem, mas muito ruim. Mata sem piedade, ele é um dos orgulhos de Pedro o Eremita da primeira cruzada. Acho que o ano deve ser então por volta de 1097. Segundo a nossa história, esta época Urbano II apanhou um tropel de camponeses, aventureiros, vagabundos e mendigos, inflamados pela palavra de Pedro o Eremita, partiram para Constantinopla sem qualquer princípio de organização: eles cometeram, durante o caminho, uma série de tropelias, o que não esperavam, era serem aniquilados pelos turcos na Ásia Menor. As tropas turcas e búlgaras do sultão de Niceia, Kilij Arslan, aniquilam a Cruzada popular na Anatólia. Pedro, o Eremita escapa ao massacre e foge para Constantinopla. Ele mata crianças como se fossem ratos, ele é muito perverso. Ele é de tamanha agressividade e sem amor próprio ou pelo ser alheio. Muitos daqueles espíritos que vi, o acompanham agora em vida, encarnados em outros tão perversos quanto ele.

Enquanto isso o pestanejar do outro olho passava as seguintes mensagens:
- Estou observando curiosidades históricas, sempre gostei de saber a história dos grandes lideres. Neste momento estou com Adolf Hitler. Em vários lugares nunca presenciei espíritos tão perversos e tão horripilantes que cercam este homem, eles o protegem, brigam entre si, e comemoram cada sofrimento causado por Hitler. Parecem que não querem que ele parta, mas seu dia está próximo. Vejo os últimos momentos da derrocada do império nazista. Um ambiente doentio e sinistro Hitler transformou, com sua intransigência e radicalismo, uma guerra já perdida na mais sangrenta derrota. O vejo agora bastante curvado e com movimentos estranhamente oscilantes, ele anda muito próximo às paredes do bunker, como se procurasse apoio. Seu uniforme apresentava manchas de resto de comida, nos cantos dos lábios, também há migalhas de bolo. Ele sabe que não há mais esperança de reação ou sobrevida, mais seu ódio e sede de destruição, o faze persistir. Ele esta com ódio dos próprios alemães por terem perdido a guerra. Apesar de estar arrasado mantêm seus soldados numa obediência cega. Ele comete o suicídio, junto com outros, inclusive Golebbels assiste sua mulher envenenar seus próprios filhos, seis. – os computadores continuavam registrando tudo. – E é justamente dentro do ambiente claustrofóbico do bunker que tudo isso acontece. Ali esta Hitler, em companhia constante de sua amante e futura esposa Eva Braun, parece que ela é um dos confiáveis homens e um dos seus fiéis serviçais. Entre eles, esta sua secretária Junge, não acreditando na derrota. Não aceitando a derrota e destruição do império ariano. Com o passar das horas e com a definição mais clara do fim do nazismo restava apenas decidir se sua vida realmente se encerrava naquele momento em que o caos era visível. Hitler, astuto, é vingativo com os militares que lhe causam desagravo ou lhe desobedecem. Diferente do que a história conta, ele ainda permanece perverso, com ódio de sua própria carreira militar. – Bangse comenta “carreira de não sucesso”. – Isto mostra a frieza quase inumana da decisão à de se suicidar junto de Eva, e de oferecer o mesmo como alternativa para aqueles que temiam seus destinos nas mãos dos adversários. Os espíritos que o cerca querem levá-lo para longe e não possuem forças para isso. Os espíritos não querem que ele se suicide, mas ele faz com a intenção de se tornar Herói para as próximas gerações. Não quer se ver humilhado em um tribunal. Aí, se mata! Vejo seu desencarne, este seria o espírito mais terrível que presenciei durante este tempo de mero telespectador da verdadeira história.

Nisto já se passara três dias e três noites que Bangse permaneceria naquele estado de meditação. Preocupados tentam reanimá-lo, tirando daquele estado; sem sucesso. Ao mesmo tempo em que suas mensagens eram transmitidas.

Allan resolve tirá-lo dali e levá-lo a uma UTI. André retira os equipamentos, e nota que somente suas pálpebras continuam mandando mensagem. Em seguida diz ao Dr. Allan para que continuassem com a pesquisa. O Dr. Allan aceita. Porém, muitas mensagens ainda estariam por vir.

Nos próximos quatro anos que se seguem, Bangse continuara enviando mensagens de acontecimentos históricos internado na UTI do Hospital Universitário; sempre observados por médicos especialistas e os doutores André, Guilherme e Allan. Sendo que, tudo continuava a ser registrado nos mínimos detalhes pelos computadores. Por vezes, Bangse, mandaria mensagens do que se passaria na vida dos três, em seu cotidiano num futuro próximo de três a quatro dias, sem que isso interferisse em seus atos, para dizer que de certa forma estava tudo bem com ele.

Os detalhes discutidos na reunião a respeito do estado de Bangse por Allan, Guilherme e André, fora envidadas três dias antes. Até os comentários sobre a própria mensagem foi registrada. Por exemplo, as palavras de Allan registrada no computador:
- Bangse descreveu até essa situação dessa minha fala. – disse Allan.

Bangse descreve que a reunião que se passara concordando com André. A reunião se passara da seguinte forma.

- Não podemos considerar a situação de Bangse como “coma”, porque este seria um estado profundo de inconsciência. Um indivíduo afetado pelo como está vivo, mas não é capaz de reagir ou responder à vida ao redor de si. – palavras de Allan. – O coma pode ocorrer como uma progressão ou complicação esperada de uma doença subjacente, ou como o resultado de um evento tal como um trauma de crânio. E este não é o caso de Bangse.
- Allan! Também, não podemos considerar um estado “vegetativo” persistente, pois esta seria uma condição na qual Bangse teria funções neurológicas não-cognitivas e um ciclo de sono e vigília parcial. De certo, sua função neurológica cognitiva e sua consciência com o meio ambiente não esta estabelecida. – palavras de Guilherme. – Porém, às vezes o estado vegetativo persistente pode ser diagnosticado a um momento em que a pessoa está tecnicamente viva, mas o seu cérebro está morto. Essa descrição, entretanto, não é correta: no estado vegetativo persistente, o indivíduo perde as funções cerebrais mais elaboradas, mas as funções do tronco cerebral, tais como a respiração e o controle do aparelho circulatório, permanecem relativamente intactas. Pode-se perceber neste caso movimentos espontâneos em que os olhos podem se abrir em resposta a estímulos externos, mas o paciente não fala nem obedece a comandos.
- Vocês têm que ver que Bangse quer estar nesta condição.- palavras de André. – O estado vegetativo é um estado de não reação, definido como uma condição caracterizada pelo estado de vigilância, alternância de ciclos sono/vigia, ausência aparente da consciência de si e do ambiente circunstante, falta de respostas comportamentais aos estímulos ambientais, conservação das funções autônomas e de outras funções cerebrais. O caso de Bangse é claramente distinto da morte encefálica, coma, síndrome "locked-in", ou estado de consciência mínima.
- Ele envia suas mensagens vinte quatro horas por dia, seu cérebro não para um segundo se quer. Bangse esta totalmente lúcido onde quer que ele esteja, não temos o que fazer a não ser esperar. Ele voltara na hora que quiser. Suas funções corticais são ótimas, seu cérebros trabalha a “mil”. Utilizando uma linguagem popular. Eu gostaria de fazer uma proposta agora neste momento. – Allan disse faça – Sugiro buscar Ana Paula para uma visita para ver se Bangse volta.
- Apesar das condições gerais de seu corpo estar ótima. – Allan diz com os exames de Bangse nas mãos – seu corpo já está atrofiado, seu músculo fraco. Ele era muito saudável e forte.

Allan pensativo, segundo o que Bangse informara em suas mensagens:
- André! Deixo isso por sua conta.

Apesar de Bangse saberá de tudo que aconteceria com a proposta de André; Bangse não interferiria.

Passado uma semana após a proposta de André. Allan faz a cobrança:
- Você não disse que iria atrás da Ana Paula? Estou esperando esse momento.

No outro dia, André faz uma longa viagem procurando Ana Paula em uma cidade no sul do Estado de Minas Gerais. Ao encontrá-la, expõe toda a situação para Ana Paula e seu esposo. Apesar de seu esposo ser bastante ciumento concorda, pois sabia que o rapaz estava em estado vegetativo. Porém, fez questão de ir junto a ela.

Ao chegarem, são lhes apresentados o Dr. Allan e o Dr. Guilherme, os quais estariam com André, Madeira, Ana Paula e o marido na presença de Bangse.

Madeira que durante todo esse tempo visita o filho regularmente, conversando com ele e pedindo para que ele volte, observa atentamente Ana Paula com lágrimas nos olhos.

Ana Paula pega na mão de Bangse, conversando com ele, também com lágrimas nos olhos (lembrando o que André havia lhe mostrado: registros das mensagens de Bang sobre ela: o quanto ele a amava, etc.).

Bangse continuava mandando mensagens sobre o futuro incansavelmente com um dos olhos e o outro parou de enviar. Como sempre, Bangse não mexeu um músculo do dedo, não respondendo aos apelos de Ana Paula. Porém, ele estava presente como das outras vezes que observara os dois no passado. Ana Paula dizia gostar dele e queria que ele voltasse. Ele sabia que jamais ela deixaria a família para ficar com ele. Bangse, também, jamais iria aceitar que isso acontecesse.

Ana Paula sai aos prantos com o marido, enquanto Allan vai atrás e agradece a gentileza.

André observara os computadores e sabia que de alguma forma Bangse estava presente.

Allan sabia que não poderiam fazer mais nada.

Esta seria a última tentativa dos amigos André, Guilherme e Allan, para reanimar Bangse. Para tirar Bangse das profundezas de sua alma, da meditação eterna.

Bangse com um dos olhos enviava as seguintes mensagens:
- Agradeço aos amigos, mas minha situação é irreversível. Ela estava linda como sempre, o tempo não tirou sua beleza.

André daria muita risada ao ler o que Bangse descrevera, em um tom de brincadeira, sobre o esposo de Ana Paula:
- O que ela viu nele, ele esta pior que meu corpo naquela cama. Eu ainda tenho mais cabelo que ele.

Ao mesmo tempo um dos computadores registrava:
- Desculpem-me meus amigos, mas vou revelar o futuro longínquo, não o que vejo de vocês, apenas coisas que posso ver da humanidade.


Em seguida os computadores registram informações de Bangse referentes ao mar ocupando grande dimensão do planeta terra, maremotos, enchentes, vulcões, etc.

Em um futuro mais distante ele vê guerras interplanetárias. Extraterrestres se apoderando da civilização do planeta Terra com objetivo de escravizar.

Ele vê espíritos de seres materiais de outros planetas. Espíritos bons e ruins. Muitos confrontos espirituais. Porém, os espíritos pacíficos interplanetários dominavam em número e capacidade de persuasão diante as várias espécimes inteligentes. Bangse explica detalhes na aparência de cada ser; aparências físicas e espirituais, das cores as formas. Bangse acompanhava tudo em terceira dimensão.

Enquanto isso ao mesmo tempo utilizando o pestanejar do outro olho, Bangse às vezes informava os mesmos lugares (tentando impedir a morte da mãe e observando sempre os mesmos momentos com Ana Paula repetidamente).

O que surpreendera a todos foi quando Bangse, em algum lugar do futuro em um presente próximo em relação aos conflitos interplanetários, vê uma multidão em torno de um só homem.

Descreve Bangse em sua mensagem que a cidade parecia um espaço futurista de práticas educativas e culturais, um tempo de grande tecnologia, diferentes categorias de público com diversos recursos tecnológicos que não conhecia. As pessoas pareciam ser bem mais altas em relação à do seu tempo. Os edifícios, o desenho arquitetônico, as cores e as texturas, o mobiliário e os equipamentos. Tudo para Bangse parecia feio, bonito, triste, alegre, acolhedor e agressivo, moderno ao mesmo tempo. Descrevera que a linguagem era um tanto ofusca mais compreensível

O que chamara a atenção é que parece este homem olhar para Bangse.

Bangse envia a mensagem da conversa:
- É impossível alguém estar me vendo.

O homem de repente se afasta da multidão indo para um lugar reservado. Um lugar estranho, futurista, mas depredado. Convicto de que poderia ser visto Bangse se aproxima, dizendo:
- Oi!
- Oi – responde o homem.
- Em que ano estamos? – ao ver vários tumultos de pessoas.

A reposta vem em seguida:
- Eu sou capaz de te ver, estamos no ano de 3076, não se preocupe sou “Tse”, a quarta encarnação de Cristo. Sei também, que tem muitas duvidas, um dia isso o será revelado. Não por mim!
- Acho que cheguei ao final do meu caminho – diz Bangse porque achara que naquele momento falava com Deus.
- Diríamos que você esta no meio do círculo. – Tse fala enquanto escreve em uma mesa – nos encontraremos outras vezes no futuro ou no passado, segundo sua lógica de pensamento. Pois sabes que o tempo é uma construção dos seres inteligentes ligados a matéria. Você não existe, mas esta ligada ainda à matéria.
- Se eu não existo como pode falar comigo – diz Bangse olhando para Tse, o qual às vezes levanta a cabeça para lhe falar.
- Haverá o dia em que entenderás – continua Tse – Assim como o coração se comunica o tempo todo com o sangue, os com os órgãos internos, os músculos, etc. oxigenando o corpo inteiro, nutrindo tudo ao mesmo tempo em que os o resto do corpo lhe informa suas condições. Não se preocupe, onde está, o tempo não interfere, o coração é eterno. Tudo é mais rápido do que se pensa humanamente.

Neste ínterim, Bangse observa um entrar e sair de pessoas para falar com Tse. Muitos espíritos evoluídos ao tempo todo ao seu lado, ao mesmo tempo em que espíritos ruins, terríveis, tentavam se aproximar dele, mas não conseguiam; não por impedimento dos espíritos bons, é como se tivesse uma luz irradiante que cercava a ele e a todos seus seguidores. Porém, nenhum dos espíritos, bons ou ruins conseguira ver Bangse; apenas Tse.

Bangse dissera que tinha muitas perguntas a serem feitas e Tse.
- Mas eu não tenho todo tempo do mundo para responder, me perdoe tenho que ir ao encontro daquelas pessoas. – olha para Bangse – estamos em uma das épocas mais difíceis para os seres humanos. Estamos aqui, eu e meus seguidores encarnados e desencarnados, para ajudar a continuação da existência da raça humana.

E partiu.

Bangse olha por alguns instantes para Tse, com muitas duvidas. E não entendera por que a reencarnação de Cristo não lhe respondera.

Isto tudo acontecera num período de 12 anos em que Bangse continuara naquele estado de meditação permanente.

Este seria um dos dias do período de doze anos, que Allan, Guilherme e André se reunirão depois do ocorrido com Tse.
- Que loucura ele esteve com uma futura encarnação de Cristo! O único que pode vê-lo – espantado com tudo aquilo continua – Não faz sentido.
- Até que ponto, isso é realidade ou fantasia que se passa com Bangse. – Allan ainda meio céptico mesmo depois de tudo que já havia presenciado. – Entendo que de vez enquanto, para mostrar que tem controle sobre a mente, envia mensagens nossa de três a quatro dias que estão por vir. Porém, tenho minhas dúvidas. Acredito que ele, de vez enquanto, tem imaginações daquilo que pretendia buscar; uma conversa com Deus. Mas vamos continuar nosso trabalho.

Bangse demorara mais de um ano escrevendo detalhes da vida de Buda. Não compreendera porque Buda também conseguira falar com ele.

Depois de encontrar Bangse, Sakyamuni (Buda) não seria mais chamado de Sakyamuni, apena de Mestre “Buda”. A conversa se passara da seguinte forma, segundo as mensagens enviadas por Bangse:
- Assim como Tse, Buda tem uma grande luz.
- Vós ser Bangse aquele que voa pelo tempo como um pássaro iluminado. – diz Buda ao ver Bangse.
- Como consegue me ver? – indaga Bangse.
- Um dia compreenderás – abrindo os braços com as palmas das mãos para cima continua – Só não entendo como vós viajastes pelo universo, como conseguistes?

Bangse explica tudo a Sakyamuni (Buda) sobre sua vida na terra, sobre Cristo (Tse); lhe passando informações do futuro; variadas histórias reais até o séc. XXI.

Buda através da meditação sabera da existência de Bangse, como o pássaro que tudo vê além do tempo dos homens. Naquele exato momento foi que, Sakyamuni, compreendera que a vida se estendera por todo o universo, desde o passado sem limites até o eterno futuro, não somente compreenda a essência da vida do universo, mas também, percebera que a sua própria vida estava respirando em perfeita harmonia com todo o ritmo cósmico. Sakyamuni mostrou então ser o iluminado, ser Buda. Ele compreendera totalmente a lei da causalidade e efeito e sabia que algo maior ainda estaria por vir para ele e para Bangse.

O que vê em mim? – pergunta Buda.
- Mestre Tu és a iluminação, segundo os manuscritos Tu encontraste o meio de superar todos os sofrimentos humanos. Do nascimento, a velhice, a doença e a morte. Segundo os tibetanos e os indianos Sakyamuni, vós percebestes que todo o sofrimento provém das ilusões, e que a natureza obscura dos homens oculta o estado de Buda que todos possuem.

Sakyamuni compreendeu naquele momento que, os homens jamais poderiam compreender a real profundidade da Lei Mística da vida, se esta lhes fosse diretamente apresentada.

Naquele momento de meditação que conversara com Bangse, Sakyamuni se preocupou com detalhes e formas de energia que sentia naquele momento.

Daí em diante, Buda se dedicou sua vida a mais que meditar, a transmitir sua filosofia para as pessoas comuns.

Bangse, ao mesmo tempo em que passa tais informações para André e sua equipe, com o outro olho passava as mensagens das viagens que acompanhara Buda e seus fieis discípulos Sharihotsu e Mokuren, para Sarnat (Parque dos Gamos) em Benares, em que Buda e muitos outros ascetas levavam uma vida religiosa unido a profundas meditações. Bangse diz que Buda, apesar de passar por inúmeras dificuldades, foi corajoso e tenaz, iluminando por onde passara, dizendo aos que o cercavam que somente a felicidade individual generalizada poderia resultar na passividade e no sentir-se bem da sociedade como um todo.

Trocando informações, uma hora com o olho direito, outra com o esquerdo, Bangse diz estar com Buda oito anos antes de sua morte:
- Buda incorporara seu pensamento mais elevado, o “Sutra de Lótus”, ao mesmo tempo em que advertira aqueles que o cercara, dizendo que nunca procurassem a felicidade nos prazeres materiais e físicos. – descreve a revelação de Buda – Buda revelou a felicidade eterna do Mahayana provisório, através de citações de um paraíso em um outro mundo, onde os homens entrariam após a morte. – Bangse dizia que Buda foi muito além dele, não por viajar pelo tempo, mas de deixar para humanidade uma extraordinária filosofia de vida. – Agora entendo seu mais elevado ensino, o “Sutra de Lótus”, talvez eu estou neste estágio tão elevado quanto o de Buda. Para aquele que percebe a realidade última em sua vida, o seu próprio mundo se transforma numa terra eternamente iluminada. Aprendi com Buda muito mais do que ele aprendera comigo. Aqui sei que Buda foi um filósofo e mestre de inigualável sabedoria.

Enquanto isso, André e sua equipe se revezavam para ler tudo que Bangse passara durante as vinte quatro horas do dia.

Ano após ano, alternadamente seus olhos ao pestanejarem enviando mensagens incansavelmente. Foi quando um dos olhos enviara mensagens de um futuro mais longínquo com uma das encarnações de Cristo (Hécles):
- Assim como disse São João, parece que vejo um planeta gigante que vem se aproximando da Terra. Na Bíblia ele também é citado com o nome de “Absinto”, também é conhecido com o nome de “O Grande Rei do Terror” por Nostradamus; já os antigos Maias, denominaram-no de “Estrela Baal”. – dizia Bija – Este planeta trás cataclismos geológicos, aquecimento da Terra, dentre inúmeros outros acontecimentos já profetizados por vários seres humanos iluminados espiritualmente. Os espíritos também trabalham muito no resgate das almas humanas. O planeta tem uma cor vermelha, de intenso brilho. Alguns seres humanos privilegiados são recolhidos em corpo matéria, por naves extraterrestres – segundo um calendário próximo a um local que assemelhava a uma pequena mercearia, Bija descrevia – Este é o ano 12.953. Este planeta é bem maior que a terra. Antes mesmo de chocar com a terra, sua gravidade exterminou tudo por aqui. É terrível. Nada se compara, são tragédia, terremotos, maremotos muito inferiores das que passei anteriormente. Há uma fenda no mar que provoca uma grande explosão. Cristo esta mais uma vez presente em alma e corpo, uma duplicação. Posso vê-lo e ele também a mim. Ele esta se dirigindo a mim em corpo matéria.
- Bangse, desta vez os justos não pagarão pelos pecadores, os justos serão salvos antes do grande cataclismo – olhando para Bangse, Hécles continua – algumas almas se perderão. Estes seres intergalácticos que esta vendo agora são de tamanha bondade para os humanos. Eles querem salvar o maior número de pessoas. Os espíritos que esta vendo procuram salvar as almas. Apesar dos espíritos sem luz estarem comemorando uma vitória, Tu, somente Tu, saberás que isso é apenas uma passagem. O homem é um motivo divino, em breve comprovareis a você. Você ainda presenciara muitos acontecimentos. Este planeta que se aproxima também há vidas nele – dizendo que haveria vidas inteligentes naquele planeta. – É um planeta frio com seres inteligentes, também sendo resgatados, tanto em corpo-matéria, quanto espiritual. Daqui a poucos dias a Terra mergulhará em cinzas em todas as direções do cosmo. Estou aqui em corpo-matéria com o nome de Hécles velando os vivos, e em espírito resgatando as almas. Depois disso restará poucos seres humanos no universo. Apenas os resgatados pelos seres interplanetários. Você ainda assistira quando o sol ficar completamente eclipsado, passará no céu um novo e colossal corpo celeste, o qual se remitira sobre o sol. Uma estrela anã branca com a massa vinte vezes maior que a do sol. Será visto por todos desta constelação. Aí será o fim. Será o fim da existência do corpo-matéria – dizendo que isto estaria num futuro longínquo para quem vive. – Bangse, você esta presenciando a previsão de João: “Quando os pássaros de ferro desovarem os ovos de fogo, quando os homens dominarem os ares e cruzarem o fundo dos mares; quando os mortos ressuscitarem; quando descer o fogo dos céus e os homens do campo não puderem alcançar as cidades e os das cidades não conseguirem fugir para os campos; quando estranhos aparelhos forem vistos no céu e coisas extravagantes forem observadas na Terra; quando jovens e velhos tiverem visões, premonições e fizerem profecias; quando os homens se dividirem em nome de Cristo; quando a fome, a sede, a miséria, a doença e os cemitérios substituírem as povoações das cidades; quando irmãos de sangue se matarem uns aos outros e as criaturas adorarem à besta, então os tempos terão chegado”. Daqui para frente às previsões serão ditadas por seres interplanetários. Daqui a alguns milhares de ano, toda inteligência estará completamente em conflito. Você Bangse! Presenciará e sentirá o fim e o começo de tudo. Não há castigo apenas o momento supremo. Neste momento em que me aprecia é o momento previsto também por Pedro: “Nos últimos dias virão os escarnecedores, com suas zombarias, posto que vivem, posto que vivem segundo suas concupiscências” por isso os espíritos das trevas estão perguntando aos que desencarnam: “Onde está a promessa de sua vinda, se desde que os nossos pais morreram tudo permanece igual desde o principio da criação?”. Pedro já havia dito isso, aquele que vê em espírito aliviando a dos demais é Pedro, que me acompanha em varias encarnações. Você verá no futuro que os espíritos ruins irão continuar ruins, preferem ao sofrimento que amar e perdoar, isso por orgulho, inveja. Eles mesmos se construíram assim em suas diversas reencarnações. – dizendo que no futuro estes espíritos ruins unirão suas forças com a “Vida Artificial”. – Este é apenas o que previu Pedro como disse acima. Pois Pedro já havia dito: “Assim, pois, vocês que me ouvem nestes momentos, saibam que os tempos do fim chegaram, mas assim como na Atlântida houve um povo seleto que foi salvo pelo Manu Vaivasvata (o Noé bíblico) e elevado até a meseta central da Ásia, também nestes tempos haverá um povo seleto, que será salvo dentre o fumo e as chamas, antes da grande catástrofe”. Mas breve este povo verá o Arco-Íris. Aqueles que sobreviverem entraram em uma nova era. Dando continuidade a vida humana no universo, até o fim dos tempos que você Bangse presenciará.

Bangse diz que o ruim é ver tudo e não poder fazer nada para mudar quando Hécles fala.
- Lembre-se que o domínio sobre si, o domínio temporal que o permite transcender sua limitação e desenvolve sua meditação em planos mais elevados de consciência e de pensamento, sem mediocridade, preenche o seu coração com uma alegria verdadeira de sentimentos fraternos, de amor ao próximo assim deverá se dirigir a ele, como a uma simples semente. Cheia e vazia ao mesmo tempo, você não pertence a esta época. Sua missão é outra.
- Não entendi – diz Bangse.
- Um dia entenderás – diz Hécles olhando atentamente para os olhos de Bangse.


Bangse continua olhando tanto terror, tanto medo entre as pessoas, descrevendo uma mensagem que Hércles nas palavras comumente usadas em sua encarnação como Cristo:
- Escutas amados filhos uma voz amiga, daquele que darás eternamente a vida por vossa salvação:
- Sejais bons para com vossos irmãos.
- Não deterioreis a natureza.
- Respeite a vida na terra. Cumpram sua parte com vossa presença na Terra.
- Deus é o único caminho.
- Eis a salvação!

Alguns anos depois os doutores Allan, Guilherme e Fabiola se aposentam, sem nada concluírem com as pesquisas, porém com grandes informações as revistas especializadas científicas e sensacionalistas. Ao mesmo tempo em que dirigentes financeiros da pesquisa não cessaram os trabalhos. Isto porque, Bangse, descrevera situações particulares dos três dias próximos ocorridos com os dirigentes. Do mesmo tipo que enviara a Allan, Guilherme e André, desde ao levantarem da cama até chapas de carros e pessoas com quem viriam a encontrar, vestimentas, etc.

Uma mensagem que provocaria um certo espanto a equipe, agora dirigida pelo Dr. André foi quando Bangse retorna no tempo, encontrando-se com Cristo momentos antes de seu sacrifício.

André atentamente acompanhava durante todo seu dia de trabalho as mensagens enviadas por Bangse. Muitas vezes levando as mensagens para sua casa. André tinha um assistente o Dr. Valério; o qual o substituiria em momentos de folga e descanso. Neste dia quem estava lendo era Valério:

Mais uma vez Cristo vê Bangse no monte Gólgota, momentos antes de sua crucificação e diz:
- És Tu jovem amigo, aguardavas por esse dia. Uma grande luz cerca a Ti assim como em mim.
- Admiro todas as suas encarnações – diz Bangse – Somente o filho de Deus suportaria tantas humilhações e sacrifícios. – em seguida pergunta – Por que sofrer tanto Senhor?
- És necessário para que o homem entenda que a vida na Terra é dor e sofrimento com fleches de alegria. – passando lentamente uma mão na outra continuava – a dor que sinto, sentireis pela eternidade na salvação pelo ser inteligente, pensante. Sofrearíeis por amar os homens e as criaturas do universo. Sei que Tu sofreste por amor e solidão. Mas é em Ti, que encontrá-se o segredo do universo.
- Poderia me explicar melhor, quanto a se encontrar o segredo do universo em mim? – achando que ia obter uma resposta.
- Um dia entenderás – Cristo diz com um leve sorriso.

Bangse enviava suas mensagens, dizendo que acompanhara Cristo, até aquele que seria seu último momento naquele corpo humano.
- Os soldados vêem Cristo conversando comigo, achando-o louco. Os espigões de ferro são cravados em seus pulsos e nos calcanhares. A dor é muita, ele contrai-se, também eu, quase a sinto. Mas um dos ladrões ainda tem forças para troçar da divindade de Jesus. O outro se indigna e Jesus garante-lhe a salvação, dizendo: “encontrar-se-ão no Paraíso”. Um soldado encosta um escadote à cruz do nazareno, sobe e, a mando do governador, no alto prega um letreiro com caracteres romanos: INRI. É a abreviatura de Iesus Nazarus Rex Iudeorum, que significa Jesus Nazareno Rei dos Judeus.

Valério lia indignado enquanto Bangse dizia observar os soldados com as suas lanças, ao lado espíritos perversos influenciando tais atitudes.
- Os soldados romanos picam Jesus com suas lanças. O povo grita, começa o espetáculo. Em seguida escorre o sangue das suas costas e no seu peito. Há uma coroa de espinhos cravada na cabeça do nazareno. Os condenados ao lado vêem tudo aquilo que se passara com um tremendo medo. A trave horizontal da cruz de Jesus estava úmida de sangue deixado pelas lanças.

Em seguida, Bangse diz que uma mulher, já idosa, correra ao pé da cruz de Jesus. Um centurião empurrá-a, duas outras mulheres amparam-na.
- O povo não gosta da cena, o povo não gosta de ver Maria maltratada e gritam: “não se maltratam as mães”. Vejo que já vai mudando o sentimento da multidão. Afinal muito sofrimento para condenar um inocente. – entre sua opinião e aquilo que presenciava Bangse continua – Vejo, também, uma jovem e bonita mulher com tranças desfeitas, chorando aos prantos, Maria diz a ela: “não chores Madalena”. Enquanto que fariseus riem o tempo todo. Sei que é João que esta ao pé da cruz com Maria e Madalena. Vejo Jesus levantando os olhos para o céu, ouço seu murmurar olhando às vezes para mim e diz: “Senhor por que me abandonaste?”. Em seguida reage pedindo água. O mesmo soldado que mais o espetava esfregá-lhe a boca com um pano umedecido em fel e vinagre. Muitas pessoas riem da cena, principalmente os soldados influenciados por espíritos turvos. Jesus me olha novamente murmura e diz: “perdoa Pai, eles não sabem o que fazem”. Vejo que há um centurião romano pedindo penitencia, e Bangse diz: parece-me um bom homem. Logo em seguida vejo uma grande tempestade se aproximando, o dia virou noite. Ao longe vejo relâmpagos e já vai chegando a Jerusalém o estrondo dos trovões. Contemplo Jesus. Sei que está preste a morrer. Logo Cristo se cala.

Valério ao ler fica surpreendido e admirado. Isto porque, de princípio achava que Bangse era um louco na cama, mas depois de alguns meses, vira que ele era alguém muito especial. Além do que, havia lido o que Bangse lhe enviara: mensagens dos próximos três a quatro dias que lhe estavam por vir.

Bangse havia enviado mensagens de uma conversa que aconteceria entre o Dr. André e o Dr. Valério, a qual se passaria na mesma lanchonete que o próprio André se encontrara com os amigos Allan, Guilherme e Bangse há tempos atrás. A mensagem enviada nos detalhes por Bangse sobre esta conversa dizia:
- Como ele faz isso? – indaga Valério.
- Bangse quando conversava com Allan, Guilherme e comigo mostrava uma vontade, uma paixão para ter resposta a certas perguntas. Para isso usava a meditação. Até que sua satisfação estava na vida que leva agora. Para mim, sua inteligência orienta sua vontade para que esta assegure sua vida em constante meditação.
- Acredito que a meditação é apresentada como resposta ao intenso estilo de vida do mundo em que vivemos – diz Valério, pensa o que acabara de perguntar: “como ele faz isso, que tipo de meditação é essa”. – Mas não compreendo seu estado permanente de meditação.
- No caso de Bangse temos o extremo do quadro da meditação, a qual lhe fora ensinada para empregar os pensamentos a fim de atingir níveis espirituais mais elevados; ele aprendeu no Tibet. Mas ninguém até agora, conseguiu o que ele faz. – pensa André: “pelo menos até o momento não”. – Não temos registros científicos tais como o de Bangse. É certo, que temos estudos de resultado satisfatório com a meditação, quando usada como um auxílio para estresse e doenças crônicas, e há vários tipos de meditação.
- A medicina tradicional muitas vezes não consegue descobrir a causa de uma doença ou aliviar a dor – diz Valério já saindo daquilo que presenciavam com Bangse. – Os profissionais “alternativos” freqüentemente incentivam seus pacientes a ter esperanças, mesmo quando o quadro é desesperador. O fato é que se tem um resultado satisfatório.
- Nós pesquisadores sabemos que isso ocorre porque os médicos tradicionais consideram em primeiro lugar a doença e depois o paciente – fala André como se tivesse em sala de aula – Bangse sempre dizia que temos que tratar do corpo, da mente e da alma do paciente. Muitos médicos não sabem lidar com as doenças por conexões espirituais e metafísicas. De principio eu também não sabia lidar com essa situação. Eu Allan, Guilherme e Fabiola aprendemos com Bangse. Em nossas palestras na Universidade digo aos futuros médicos que tratem das pessoas e não das doenças. Só assim terão resultados satisfatórios. Os médicos tradicionais geralmente trabalham em grandes hospitais ou prontos socorros e atendem centenas ou milhares de pacientes com suas necessidades específicas. Muitas das vezes, nem olham para o rosto do paciente. Bangse nos ensinou a meditar. Tem me ajudado muito. Hoje, acredito que o médico deve crer em Deus e na alma. Não basta apenas o conhecimento e a experiência do médico na doença. Se o médico for gentil e bem apessoado, melhor ainda. Não adianta ser um excelente médico e não dar um pingo de atenção ao paciente. Assim, acho que a medicina tradicional é falível, mas corrigível, basta meditar, encarar os fatos e tratar o paciente como pessoa. Além do que, ensinar o paciente a meditar. Como disse a você outras vezes, depois que conheci Bangse, virei Kardecsista. Sinto-me bem, e isso é o que importa mesmo a comunidade científica achando errado.
- Com você, aprendi que a natureza fundamentalmente da metafísica não é testável, mas nunca se pode provar que ela é incorreta – diz Valério com grande admiração por aquele que se espelhava. – Assim, ensino aos meus alunos a parte científica, mas não deixo de mostrar a importância da homeopatia, da iridologia, da reflexologia, da aromaterapia, da meditação entre outras, para o sentir-se bem do paciente. Por outro lado, tenho a consciência que a medicina tradicional é rejeitada por alguns pacientes simplesmente por ser tradicional, e não mágica. Embora a medicina pareça às vezes operar milagres, os milagres da medicina moderna são baseados em ciência, não em fé.

André em seguida expõe aquilo que sentia e vivia além da ciência.
- A fé, não deve ser olhada pela medicina, mas pelos pacientes. A principal razão pelas quais pessoas procuram por tratamentos médicos alternativos é, no entanto, pela fé. Ou seja, elas se sentem melhor, mais saudáveis, com mais vitalidade. A medicina tradicional, científica acha errado o método alternativo. Mas se o paciente acha certo e tem fé, e realmente melhora como pode ser constatado por vários especialistas, devemos também explorar está “Fé” para obtermos resultados satisfatórios. Porém, não basta cair em mãos de charlatões existentes por aí de vários seguimentos, tantos os religiosos, quanto os curandeiros, tem-se que passar por médicos especialistas. Isto porque, às vezes a “Fé” não é tanta, e o charlatão pode ser “dos grandes”.

André e Valério terminam com muitos risos ao mesmo tempo em que Bangse passava as mensagens:
- Agora observo muito além do tempo. Aqui observo seres inteligentes muito diferentes de nós, a raça humana não existe mais, apenas alguns descentes entre várias outras misturas. Nos vários planetas desta época todos são dirigidos por equipamentos sofisticados totalmente comunicáveis com os seres. São seres pensantes de aparência estranha como nos filmes de ficção, tem sua própria inteligência. Há, também, seres cibernéticos. As máquinas, que as chamarei de computadores, têm pensamento próprio, têm uma linguagem própria, porém consigo identificá-la. Assim como todos os seres pensantes e inteligentes, que presenciei, estes computadores têm uma característica idêntica à dos outros: “buscam o poder”. Vocês sabem que sempre informei, desde antiguidade até tempos futuros toda sociedade buscando o poder; e vejo que esta sociedade não é diferente, buscam o poder. Acho que a busca pelo poder faz parte de todo ser inteligente medíocre, por mais avançado que seja sua tecnologia ou sua alma. Seja um espírito, um equipamento ou um ser carnal inteligente. – dizendo que era diferente da época de Tse em que os computadores tentavam causar o caos. – Estes computadores tentam evitar a violência, diminuí-la e controlá-la. Eles estão interligados entre si e possuem em seus registros comportamentos sociais para garantir a integridade física e psíquica dos seres aliados que vivem nesta época. Vejo que, aqui, a violência é violação da integridade física e psíquica da dignidade dos computadores. É como se a classe dominante fossem os computadores. Em nossa época, o assassinato, a torturas, os diversos tipos de roubos etc. são considerados crimes. Aqui os crimes são os mesmos, quando se trata de serem cometidos contra os computadores, assim como na classe dominante na época que vocês estão agora aí na Terra. A lei aqui é a execução simples dos ditos “infratores”, por esses computadores. Estou presenciando uma condenação, não há julgamento. Apenas uma simples desintegração do “individuo”; se assim me permitem chamar tal criatura. Estes seres inteligentes fisiológicos são escravizados por computadores. Existe aqui, também, espírito bom e ruim. Os computadores não são influenciados por nenhum espírito, agem por si, não tem alma, não tem sonhos, apenas agem. Vejo espíritos entre os espécimes vivos (indivíduos); têm espíritos por toda volta, até os meios cibernéticos tem influência espiritual. Há muito mais espíritos que todas as épocas. Ainda ninguém além de Cristo e suas reencarnações consegue me ver, nem mesmo percebem ou sentem a minha presença. – volta às explicações – Assim como em nosso tempo há muitos “indivíduos” bons, que trabalham para o bem da sociedade em que vivem. Por outro lado, há seres que destroem tudo que vêem. São minorias, cercadas de espíritos ruins. Estes destroem tanto os computadores quanto outros seres semelhantes a eles. Como descrevi anteriormente, os computadores escravizam os “indivíduos”, alguns cibernéticos e “indivíduos” ruins trabalham para os computadores. Os cibernéticos trabalham em troca de energia para sobreviverem e os “indivíduos” em troca de alimento. Sei que estão curiosos para saberem a forma física dos “indivíduos” por isso aí está: são descendentes até de seres humanos e cruzamentos feitos com outros espécimes ao longo dos últimos trinta milhões de anos através da biotecnologia desenvolvida por eles desde a última encarnação de Cristo (Hécles). Alguns possuem apenas um olho, outros possuem de dois a cinco olhos, tem uma espécie de tromba no lugar do nariz com filtros para evitar a entrada de certos poluentes, protegem seu organismo com a filtragem para evitar certos males que causa os efeitos de certos gases para eles; o maxilar e as mandíbulas são bem mais fortes que as nossas e os dentes mais resistentes, isto porque desenvolveram ao longo do tempo por comerem determinadas rações duras. Suas orelhas são pequenas e pouco ouve, pois as tempestades são barulhentas, muito barulho neste planeta, planeta denominado por eles de Illíon.

Bangse descrevia tudo nos detalhes.
- Illíon é em torno de cinco vezes o tamanho da Terra. Porém, a pressão atmosférica é menor que a da Terra. Há grandes tempestades momentâneas que por onde passam destroem tudo; só não destroem os abrigos subterrâneos. Em Illíon, a poeira da atmosfera e os gases fazem com que as tempestades sejam muito violentas. As partículas suspensas capturam a luz solar e aquecem rapidamente, aumentando em vários graus depois que nasce o sol desse sistema. O calor capturado cria um vórtice de ar em movimento e cresce até formar ventos bem mais fortes que nossos furacões. Estes distúrbios sugam a poeira e a levam para o alto junto aos gases. São cenas horríveis que observo mais uma vez: muitos “indivíduos” são deixados pelos computadores fora dos abrigos quando há falta de comida nas cidades, para morrerem.

Bangse passara mais de três anos dando detalhes desde a comida até modo de vida cultural existente naquela civilização de Illíon, quando de repente um de seus olhos passa a seguinte mensagem:
- Não sei em que ano estou, nem mesmo que formas há de energia, mas vou denominar de forma azul a energia boa e de forma cinza a energia ruim. Não há mais vida material; vejo-me como uma semente; parece que sou a única matéria que existe por aqui. Sinto-me como se toda a matéria do universo estivesse contida em mim. Percebo que há uma grande luta de força entre a civilização azul e a civilização cinza. A civilização azul é originada dos espíritos descendentes dos seres fisiológicos e a energia cinza é originada dos computadores que conseguiram desenvolver uma alma; uma energia virtual com regras e normas próprias que tenta com todas as forças a destruir a civilização espiritual. Há muito sofrimento por parte da civilização espiritual, a energia virtual não tem dor. Isto porque somente quem um dia viveu em um corpo biológico pode saber o que é a dor. De certa forma a civilização espiritual carregou consigo a dor carnal. A energia virtual é como um emaranhado de linhas que se entrelaçam com a civilização espiritual tentando destruí-la.

Bangse dá uma pausa e continua com os dois olhos passando a mesma informação:
- Vejo que estes espíritos estão em processo de purificação, não há maldade neles, é como se todos, assim como no Kardecsismo, já tivessem vivido todas as encarnações, mas ainda não possuem uma pureza universal. Os espíritos são leves enquanto que a energia virtual determina sofrimentos que atinge desde a humanidade existente na nossa época até esses em que me encontro; ou melhor, que atinge desde o princípio da inteligência até este momento. A civilização virtual conhece toda existência da vida fisiológica inteligente. Cada detalhe em como causar a dor: a dor da perda, da solidão, a dor do corpo, a dor da mente, a dor da alma. Através de um tipo de energia pesada, enviada aos espíritos pelos virtuais, os espirituais sofrem como se estivessem encarnados na matéria. Agora sei o segredo da dor e do sofrimento esta aqui, no fim de tudo, atinge todos e a tudo em todos os tempos. Como disseminar esta dor, não se vê nada apenas sentem, não vejo aqui uma das encarnações de Cristo, não vejo nada. Somente forças e forças; forças boas que vem da civilização azul e força ruim da civilização virtual. É difícil explicar, somente aquele que presencia isto pode sentir tamanho sofrimento. Não que sinta em corpo, apenas percebo como quem ouve a um filme sem assistir, é como uma novela no rádio.

Em seguida o mesmo olho envia mensagens à frente deste tempo:
- Esperem, vejo uma imensa luz irradiante que cerca e se espalha envolvendo todos os espíritos. Mas uma vez sei que é Cristo, a tortura termina, os espíritos são envolvidos por uma espécie de ternura, de amor; os espíritos se aliviam, cessou toda energia virtual, como se ela fosse extinta. Os espíritos estão mais iluminados, sei que agora estão purificados, estão em perfeita harmonia ao lado da pequena semente que sinto ser.

Em seguida envia uma mensagem, a qual seria sua última:
- Estou chegando até o nada, não é o nada tibetano, é simplesmente não definível... É Deus!
Enquanto Bangse enviara sua mensagen seu corpo padecia. 


André chama vários médicos que se dedicavam aos cuidados de Bangse, inclusive seu fiel amigo Dr. Valério:
- Desligue todas as câmeras e os computadores ligados a transmissão de suas mensagens. Faça uma ultra-sonografia com mapeamento Doppler.


A dopplervelocimetria representa um gráfico quantitativo das velocidades e direções do fluxo das hemácias presentes na amostra escolhida de Bangse. Entretanto, os médicos mantinham um estudo cuidadoso com os sistemas cardiovascular de Bangse. Porém, a morte cerebral é fato.

Sua condição patológica intracraniana demonstrava um aumento da resistência do fluxo, que se caracteriza por redução da diástole; diástole zero ou diástole reversa, esta última caracterizando ausência de fluxo à jusante do ponto de amostragem. Valério dizia que o fluxo sangüíneo cerebral, de Bangse, era zero; repetindo varias vezes:
- Não temos mais o que fazer.

A ultra-sonografia com doppler carotídeo cervical diagnósticara uma meningite por pneumococo que evoluiu rapidamente para a morte cerebral. O doppler mostrou acentuada redução da velocidade de pico sistólico e diástole reversa na artéria carótida direita e esquerda. O doppler transcraniano mostrou ausência de fluxo nos vasos do polígono de Willis e parênquima encefálico heterogêneo, com áreas hiperecogênicas de Bangse.

Todos haviam chegado à mesma conclusão.


ÚLTIMA PARTE






Ao mesmo tempo em que tudo acontecia no universo. Desde o falecimento de Bangse, as catástrofes, as guerras, a extinção do planeta Terra, As estrelas brancas, os buracos negros, a civilização espiritual, a civilização virtual, resta apenas uma semente. Como se em uma semente do tamanho de um grão de areia estivesse contida toda a matéria do universo; Bangse conversara com Deus. Uma conversa que para o tempo de Deus, duraria toda uma eternidade; da morte de Bangse ao Big-Bem.
Momentos antes de sua não existência material e espiritual, uma dissolução total do senso do ser, Bangse passa sua última mensagem.
- Estou chegando até o nada, não é o nada tibetano, é simplesmente não definível... É Deus!

Enquanto seu corpo na terra falecia e as mensagens cessaram. Mas à conversa com Deus se iniciara. Apenas dúvidas e dúvidas de Bangse.

- Fui errado em gostar de estar só do que estar entre muitos como Dallai Lhama, Cristo e suas encarnações?
- Viver a vida internamente não impede em absoluto, Vossa vida em relação aos demais, ao contrario ela fará com que Vós assumistes uma maior consciência dos Vossos atos. Assim como Cristo disse aos seres humanos, e os dizeres estão escritos em sua bíblia na “Epístula de São Paulo aos Romanos”, versículo VI Conselhos e preceitos morais: “Todo homem esteja sujeito aos poderes superiores: porque não há poder que não venha de Deus: e os que existem foram criados e ordenados por Deus”.
- O que faz o homem na terra? – indaga Bangse.
- Em verdade Vos digo: Cada partícula, cada onda, cada átomo, tudo faz parte de mim assim como faz de você. Cada elemento tem sua inteligência, cada elemento sabe o que deve fazer para ser um elemento. Elemento no sentido de existir: Seja um músculo do corpo humano! Seja um espírito evoluído!
Seja uma luz no espaço!
Seja uma refração desta luz!
Seja um átomo!
Seja um quartz!
O homem é tudo e nada, Tu és tudo e nada!

Tu estas em tudo e não existe para o outro, enquanto que o homem existe para o outro assim com o espírito existe para o outro.

O homem é o motivo de toda existência, no final deste dialogo entenderas.

Deus da uma pausa e inicia novamente a sua fala.

- Digo, pois que não interfiro em nada, você não interfere em nada, mais ambos, somos o motivo de tudo.

- Senhor, como consigo estar aqui? – ansioso por uma resposta.

- Tu achaste na simplicidade do Código Morse um meio de comunicar-se com você.

- Tu foste apenas um pensamento por isso não se lembra quando esta junto ao seu corpo. É como um pensamento sem memória para guardá-lo.

- Como consigo me comunicar com o meu corpo? – Ainda curioso com a forma de sua comunicação com seu corpo, Bangse.

- Vós conseguistes, pois é contigo que se comunica. Em suas meditações tu adquiriste uma potencialidade num processo de cadeias especificas em que o caráter ondulatório de uma partícula tenha efeitos importantes na comunicação. Pensemos em seus cálculos, e temos como exemplo, a luz visível, que é uma onda eletromagnética com λ de mais ou menos 0,5μm. Vós precisastes considerar a interação dessa onda com objetos da ordem de, ou menor que 0,5μm para atingir ondulatórios da luz (superposição de ondas, interferência, difração etc.) cada vez mais altos. Usando a linguagem humana: se estenderia para comprimentos muito maiores que 0,5μm, podendo considerar luz simplesmente como um raio (ótica geométrica), assim, fundindo-se com ondas, elementos, até transmutar-se para seu espírito e gerar para uma substância eletromagnética que provoca movimentos em suas pálpebras. Seria um tipo de partícula livre, uma onda senoidal, progressiva. Não parece nada como a descrição de uma partícula.

- E Vosso Senhor faz isso?

- Usando a expressão Ser, sim! Entre Eu, e aquele que vocês denominam de Jesus Cristo, Tse, Hércles. Quando Me refiro à palavra Ser é para expressar a compreensão humana. Isto porque Eu não ser! Apenas contenho-Me no universo! Em cada onda, cada partícula, assim uma pedra é ser. Cristo é a luz do mundo, assim como a luz do mundo é Cristo. O sermão da montanha explica isso:

Bem aventurado os pobres de espírito: porque deles é o reino dos céus;
Bem aventurado os mansos: porque eles possuirão a terra;
Bem aventurado os que choram: porque eles serão consolados;
Bem aventurado os que têm fome, e sede de justiça: porque eles serão fartos;
Bem aventurado os misericordiosos: porque eles alcançarão misericórdia;
Bem aventurados os limpos de coração: porque eles verão a Deus.
Assim continua Deus:
Cristo está em Deus!
Com os outros homens Cristo faz através dos espíritos se desdobrando da mesma forma que Tu fizestes ao transmitir suas mensagens. Cristo faz com milhares de seres da terra e de outros planetas.
Diferentemente o que se é passado por algumas religiões na Terra, Cristo e suas reencarnações não é apenas o Governador da Terra, Ele sou Eu e Eu sou Ele.

Bangse retorna com perguntas:
- Como pude me comunicar com Hécles, Tse, Cristo e com Buda? Vosso Senhor! O que poderia me dizer de Buda?
- Tu não se comunicaste com Eles, foram Eles que se comunicaram com Você. Na dimensão do tempo terrestre Eles são mais evoluídos que Tu. Buda foi a segunda reencarnação que antecedeu a Cristo.
- Então sempre existiu o espírito? – Pergunta Bangse.
- Sim, sempre existiu tudo. Pois vós sabeis que tudo acontece eternamente de acordo com a distancia do observador. De inicio, a parede, Tu usaste como parâmetro, separando você de você. É entre Vós e a parede que tudo acontece e aconteceu no universo. Vós conhecestes a partir de Buda, porque foi na meditação de Buda que nasceu a primeira fusão do Homem com Deus.
Hécles é a reencarnação de Tse.
Tse é a reencarnação de Cristo.
Cristo é a reencarnação de Buda.


É como se fosse um circulo fechado, Tu darias eternas voltas, não tem fim, como vós constatastes: É do Big-Bang ao Big-Bang.
- Os espíritos evoluídos sabem disso? Indaga mais uma vez Bangse.
- Sim! Sabem, mas para que saber? Com tantos sofrimentos a ser rebatidos, com tantas destruições no universo o tempo todo. Ti mesmo constatai que onde a inteligência há guerras... Lutas de poder... Tanto no mundo espiritual, quanto no virtual, quanto no material... Tanto entre seres evoluídos como em seres medíocres.

- O que faz Deus? – querendo que Deus interferisse contra o sofrimento.

- Deus é o equilíbrio. É no equilíbrio que tudo existe.

- Vosso Senhor me permite uma observação: há uma contradição: Deus não é o nada?

Deus utilizando uma linguagem tibetana:

- Sim, em uma balança em que os dois lados estejam iguais, para que se mantenha o equilíbrio, não se pode colocar nada em nenhum dos lados.

- E quando um dos lados estiver mais pesado? – Bangse sabiamente pergunta.

- Qual lado é o mais pesado em um círculo totalmente proporcional?

- O lado maior. – responde Bangse

- Aí, nasce o Big-Bang, que deu origem a sua existência.

Da energia espiritual e virtual dos finais do tempo que você presenciou até a explosão cósmica que gerou a todos e a tudo.

Em outras palavras: a fusão do nada com a matéria, com a semente que gerou o Big-Bang.

Vós fostes o primeiro a atravessar a parede, se afastando do presente para o passado...

Do passado para o futuro...

Do futuro atravessastes a parede e chegastes novamente até vós.

- Existem outros Deuses?

- Não! Existem outros Budas, outros Cristos, outros Tses, outros Hécles.

- Vosso Senhor não disse que nasceu em Buda?

- Na terra sim.

- Há um erro: então existe uma construção, ou nascimento de outros Deuses em outros planetas, constelações, etc?

- Assim como Cristo está em todos, todos estão em Deus. Utilizando novamente uma linguagem tibetana: em uma árvore Cristo é um dos troncos.

- Então, Vosso Senhor seria a raiz!

- A raiz está em tudo?

Onde está a terra que sustenta a raiz?

Onde está a chuva que molha a terra?

Onde está o sol que faz com que a árvore faça fotossíntese?

Um depende do outro para existir, aqui está o equilíbrio.

Sem tudo não existiria o nada!

- As folhas são as pessoas?

- Não! As folhas são os sistemas solares, que eternamente caem e se renovam. A árvore libera outras sementes que geram mais folhas e mais sementes, num eterno ciclo.

- E Eu o que sou? – sentindo-se privilegiado de conversar com Deus.

- No final de nosso diálogo entenderás!

- Mas Senhor, dizia-Me que não Somos nada. O nada que não modifica e não interfere!

- Tu esquecesses que entre o nada tinha o Buda.

- Não existiu uma primeira vez em que tudo começou, em que toda existência universal aconteceu?

- Tudo acontece eternamente.

- Repetidamente? – Bangse quer ouvir de Deus a resposta daquilo que achava ser a verdade.

- Não! A existência universal não se repete o Big-Bang sim. Imagine infinitos círculos em que todos se interligam, porém, estão sempre em movimento. Imagine as folhas que se renovam a cada dia da primavera.

Tu presenciaste apenas toda a existência em um dos círculos.

Cristo em suas encarnações procura cada vez mais melhorar a existência para todos os seres vivos, materiais ou espirituais.

Tse procurou retornar os ensinamentos de Cristo e mostrar que ele existira.

Hécles fez com que os humanos fossem salvos; resgatando espíritos que viriam a pertencer a civilização espiritual.

Assim Vos Digo que: Vós apenas circulais do Big-Bang ao Big-Bang em teu círculo.

Em algum momento da existência Buda fundiu através da meditação os círculos ocorrendo o que Vós chamais de Deus. É como se para a árvore crescer e gerar folhas necessitaria da água na semente, Buda é a água.

- Num paradoxo, em um extremo do círculo tem-se o nada e no outro a matéria, a semente.

- E Cristo? – referindo-se ao motivo da existência de Cristo.

- Cristo e suas encarnações circulam eternamente todos os círculos. Cristo é a árvore, é a água, é a raiz, é a Semente, é o eterno.

- O que é o Eterno?

- O Eterno é o Tudo, é o Nada, é Deus, é Cristo, é a semente.

Deus, pergunta a Bangse:

- Poderia vos fazei uma pergunta?

- Sim. – responde Bangse.

- Por que Vós deixastes a oportunidade de viver materialmente uma de suas encarnações na Terra?

- Eu não sei!

- É porque Buda reencarnou de você.

Na arvore Tu és a semente.

Vós seríeis a necessidades do acaso.

Deus é a necessidade!

Vós seríeis o acaso.

Vós sois o primeiro.

Tu antecedes a reencarnação de Buda. Buda originou Deus.

Sua reencarnação de Cristo originou a reencarnação de Deus.

Em Sua reencarnação de Tse, revelastes aos seres a importância de Deus.

Em Sua reencarnação de Hécles trouxestes novamente a vida, salvastes as almas desamparadas e perdidas.

Sua primeira encarnação de Bangse originou a semente, o Big-Bang.

Num círculo não há começo, o começo pode estar em qualquer lugar.

Em verdade vos digo: Tu és o segredo da realização humana.

- Tu és a origem do universo!

Ocorre a grande explosão e...

Tudo acontece novamente em vários locais do espaço de acordo com a distância do observador.